Sergio Renato de Mello, defensor público de Santa Catarina, colunista do Jornal da Cidade Online e Instituto Burke Conservador, autor de obras jurídicas, cristão membro da Igreja Universal do Reino de Deus.

Sergio Renato de Mello

Jogo no Google para ver o que falam do filme &ldquo;Miss&atilde;o imposs&iacute;vel &ndash; o acerto final&rdquo;, com Tom Cruise, e o que vejo, a primeira coisa, sen&atilde;o um di&aacute;logo muito bem articulado, engenhoso e sofisticado de intelig&ecirc;ncia artificial para intelig&ecirc;ncia artificial. E quando me refiro &agrave; intelig&ecirc;ncia artificial, n&atilde;o estou me referindo apenas &agrave; intelig&ecirc;ncia das m&aacute;quinas&hellip;
O filme poderia representar, num primeiro momento com uma superprodu&ccedil;&atilde;o cinematogr&aacute;fica computadorizada, aquilo que Max Weber chamou de &ldquo;desencantamento do mundo&rdquo; (a ci&ecirc;ncia, uma mecaniza&ccedil;&atilde;o da vida, a raz&atilde;o e a l&oacute;gica atropelando coisas elevadas como a sensibilidade da f&eacute; e de valores e a exist&ecirc;ncia do ser). Mas depois vem o esclarecimento de si mesmo. Enfim, a li&ccedil;&atilde;o n&atilde;o &ldquo;d&aacute; entidade&rdquo; mas &ldquo;na entidade&rdquo;.
Eu queria ser um entrevistador chato que pergunta na sa&iacute;da do cinema o que o filme passou de li&ccedil;&atilde;o. Chav&otilde;es como o absurdo da guerra e da busca desenfreada por poder, claro, acredito e tor&ccedil;o que seriam inevit&aacute;veis. Mas, agora, e o pensamento fraco e o esquecimento do ser? Ser&aacute; que lembrariam de dizer que lembraram da liberdade, regimes de liberdade versus regimes opressores (conflito entre os EUA e R&uacute;ssia), que a entidade &eacute;, acima de uma intelig&ecirc;ncia artificial, um esp&iacute;rito objetivo que domina a mente humana por poder, que Deus est&aacute; acima de qualquer decis&atilde;o humana sobre o destino da uma cidade ou de uma humanidade, que o poder est&aacute; verdadeiramente com aqueles que n&atilde;o o buscam, ou seja, com os humildes (Tom Cruise, no filme, foi o escolhido para resgatar num submarino afundado e arriscando sua vida uma pe&ccedil;a mec&acirc;nica que se juntaria &agrave; outra para impedir o triunfo da entidade de dominar os seres humanos). E, na cena final, saiu com a pe&ccedil;a no bolso.
Os entrevistados assistiram ao filme com os olhos da f&eacute; e do sentimento, com o cora&ccedil;&atilde;o, ou simplesmente o analisaram como um jogo articulado de cenas e de cores contando com um consagrado ator hollywoodiano para garantir de vez que o que estavam assistindo valia mesmo &agrave; pena os quarenta reais investidos?
E cada um seguiu suas vidas como se nada de anormal tivesse acontecido. No filme e na sa&iacute;da do cinema? Tomara que s&oacute; no filme. Alguma li&ccedil;&atilde;o mais profunda alguma outra entidade que n&atilde;o a artificial (Deus) deve ter passado, n&atilde;o &eacute; poss&iacute;vel! Ser&aacute; que &eacute; t&atilde;o imposs&iacute;vel assim uma miss&atilde;o t&atilde;o nobre em nossos dias desencantados e artificiais?
Como diz Max Weber em II lavoro intellettuale come professione, &ldquo;J&aacute; n&atilde;o &eacute; preciso recorrer &agrave; magia para dominar ou para agradar os esp&iacute;ritos, como faz o selvagem, para o qual existem semelhantes poderes. Isso &eacute; suprido pela raz&atilde;o e pelos meios t&eacute;cnicos&rdquo;.
Deus est&aacute; nos detalhes, e eles n&atilde;o s&atilde;o cinematogr&aacute;ficos. Apreendidos espiritualmente, eles &eacute; que d&atilde;o o colorido e o sabor &agrave;s produ&ccedil;&otilde;es intelectuais e art&iacute;sticas.
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Sergio Renato de Mello &eacute; defensor p&uacute;blico de Santa Catarina, membro da Igreja Universal do Reino de Deus e autor de obras jur&iacute;dicas e dos seguintes livros: Fenomenologia de Jornal, O que n&atilde;o est&aacute; na m&iacute;dia est&aacute; no mundo e Voltaram de Siracusa.
* O conte&uacute;do do texto acima &eacute; uma colabora&ccedil;&atilde;o volunt&aacute;ria, de total responsabilidade do autor e n&atilde;o reflete necessariamente a opini&atilde;o do Portal Guiame.
Leia o artigo anterior: <a style="color: #800000;" href="https://guiame.com.br/colunistas/sergio-renato-de-mello/uma-sessao-de-descarrego-prova-mais-do-que-o-curso-de-leandro-karnal.html">Uma sess&atilde;o de descarrego prova mais do que o curso de Leandro Karnal</a>

Será que é tão impossível assim uma missão tão nobre em nossos dias desencantados e artificiais?



Quem conseguiu ver Deus no filme “Missão impossível”?

Leandro Karnal explicando o dom de l&iacute;nguas no seu curso &ldquo;B&iacute;blia com Karnal&rdquo; &eacute; prof&eacute;tico. De fato, nada que j&aacute; n&atilde;o tenha sido revelado pela pr&oacute;pria Escritura a respeito de esp&iacute;ritos enganadores.
Em defesa da ci&ecirc;ncia, tenta emplacar em v&iacute;deo no YouTube que l&iacute;nguas estranhas s&atilde;o apenas aquelas faladas em alguma nacionalidade j&aacute; conhecida, n&atilde;o um embaralhado de letras e sons indiscern&iacute;veis por pessoas n&atilde;o crentes, gente como ele, de finita f&eacute; cujo tamanho n&atilde;o chega a um mil&eacute;simo de um gr&atilde;o de mostarda.
Deus fala como, quando, com quem e da forma que quiser. Em 1 Cor&iacute;ntios 14:2 est&aacute; escrito: &ldquo;Porque o que fala em l&iacute;ngua desconhecida n&atilde;o fala aos homens, sen&atilde;o a Deus; porque ningu&eacute;m o entende, e em esp&iacute;rito fala mist&eacute;rios.&rdquo; &Eacute; certo que esta passagem b&iacute;blica se refere ao dom de l&iacute;nguas diretamente de quem fala com Deus, n&atilde;o sendo relacionada a um coletivo de pessoas. Mas isso pouco interessa para o que eu pretendo expor aqui.
Melhor seria, mais adequado, ent&atilde;o que o t&iacute;tulo do curso fosse &ldquo;B&iacute;blia carnal&rdquo;.
Tem picaretas espirituais, enganadores, inclusive mirins, sim, como ele diz em v&iacute;deo no YouTube sobre seu curso. A boa parte do seu curso e que merece cr&eacute;dito &eacute; esta que n&atilde;o foi falada, estando nele impl&iacute;cita.
O que Karnal quer tentando ensinar exegese b&iacute;blica aos seus seguidores?
Karnal tem uma vantagem nessa sua empreitada cient&iacute;fico-interpretativa. A universidade ter perdido o dom de julgamentos. Tudo o que vem da academia &eacute; uma esp&eacute;cie de nova luz &ldquo;divina&rdquo; substitutiva da f&eacute;. L&aacute; dentro desse ambiente racionalista, exageraram na dose do &ldquo;n&atilde;o julgueis para n&atilde;o ser julgado&rdquo;. Agora, esses que n&atilde;o julgaram por miseric&oacute;rdia est&atilde;o sendo julgados. N&atilde;o s&oacute; eles como todos n&oacute;s que sentimos uma n&aacute;usea com afrontas &agrave; f&eacute; pelo cientificismo.
Mas as pessoas do mundo real, de carne e osso, pessoas reais num mundo real, ainda n&atilde;o foram atingidas por doutrinas mais do que estranhas e que tentam se passar de cient&iacute;ficas, mas que na verdade s&atilde;o religiosas. Seres humanos ainda n&atilde;o forjados sentem que algo est&aacute; errado e isso &eacute; o que basta contra explica&ccedil;&otilde;es secularizadas que contaminam a verdade b&iacute;blica. A lei do certo e do errado dentro de cada um.
Sim, o mundo est&aacute; mais do que estranho. Est&aacute; c&iacute;nico, vulgar, desvalorizado, desencantado, ca&oacute;tico e, ainda, pat&eacute;tico.
O padre Fabio de Melo, quando em Joinville, minha cidade catarinense, postou v&iacute;deo na internet denunciando mal atendimento num determinado caf&eacute; no Shopping Mueller.
&Eacute; padre dando pitacos em direito do consumidor, &eacute; historiador explicando dom de l&iacute;nguas e tentando desmistificar a Arca de No&eacute;, &eacute; juiz expondo a pr&oacute;pria privacidade na internet. Um m&iacute;nimo de ordem requer que cada um fique no seu pr&oacute;prio quadrado, um tipo de pensamento laico aplicado a tudo que diz respeito &agrave; vida em sociedade.
A ci&ecirc;ncia &eacute; dom de Deus, mas a f&eacute; tamb&eacute;m &eacute;. A f&eacute; &eacute; o ponto de partida da ci&ecirc;ncia. &Eacute; a f&eacute; que gera a ci&ecirc;ncia, n&atilde;o a ci&ecirc;ncia que gera a f&eacute;. N&atilde;o existiria ci&ecirc;ncia sem Deus, o Criador incriado.
Pela f&eacute; cremos em coisas loucas do alto incompreens&iacute;veis pela raz&atilde;o cient&iacute;fica.
Isso porque credo quia absurdum e credo ut inteligam. S&oacute; se cr&ecirc; em absurdos.
A prop&oacute;sito, como disse Tertuliano no s&eacute;culo II: &ldquo;O Filho de Deus foi crucificado; n&atilde;o &eacute; vergonhoso porque poderia s&ecirc;-lo. O Filho de Deus morreu; &eacute; cr&iacute;vel porque inconceb&iacute;vel; Sepultado, ressuscitou, &eacute; indubit&aacute;vel porque imposs&iacute;vel.&rdquo; (De carne Christi).
E Anselmo, s&eacute;culo XI, ensinou que nada se entende sem a f&eacute;. Disse ele que &eacute; pr&oacute;prio do pregui&ccedil;oso n&atilde;o querer entender e demonstrar aquilo em que cr&ecirc;. Ou seja, o cientista tem pregui&ccedil;a de entender e vai logo tentando convencer com demonstra&ccedil;&otilde;es.
A passagem do normal para o anormal, do normal para o louco, na linguagem de hoje &ldquo;surreal&rdquo;, &eacute; o evento natural e inevit&aacute;vel da morte, pois todos morrem, mas quando se refere a Jesus. O pr&oacute;prio Filho de Deus morrer &eacute; cr&iacute;vel porque somente com f&eacute; se pode entender e aceitar. J&aacute; a ressuscita&ccedil;&atilde;o se torna fora de d&uacute;vida porque, pela f&eacute;, &eacute; imposs&iacute;vel algu&eacute;m voltar a viver.
Uma sess&atilde;o de descarrego na Igreja Universal &eacute; a s&iacute;ntese de tudo, sintetiza um debate entre um fil&oacute;sofo, um crist&atilde;o e um judeu. Em mat&eacute;ria de f&eacute; mais vale a confiss&atilde;o de um dem&ocirc;nio do que qualquer tentativa de prova cient&iacute;fica, como o curso b&iacute;blico de Karnal.
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Sergio Renato de Mello &eacute; defensor p&uacute;blico de Santa Catarina, membro da Igreja Universal do Reino de Deus e autor de obras jur&iacute;dicas e dos seguintes livros: Fenomenologia de Jornal, O que n&atilde;o est&aacute; na m&iacute;dia est&aacute; no mundo e Voltaram de Siracusa.
* O conte&uacute;do do texto acima &eacute; uma colabora&ccedil;&atilde;o volunt&aacute;ria, de total responsabilidade do autor e n&atilde;o reflete necessariamente a opini&atilde;o do Portal Guiame.
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Pela fé cremos em coisas loucas do alto incompreensíveis pela razão científica. 

Uma sessão de descarrego prova mais do que o curso de Leandro Karnal

O que viver de f&eacute; em f&eacute; tem a ver com o otimismo, que, se n&atilde;o dosado com equil&iacute;brio, pode ser um problema.
A Escritura Sagrada traz uma frase conhecid&iacute;ssima, apesar de n&atilde;o muito bem pensada e interpretada. Existem outros mandamentos divinos na B&iacute;blia Sagrada que s&atilde;o considerados mais importantes. Por&eacute;m, n&atilde;o vejo com estes olhos. Qualquer previs&atilde;o b&iacute;blica, determina&ccedil;&atilde;o sagrada, tem o seu valor igual.
O que &eacute; viver de f&eacute; em f&eacute;, como diz a B&iacute;blia? Por que Deus n&atilde;o falou para vivermos de fracasso em fracasso, se o fracasso ensina at&eacute; mais do que o sucesso? Bons conselheiros, antes de serem agora bem-sucedidos, foram fracassados, sendo agora ex-fracassados que deram a voltar por cima. Dizem que conselho bom &eacute; o vendido.
Tem coaching que vende conselho, est&aacute; ficando rico com isso. O que falta nesses &ldquo;conselheiros&rdquo; &eacute; o objetivo divino do fracasso e o fim &uacute;ltimo do sucesso, que n&atilde;o ser&aacute; enterrado com quem ganhou o mundo sem esta vis&atilde;o de Deus para coisas meramente terrenas.
Parece complicada a resposta a respeito do que &eacute; viver de f&eacute; em f&eacute;, mas &eacute; simples: &eacute; n&atilde;o viver de d&uacute;vida em d&uacute;vida. Trocando por mais simplicidade, &eacute; deixar o sentimentalismo de lado, o &iacute;mpeto, a ansiedade de querer dar um passo sem a certeza subjetiva da f&eacute;.
Uma frase conhecida de Chesterton j&aacute; enunciava que um homem s&atilde;o &eacute; aquele que tem a trag&eacute;dia em seu cora&ccedil;&atilde;o e a com&eacute;dia em sua cabe&ccedil;a. Parece complicado entender, n&atilde;o &eacute;? Vou tentar explicar em um par&aacute;grafo.
Os gregos sobreviviam buscando verdades at&eacute; sofr&iacute;veis, duras, penosas, diferente de hoje, quando, num relativismo maligno, ningu&eacute;m mais quer saber de conhecer a realidade como ela &eacute; ou acha que a verdade n&atilde;o existe. Como eles faziam para se escapar da depress&atilde;o? Pergunto porque a verdade da vida e o gosto amargo do conhecimento causa decep&ccedil;&atilde;o e ang&uacute;stia a quem se deixa levar por estes sentimentos.
O conceito de bem-aventuran&ccedil;a &eacute; o contr&aacute;rio de uma vida assim angustiante, embora a verdade liberta e &eacute; sempre e sempre necess&aacute;ria.
Ent&atilde;o, voltando &agrave; pergunta, como os gregos faziam para viverem bem-aventurados? Nietzsche, sim, ele mesmo, Nietzsche, o que anunciou que Deus estava morto, e Chesterton, o grande que dispensa coment&aacute;rios, responderam cada um ao seu modo interpretando a vida dos gregos. S&atilde;os s&atilde;o os que controlam o esp&iacute;rito apol&iacute;neo da trag&eacute;dia (ang&uacute;stia) pelo cora&ccedil;&atilde;o e o esp&iacute;rito dionis&iacute;aco (com&eacute;dia) &eacute; dominado pela cabe&ccedil;a (pois, assim, n&atilde;o h&aacute; riscos de overdoses de entusiasmos, de sentimentalismos).
Homem s&atilde;o &eacute; aquele que n&atilde;o vive de d&uacute;vida em d&uacute;vida, e sim de f&eacute; em f&eacute;. Seremos bem-aventurados se acreditarmos que vivendo com os p&eacute;s no ch&atilde;o e esperando o tempo que temos que esperar teremos um futuro aben&ccedil;oado. E isso pouco importando o tempo que demore para chegar onde queremos chegar.
Se est&aacute; em d&uacute;vida n&atilde;o fa&ccedil;a, n&atilde;o fale, n&atilde;o aja. Se est&aacute; em d&uacute;vida n&atilde;o se case, n&atilde;o fa&ccedil;a aquela faculdade, n&atilde;o se mude de cidade, n&atilde;o abra a empresa, n&atilde;o tenha filhos, n&atilde;o vote em determinado candidato, etc., etc., e etc.
A d&uacute;vida &eacute; inimiga da certeza e, por isso, amiga do diabo. Ela chega a revelar at&eacute; o car&aacute;ter de quem n&atilde;o sabe decidir pelo &ldquo;sim, sim; n&atilde;o, n&atilde;o&rdquo;. O que est&aacute; entre o sim e o n&atilde;o, o meio-termo, pertence ao maligno. Descarte-o!
Uma certa dose de otimismo &eacute; sempre bom, &eacute; necess&aacute;rio. Mas pessoas otimistas demais costumam ser desastrosas quando agem por impulso. Governos desastrosos e perigosos s&atilde;o aqueles que colocam o otimismo acima de qualquer coisa, tanto no momento de conquistar o voto do eleitor, prometendo coisas imposs&iacute;veis (e tem tolo que cai!), quanto ao depois na pr&aacute;tica durante o mandato. Governos assim planejam um novo homem e uma nova sociedade acreditando em teorias anticrist&atilde;s que sa&iacute;ram da universidade e foram parar diretamente ou nas tribunas dos congressos legislativos ou na caneta dos ju&iacute;zes e, pior ainda, no cora&ccedil;&atilde;o das pessoas sem que elas percebam (efeito moral) e agindo para implanta&ccedil;&atilde;o de tais teorias, quando o certo seria, em nome da prud&ecirc;ncia, engavetar determinadas pol&iacute;ticas p&uacute;blicas para que, se for o caso, elas venham em um futuro (que pode ser incerto e indefinido). Eu particularmente n&atilde;o tenho comunh&atilde;o com esse tipo de gente. Elas s&atilde;o otimistas demais.
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Sergio Renato de Mello &eacute; defensor p&uacute;blico de Santa Catarina, membro da Igreja Universal do Reino de Deus e autor de obras jur&iacute;dicas e dos seguintes livros: Fenomenologia de Jornal, O que n&atilde;o est&aacute; na m&iacute;dia est&aacute; no mundo e Voltaram de Siracusa.
* O conte&uacute;do do texto acima &eacute; uma colabora&ccedil;&atilde;o volunt&aacute;ria, de total responsabilidade do autor e n&atilde;o reflete necessariamente a opini&atilde;o do Portal Guiame.
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Homem são é aquele que não vive de dúvida em dúvida, e sim de fé em fé.

Viver de fé em fé

Um pastor evang&eacute;lico de quinze anos de idade viraliza na internet por suas prega&ccedil;&otilde;es para l&aacute; de carism&aacute;ticas ou pentecostais. As m&iacute;dias passam que ele n&atilde;o para de falar em l&iacute;nguas estranhas e &eacute; traduzido por outro pastor. Como tudo no Brasil da internet vira meme o garoto prod&iacute;gio n&atilde;o ficou de fora. Virou piada.
Ainda sobre o garoto, foi noticiado que ele foi proibido pelos pr&oacute;prios pais de pregar. A mudan&ccedil;a vem em meio a diversas cr&iacute;ticas que o mission&aacute;rio tem recebido nas redes sociais. Ele virou alvo de amea&ccedil;as ap&oacute;s trechos de suas prega&ccedil;&otilde;es viralizarem na internet. Com 1,2 milh&atilde;o de seguidores no Instagram, o adolescente tem sido chamado de &ldquo;anticristo&rdquo;, &ldquo;herege&rdquo; e &ldquo;profeta do dem&ocirc;nio&rdquo;.
Quem n&atilde;o conhece a l&iacute;ngua dos anjos obviamente coloca o garoto no mesmo saco dos picaretas espirituais. A quest&atilde;o &eacute; saber se ele exagera ou n&atilde;o, se &eacute; vaidade ou n&atilde;o, se &eacute; do esp&iacute;rito ou n&atilde;o. Os frutos pessoais dizem mais do que a cantoria e o falat&oacute;rio alien&iacute;gena na igreja. Como n&atilde;o o conhe&ccedil;o n&atilde;o o julgo (n&atilde;o desconsiderando, claro, ao contr&aacute;rio do que pretendia o Papa Francisco, que ele deve ser, sim, julgado).
Mas o meu objetivo agora n&atilde;o &eacute; tratar das coisas do esp&iacute;rito que ocorrem dentro das igrejas nem fora delas. &Eacute; tratar de sabedoria (que n&atilde;o deixa de ser, tamb&eacute;m, um fruto espiritual). Como diz aquele famoso livro A arte do s&aacute;bio, o s&aacute;bio &eacute; um artista quando consegue ficar quieto quando precisa. Por&eacute;m, no caso, os celulares dos internautas desagradam a tal da democracia do stf, ent&atilde;o &eacute; momento de abrir a boca, coloc&aacute;-la no trombone.
O saturamento da internet com tantas bobagens elevadas ao ponto de novas &ldquo;sabedorias&rdquo;, intelig&ecirc;ncias emocionais, di&aacute;logo puramente racional com m&aacute;quinas, intelectualiza&ccedil;&atilde;o do mundo conhec&iacute;vel e perda da sensibilidade do cora&ccedil;&atilde;o. Max Weber explica bem esse sintoma, com o termo cunhado por Weber, que a esquerda diria que &eacute; culpa do capitalismo (assim como O livro negro do comunismo tem o seu primo pobre, O livro negro do capitalismo, o desencantamento trazido por Weber tamb&eacute;m tem o seu invejoso preferido, o desencantamento de Pierre Bourdieu).
Na verdade Rousseau j&aacute; havia predito um Iluminismo do cora&ccedil;&atilde;o que aliviasse a carga racional do pensamento puro. Mas n&atilde;o era para dar outra, n&atilde;o deu muito certo. Jesus avisou que dever&iacute;amos ser acima de tudo espirituais. Quem avisa amigo &eacute; (Jesus foi mais do que amigo, foi e continua sendo advogado, nosso assessor para erros). Hoje pagamos o pre&ccedil;o do fetiche pela t&eacute;cnica, a t&eacute;cnica pela t&eacute;cnica. T&eacute;cnica sem esp&iacute;rito &eacute; a mesma coisa que sexo sem amor, m&uacute;sica sem sentimento.
Mas nem tudo est&aacute; perdido. Quem joga tudo na &ldquo;desinforma&ccedil;&atilde;o&rdquo;, como o STF e seu manifesto do &ldquo;mal do s&eacute;culo&rdquo; (isso mesmo, est&atilde;o falando que o mal do s&eacute;culo &eacute; a desinforma&ccedil;&atilde;o), ainda n&atilde;o pegou literalmente o esp&iacute;rito da coisa. Uma comitiva brasileira de vinte pessoas do governo, que foi a Roma se despedir do Papa Francisco, paga com o dinheiro suado dos brasileiros, prova que uma elite burocr&aacute;tica precisa de ajuda espiritual.
Tem uma coisa boa no uso do celular al&eacute;m dos contatinhos, fotinhos, aplicativos de jogos, o besteirol todo que faz literalmente perder tempo e se perder: a sabedoria dos memes. No caso do Brasil, eles simbolizam o sentimento de um povo. Trocar o verde e amarelo da camisa da sele&ccedil;&atilde;o brasileira de futebol por vermelho foi motivo de piada na internet, e piada de bom gosto, de gente que sabe o que fala. Por vezes, uma elite que se autodenomina messi&acirc;nica e acha-se tutora dos interesses privados n&atilde;o percebe a vontade dos seus mandantes. Deveria n&atilde;o s&oacute; pelo alto custo no bolso dos contribuintes.
A ficha n&atilde;o caiu ainda para os &lsquo;defensores da democracia&rsquo;. Tem tudo para ser inveja de quem usa celular, mas n&atilde;o dos celulares nem do jeito que eles sabem usar. Queriam um pouco da sabedoria dos seus usu&aacute;rios.
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Sergio Renato de Mello &eacute; defensor p&uacute;blico de Santa Catarina, membro da Igreja Universal do Reino de Deus e autor de obras jur&iacute;dicas e dos seguintes livros: Fenomenologia de Jornal, O que n&atilde;o est&aacute; na m&iacute;dia est&aacute; no mundo e Voltaram de Siracusa.
* O conte&uacute;do do texto acima &eacute; uma colabora&ccedil;&atilde;o volunt&aacute;ria, de total responsabilidade do autor e n&atilde;o reflete necessariamente a opini&atilde;o do Portal Guiame.
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Tem uma coisa boa no uso do celular além dos contatinhos, fotinhos, aplicativos de jogos, o besteirol todo que faz literalmente perder tempo e se perder: a sabedoria dos memes.

Nem tudo está perdido

Um texto jogado num grupo de WhatsApp foi corajoso e sincero (e alguns diriam realista), ao mostrar o quanto a espiritualidade brasileira n&atilde;o anda l&aacute; grandes coisas quando o assunto &eacute; f&eacute;. Na verdade, nem d&aacute; para dizer que se trata de f&eacute; mesmo.
N&atilde;o sou muito de confiar em textos de WhatsApp. Se com rela&ccedil;&atilde;o ao jornalismo brasileiro temos que ter prud&ecirc;ncia, o que diremos ent&atilde;o a mensagens de WhatsApp?
Mas eis o texto:
A PARTIDA DA CARRETA FURAC&Atilde;O.
Neste exato momento, uma prociss&atilde;o de tolos, oportunistas e canalhas se organiza para cruzar o Atl&acirc;ntico. N&atilde;o por f&eacute;. N&atilde;o por devo&ccedil;&atilde;o. Mas para posar diante do mundo como grandes estadistas diante do t&uacute;mulo de um Papa. Um Papa que nunca representou a f&eacute; deles &mdash; nem eles a f&eacute; de ningu&eacute;m.
Liderando essa trupe est&aacute; Luiz In&aacute;cio Lula da Silva, o homem mais mencionado em esc&acirc;ndalos de corrup&ccedil;&atilde;o na hist&oacute;ria recente do planeta. O &ldquo;guia espiritual&rdquo; da comitiva &eacute; Janja da Silva, a nova face do populismo selfie, pronta para transformar o luto em espet&aacute;culo.
&Eacute; a Carreta Furac&atilde;o diplom&aacute;tica, o circo oficial do Brasil, desfilando pelas ruas de Roma. V&atilde;o ao funeral como se fosse um festival. V&atilde;o porque a m&iacute;dia est&aacute; l&aacute;. Porque as c&acirc;meras est&atilde;o ligadas. Porque &eacute; mais uma chance de aparecer &mdash; e n&atilde;o de prestar respeito.
Prepare-se, Vaticano: o show da hipocrisia brasileira est&aacute; chegando.
A carreta mencionada no texto acima referido &eacute; a comitiva de pol&iacute;ticos e autoridades brasileiras que re&uacute;ne Lu&iacute;s Roberto Barroso, ministro do Supremo Tribunal Federal, o Presidente da Rep&uacute;blica Luiz In&aacute;cio Lula da Silva, Janja, sua esposa, outros pol&iacute;ticos engajados, e assessores. Tudo vermelho. Se eu fosse julg&aacute;-los politicamente diria que eles s&atilde;o &ldquo;50 tons de vermelho&rdquo;. Vermelho quer dizer &ldquo;comunista&rdquo;, &ldquo;socialista&rdquo;, ou nem um nem outro, mas que flerta com as ideologias que os comunistas e os socialistas carregam como bandeira pol&iacute;tica. Eles foram em comitiva vermelha no sepultamento do Papa Francisco, em Roma, que faleceu semana passada.
Essa viagem &agrave; Bas&iacute;lica de S&atilde;o Pedro, lugar da despedida do Papa, s&oacute; pode ter sido ideia do ministro Barroso. Aquele mesmo, o que se diz iluminado, quem defende a coca&iacute;na (leiam seu Sem data venia), quem votou pela soltura antecipada de presos em celas insalubres como forma de indeniz&aacute;-los, quem fala que a desinforma&ccedil;&atilde;o &eacute; o mal do s&eacute;culo, que agora em resposta &agrave; The economist negou ter dito &ldquo;Derrotamos o bolsonarismo&rdquo; (digitem no Google e aparecer&aacute; ele mesmo fazendo a prova de sua desenganada contraprova).
N&atilde;o precisando fazer muito esfor&ccedil;o, fazer aquela &ldquo;segunda navega&ccedil;&atilde;o&rdquo; como dizia Plat&atilde;o se referindo ao pensamento profundo (o pensamento forte em contraposi&ccedil;&atilde;o &agrave; teoria do pensamento fraco de Vattimo), fui buscar no dicion&aacute;rio de filosofia uma explica&ccedil;&atilde;o para esta viagem, esse gasto com o dinheiro p&uacute;blico, com o meu, com o seu, com o nosso dinheiro, dinheiro de contribuinte.
Os pol&iacute;ticos brasileiros da comitiva ao Vaticano provam que n&atilde;o est&atilde;o no mesmo esp&iacute;rito do povo brasileiro. O que eles buscam, se &eacute; que o buscam de todo o cora&ccedil;&atilde;o? Quase todos eles s&atilde;o ateus (o ministro Andr&eacute; Mendon&ccedil;a &eacute; at&eacute; pastor evang&eacute;lico e n&atilde;o fez parte da comitiva). Vamos ent&atilde;o arriscar palpites.
Buscando conceitos no dicion&aacute;rio filos&oacute;fico, vamos pensar grande. Que tal o conceito de &ldquo;macro&eacute;tica&rdquo;? A fam&iacute;lia e os valores morais de cada um e de cada lugar e que s&atilde;o tradicionais deve ser superado por uma fam&iacute;lia e por valores totais globais? Uma religi&atilde;o global? Uma uni&atilde;o entre todos os povos? N&atilde;o sabemos. S&oacute; coloquei a macro&eacute;tica aqui porque se trata de um conceito que tem tudo a ver com o pensamento globalista e revolucion&aacute;rio, que &eacute; essencialmente totalit&aacute;rio.
O pr&oacute;prio Papa Francisco nos deixou uma pista que pode nos ajudar. Achei-a em seu livro Quem sou eu para julgar. Antes, por&eacute;m, uma reflex&atilde;o sobre julgamentos.
Como conciliar o seu conselho para n&atilde;o julgar com o conselho de J. C. Ryle para julgarmos tudo em Julgueis todas as coisas? N&atilde;o julgueis para n&atilde;o ser julgado &eacute; mandamento b&iacute;blico para evitar confus&atilde;o com o pr&oacute;ximo. Julgai todas as coisas tamb&eacute;m &eacute; mandamento b&iacute;blico quando recomenda o julgamento privado, ou seja, cada um fa&ccedil;a o seu ju&iacute;zo, um julgamento interno que fique para si, necess&aacute;rio ainda mais hoje em tempos de relativismo e niilismo.
Voltemos ao grande mist&eacute;rio do objetivo da comitiva brasileira a Roma.
Como disse, a pista que o Papa nos deu est&aacute; no seu livro, nesta parte:
SE UMA PESSOA &Eacute; GAY&hellip; Escreve-se tanto sobre o lobby gay. Ainda n&atilde;o encontrei ningu&eacute;m, no Vaticano, que me tenha dado um documento de identidade em que esteja escrito &ldquo;gay&rdquo;. Penso que, quando algu&eacute;m se encontra com uma pessoa assim, deve distinguir entre o fato de se tratar de uma pessoa gay e o fato de ela fazer lobby, porque nenhum lobby &eacute; bom. Isso &eacute; uma coisa ruim. Se uma pessoa &eacute; gay e procura o Senhor e tem boa vontade, quem sou eu para julg&aacute;-la? O Catecismo da Igreja Cat&oacute;lica explica isso muito bem, mas diz: &ldquo;N&atilde;o se deve marginalizar essas pessoas por isso, elas devem ser integradas &agrave; sociedade&rdquo;. O problema n&atilde;o &eacute; ter essa orienta&ccedil;&atilde;o, n&atilde;o; devemos ser irm&atilde;os. O problema &eacute; fazer lobby dessa orienta&ccedil;&atilde;o: lobby de gananciosos, lobby de pol&iacute;ticos, lobby dos ma&ccedil;ons, tantas variedades de lobby. Para mim esse &eacute; o problema mais grave.
Mas isso n&atilde;o quer dizer que o Papa Francisco deixava de condenar o homossexualismo ou a teoria que o fundamentava como uma entre par&ecirc;nteses ci&ecirc;ncia.
Em outra passagem deixou claro que a teoria do g&ecirc;nero n&atilde;o &eacute; da vontade de Deus porque somente homem e mulher s&atilde;o criaturas divinas:
A TEORIA DO G&Ecirc;NERO A diferen&ccedil;a sexual est&aacute; presente em muitas formas de vida, na longa escala dos seres vivos. Mas somente o homem e a mulher portam a imagem e a semelhan&ccedil;a de Deus. Isso nos diz que n&atilde;o apenas o homem considerado em si &eacute; a imagem de Deus, n&atilde;o apenas a mulher considerada em si &eacute; a imagem de Deus, mas tamb&eacute;m o homem e a mulher, como casal, s&atilde;o a imagem de Deus. A diferen&ccedil;a entre homem e mulher n&atilde;o ocorre pela oposi&ccedil;&atilde;o, ou pela subordina&ccedil;&atilde;o, mas pela comunh&atilde;o e pela gera&ccedil;&atilde;o, sempre &agrave; imagem e semelhan&ccedil;a de Deus.
Voltando &agrave; quest&atilde;o do objetivo de ir a Roma, &ldquo;O problema &eacute; fazer lobby dessa orienta&ccedil;&atilde;o: lobby de gananciosos, lobby de pol&iacute;ticos, lobby dos ma&ccedil;ons, tantas variedades de lobby. Para mim esse &eacute; o problema mais grave.&rdquo;.
Pronto! N&atilde;o estou querendo relacionar os fins da comitiva com qualquer causa gay ou de g&ecirc;nero, mas acredito estar esclarecido o mist&eacute;rio! S&oacute; ficamos agora pensando se era um lobby religioso ou pol&iacute;tico. Religioso acho bem pouco prov&aacute;vel, pois aqueles pol&iacute;ticos brasileiros s&atilde;o na sua grande maioria, e por que n&atilde;o dizer todos, niilistas (n&atilde;o creem em coisas que d&aacute; para tocar com as m&atilde;os, no material, ou seja, em nada). Penso que a cren&ccedil;a de cada um ou falta dela n&atilde;o importa muito, pois lobby &eacute; lobby, n&atilde;o importa de que esp&eacute;cie ele &eacute;.
Os inimigos da igreja de Cristo fizeram que Chesterton a ela retornasse e escrevesse sua grande obra Todos os caminhos levam a Roma, que &eacute; na verdade uma rea&ccedil;&atilde;o sua contra o Iluminismo e o cientificismo do s&eacute;culo XIX.
Mas, infelizmente, nem todos que v&atilde;o a Roma t&ecirc;m o mesmo prop&oacute;sito de Chesterton.
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Sergio Renato de Mello &eacute; defensor p&uacute;blico de Santa Catarina, membro da Igreja Universal do Reino de Deus e autor de obras jur&iacute;dicas e dos seguintes livros: Fenomenologia de Jornal, O que n&atilde;o est&aacute; na m&iacute;dia est&aacute; no mundo e Voltaram de Siracusa.
* O conte&uacute;do do texto acima &eacute; uma colabora&ccedil;&atilde;o volunt&aacute;ria, de total responsabilidade do autor e n&atilde;o reflete necessariamente a opini&atilde;o do Portal Guiame.
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Sergio Renato de Mello

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