Cristãos afegãos deixados para trás serão 'alvos' do Talibã, diz grupo de direitos humanos

Segundo a ADF, os grupos minoritários precisam de proteção, em especial cerca de 10 mil cristãos. “São considerados criminosos por abandonar o islã”.

Fonte: Guiame, com informações de Christian PostAtualizado: terça-feira, 31 de agosto de 2021 às 13:18
Combatentes do Talibã na província de Bactro e em outros lugares têm avançado rapidamente. (Foto: BBC)
Combatentes do Talibã na província de Bactro e em outros lugares têm avançado rapidamente. (Foto: BBC)

Segundo a ADF (Alliance Defending Freedom), um grupo de direitos humanos, a comunidade internacional precisa lidar com a “terrível situação” das comunidades religiosas minoritárias no Afeganistão.

Embora seja muito difícil saber, em números, quantos afegãos seguem a Cristo, o grupo estima que haja cerca de 10 mil, que agora estão “em extremo risco de serem transformados em alvos de violência mortal”.

“Eles também precisam ser evacuados”, alertou a ADF. No Afeganistão, se converter do islamismo para qualquer outra religião é considerado um crime punível com a morte, de acordo com a Sharia (lei islâmica). 

Giorgio Mazzoli, oficial jurídico que representa a ADF Internacional nas Nações Unidas, compartilhou que a questão sobre a perseguição aos cristãos foi discutida durante a 31ª Sessão Especial do Conselho de Direitos Humanos no Afeganistão.

Ele declarou durante a sessão que os grupos minoritários precisam de proteção.  “Entre as comunidades em risco estão cerca de 10 mil cristãos, muitos dos quais são 'culpados' de conversão do Islã”, apontou.

Relatos de assassinatos

Segundo Mazzoli, há relatos perturbadores de assassinatos, assédio e intimidação contra os cristãos. “Exortamos os Estados e a comunidade internacional a dar a máxima atenção a essas minorias perseguidas e a garantir as condições para sua saída rápida e segura do país, independentemente de terem documentos de viagem válidos”, disse.

Após a retirada das tropas americanas no Afeganistão, o Talibã rapidamente assumiu o controle de grande parte do país, eventualmente tomando a capital Cabul, no início deste mês, e forçando o governo a fugir. 

Em resposta à velocidade inesperada com que retomaram a nação, dezenas de milhares de americanos, aliados afegãos e outros tentaram desesperadamente deixar o país.

Na quinta-feira passada, um atentado suicida do lado de fora do Aeroporto Internacional Hamid Karzai, em Cabul, matou 10 fuzileiros navais dos EUA, dois soldados do Exército e um oficial da Marinha, além de 170 civis, a maioria aguardando sua evacuação.

Em resposta, os militares dos EUA mataram dois terroristas de alto perfil do ISIS-K — um “planejador” e um “facilitador” em um ataque de drones no Afeganistão. 

Até sábado, 117 mil pessoas foram evacuadas do Afeganistão, a maioria afegãs, disse o major-general do Exército, William Taylor, acrescentando que o número inclui 5.400 cidadãos americanos, mais de 300 dos quais foram evacuados desde o ataque a Cabul.

A ADF Internacional disse que aplaude os esforços para evacuar e reassentar pessoas vulneráveis ​​e exorta todas as partes a garantir sua passagem segura para fora do país. Mas há uma necessidade de resgatar, evacuar e reassentar até mesmo aqueles que agora estão em maior risco de severa perseguição no Afeganistão, disse.

“Nós nos juntamos ao apelo aos governos para suspender temporariamente as deportações para o Afeganistão e reconsiderar os pedidos de requerentes de asilo afegãos rejeitados, temendo perseguição por causa de sua fé ou crenças”, conclui Mazzoli.

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