Hernandes Dias Lopes

&ldquo;Porventura, n&atilde;o tornar&aacute;s a vivificar-nos, para que em ti se regozije o teu povo?&rdquo; (Sl 85.6).
O Salmo 85 foi escrito pelos filhos de Cor&eacute;. O progenitor desses porteiros do templo rebelou-se contra Mois&eacute;s e sofreu morte s&uacute;bita, mas seus filhos viveram para servir a Deus, na Casa de Deus. Os filhos n&atilde;o levam os pecados dos pais. Neste poema sublime, o salmista olha para tr&aacute;s para contemplar os atos misericordiosos de Deus (85.1-3), olha para o presente para pedir avivamento a Deus (85.4-7) e olha para o futuro para escutar a palavra de Deus (85.8-13).
No vers&iacute;culo em apre&ccedil;o, quatro verdades devem ser destacadas:
Em primeiro lugar, o avivamento &eacute; uma obra de Deus em seu povo. Avivamento &eacute; uma nova vivifica&ccedil;&atilde;o. &Eacute; voltar ao primeiro amor. &Eacute; retornar ao caminho que havia sido abandonado. &Eacute; deleitar-se na Palavra novamente. &Eacute; voltar a ter prazer na ora&ccedil;&atilde;o. &Eacute; desfrutar, como outrora, da intimidade de Deus. &Eacute; ficar entusiasmado com o privil&eacute;gio de reunir-se com o povo de Deus para adorar aquele que &eacute; digno. Avivamento n&atilde;o &eacute; inova&ccedil;&atilde;o, &eacute; volta. N&atilde;o &eacute; buscar novidades no mercado da f&eacute;, mas retornar &agrave; ess&ecirc;ncia do evangelho puro e simples. Avivamento n&atilde;o &eacute; sede de b&ecirc;n&ccedil;&atilde;os, mas sede do aben&ccedil;oador. Avivamento n&atilde;o &eacute; um evento produzido pelo homem, mas uma mudan&ccedil;a de Deus operada no homem. Avivamento &eacute; dar vida ao que estava amortecido; &eacute; dar vitalidade ao que estava enfraquecido; &eacute; remover as cinzas, assoprar as brasas e reacender a chama do fervor espiritual.
Em segundo lugar, o avivamento &eacute; uma obra exclusiva de Deus. O salmista n&atilde;o se lan&ccedil;a num ativismo religioso buscando agradar a Deus com seu esfor&ccedil;o. &Eacute; Deus quem vivifica o seu povo. Avivamento &eacute; obra exclusiva de Deus. N&atilde;o emerge da terra, procede do c&eacute;u. N&atilde;o &eacute; obra humana, mas a&ccedil;&atilde;o divina. S&oacute; Deus pode soprar sobre seu povo o alento de vida. S&oacute; ele pode restaurar a sorte do seu povo como as torrentes do Neguebe. Avivamento fabricado na terra traz fogo estranho ao altar. Avivamento agendado pelo homem n&atilde;o passa de arremedo, de uma grotesca falsifica&ccedil;&atilde;o da a&ccedil;&atilde;o genu&iacute;na do Esp&iacute;rito Santo. Avivamento n&atilde;o &eacute; obra da igreja, mas uma interven&ccedil;&atilde;o exclusiva de Deus na igreja, para tirar o seu povo do marasmo, para uma exuberante vida de poder e testemunho.
Em terceiro lugar, o avivamento &eacute; uma obra extraordin&aacute;ria de Deus. O avivamento n&atilde;o &eacute; apenas uma obra divina, mas &eacute;, tamb&eacute;m, uma obra extraordin&aacute;ria. Deus transforma um vale de ossos secos num ex&eacute;rcito poderoso. Arranca seu povo dos vales da morte para as alturas excelsas de uma vida plena. Vivifica o seu povo para que este conhe&ccedil;a sua intimidade e seu poder. Quando Deus vivifica o seu povo, um novo amor &agrave;s Escrituras &eacute; experimentado, um novo compromisso com a ora&ccedil;&atilde;o &eacute; firmado e uma nova din&acirc;mica mission&aacute;ria &eacute; estabelecida pela igreja. Uma igreja vivificada por Deus, cheia do Esp&iacute;rito Santo, tem um novo relacionamento com Deus e com os homens. O avivamento traz um novo frescor &agrave; igreja, promove uma alegria indiz&iacute;vel e cheia de gl&oacute;ria. Reveste a igreja da suprema grandeza do poder de Deus. Onde o Esp&iacute;rito Santo desperta a igreja h&aacute; comunh&atilde;o, adora&ccedil;&atilde;o, gratid&atilde;o e esp&iacute;rito de servi&ccedil;o.
Em quarto lugar, o avivamento &eacute; uma obra repetida de Deus. O avivamento &eacute; uma obra exclusiva de Deus que pode ser experimentada v&aacute;rias vezes. O salmista est&aacute; orando para Deus vivificar novamente o seu povo. Est&aacute; pedindo para Deus fazer de novo o que j&aacute; havia feito no passado. Se n&atilde;o podemos agendar o avivamento, podemos preparar o caminho do Senhor para que ele se manifeste. Podemos orar e nos humilhar debaixo da m&atilde;o onipotente de Deus, rogando a ele para que o melhor daquilo que j&aacute; temos experimentado, seja m&iacute;nima daquilo que ele pode fazer em n&oacute;s e atrav&eacute;s de n&oacute;s daqui para a frente. Oh, que Deus nos visite com o seu poder e vivifique novamente a sua igreja!
Hernandes Dias Lopes &eacute; pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil, escritor, membro da Academia Evang&eacute;lica de Letras do Brasil e diretor executivo da Editora Luz para o Caminho.
* O conte&uacute;do do texto acima &eacute; de total responsabilidade do autor e n&atilde;o reflete necessariamente a opini&atilde;o do Portal Guiame.
Leia o artigo anterior: <a style="color: #800000;" href="https://www.guiame.com.br/colunistas/hernandes-dias-lopes/nao-nos-cansemos-de-fazer-o-bem.html">N&atilde;o nos cansemos de fazer o bem</a>

Avivamento não é inovação, é volta.

Um clamor por avivamento

Somos salvos pela gra&ccedil;a, mediante a f&eacute;, para as boas obras. Somos feitura de Deus, criados em Cristo Jesus paras as boas obras. Fazer o bem &eacute; nossa miss&atilde;o. Fazer o bem &eacute; express&atilde;o de nossa f&eacute;. Fazer o bem socorre os homens na terra e glorifica a Deus no c&eacute;u. Por&eacute;m, fazer o bem pode levar-nos a uma exausta&ccedil;&atilde;o. Por isso, muitos est&atilde;o cansados da obra e na obra. N&atilde;o podemos desfalecer na medida que nossas m&atilde;os est&atilde;o estendidas para a pr&aacute;tica do bem. Fazer o bem &eacute; uma semeadura e toda semeadura tem uma colheita. Hoje &eacute; tempo de semear e de colher. Mas quais s&atilde;o est&aacute;gios dessa pr&aacute;tica do bem? Vejamos:
Em primeiro lugar, devemos fazer o bem prioritariamente &agrave; nossa pr&oacute;pria fam&iacute;lia (1Tm 5.8). &ldquo;Ora, se algu&eacute;m n&atilde;o tem cuidado dos seus e especialmente dos da pr&oacute;pria casa, tem negado a f&eacute; e &eacute; pior do que o descrente&rdquo;. A fam&iacute;lia &eacute; o nosso primeiro n&uacute;cleo de relacionamento e a nossa primeira &aacute;rea de atua&ccedil;&atilde;o. Devemos cuidar de nossa fam&iacute;lia, suprindo suas necessidades e assistindo-a em suas car&ecirc;ncias. A pr&aacute;tica do bem precisa ser primeiro dentro dos port&otilde;es para depois transbordar para fora dos port&otilde;es. Fazer o bem para fora e desamparar os de casa &eacute; uma incongru&ecirc;ncia. A generosidade come&ccedil;a em casa. Nossa fam&iacute;lia deve merecer o melhor do nosso tempo e dos nossos recursos. N&atilde;o podemos assistir os de fora e deixar &agrave; m&iacute;ngua os da pr&oacute;pria casa.
Em segundo lugar, devemos fazer o bem aos dom&eacute;sticos da f&eacute; (Gl 6.10). &ldquo;Por isso, enquanto tivermos oportunidade, fa&ccedil;amos o bem a todos, mas principalmente aos da fam&iacute;lia da f&eacute;&rdquo;. Nem sempre temos oportunidade de fazer o bem. As oportunidades n&atilde;o devem ser perdidas nem desperdi&ccedil;adas. A demanda &eacute; grande e as necessidades dos nossos irm&atilde;os gritam aos nossos ouvidos e s&atilde;o patentes aos nossos olhos. A igreja &eacute; uma fam&iacute;lia e na fam&iacute;lia da f&eacute; os irm&atilde;os devem socorrer uns aos outros. O amor n&atilde;o &eacute; um discurso, mas uma pr&aacute;tica. O amor n&atilde;o &eacute; apenas de palavras, mas deve ser de fato e de verdade. A evid&ecirc;ncia de que somos disc&iacute;pulos de Cristo &eacute; o amor. O amor &eacute; o cumprimento da lei. O amor n&atilde;o &eacute; o que prometemos ou sentimos, mas o que fazemos. N&atilde;o podemos amar a Deus sem amar os irm&atilde;os. N&atilde;o podemos amar os irm&atilde;os sem socorr&ecirc;-los em suas necessidades. A Palavra &eacute; Deus &eacute; categ&oacute;rica em dizer que devemos compartilhar as necessidades dos santos e praticar a hospitalidade (Rm 12.13).
Em terceiro lugar, devemos fazer o bem a todos indistintamente (Gl 6.10). &ldquo;&hellip; fa&ccedil;amos o bem a todos&hellip;&rdquo;. Depois de assistir a fam&iacute;lia e fazer o bem aos dom&eacute;sticos da f&eacute;, precisamos alargar as fronteiras da pr&aacute;tica do bem para todas as pessoas. Nessa seara n&atilde;o tem muros. Devemos amar e fazer o bem a todos, sem exce&ccedil;&atilde;o e sem acep&ccedil;&atilde;o. O amor desconhece barreiras de g&ecirc;nero, ra&ccedil;a, cultura e religi&atilde;o. A pr&aacute;tica do bem &eacute; um testemunho eloquente do evangelho numa sociedade onde predomina o ego&iacute;smo. A pr&aacute;tica do bem &eacute; a apolog&eacute;tica final num mundo marcado pelos discursos religiosos e pelo apego &agrave;s coisas materiais. A pr&aacute;tica do bem adorna nossas palavras, confirma nosso testemunho, impacta as pessoas &agrave; nossa volta e glorifica a Deus. &Eacute; tempo de abrir o cora&ccedil;&atilde;o, os l&aacute;bios, as m&atilde;os, o bolso e a casa para ser um aben&ccedil;oador, um agente da pr&aacute;tica do bem.
Em quarto lugar, devemos fazer o bem at&eacute; aos nossos inimigos (Rm 12.20,21). &ldquo;&hellip; se o teu inimigo tiver fome, d&aacute;-lhe de comer; se tiver sede, d&aacute;-lhe de beber [&hellip;]. N&atilde;o te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem&rdquo;. A pr&aacute;tica do bem &eacute; endere&ccedil;ada n&atilde;o apenas &agrave;queles que nos fazem bem, mas tamb&eacute;m deve chegar at&eacute; mesmo &agrave;queles que nos fazem mal. N&atilde;o vencemos um inimigo, pagando o mal com o mal. Transformamos o inimigo em amigo, quando pagamos o mal como bem. O amor excede. &Eacute; ultracircunstancial. Pagar o bem com o mal &eacute; demon&iacute;aco; pagar o mal com o mal &eacute; desumano; mas, pagar o mal com o bem &eacute; divino. Ent&atilde;o, fa&ccedil;a o bem &agrave; sua fam&iacute;lia, aos seus irm&atilde;os, a todos os homens e at&eacute; mesmo aos seus inimigos!
Por Hernandes Dias Lopes - pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil, escritor, membro da Academia Evang&eacute;lica de Letras do Brasil e diretor executivo da Editora Luz para o Caminho.
* O conte&uacute;do do texto acima &eacute; de total responsabilidade do autor e n&atilde;o reflete necessariamente a opini&atilde;o do Portal Guiame.
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“E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos” (Gl 6.6).

Não nos cansemos de fazer o bem

O cristianismo proclama a paz, mas vive em guerra. N&atilde;o uma guerra contra pessoas, mas contra principados e potestades, contra dominadores deste mundo tenebrosos e for&ccedil;as espirituais do mal, nas regi&otilde;es celestes. Essa guerra &eacute; espiritual. Lidamos com um inimigo real, por&eacute;m invis&iacute;vel. N&atilde;o podemos enfrent&aacute;-lo com armas carnais. Esse inimigo &eacute; assassino e ladr&atilde;o. &Eacute; mentiroso e cruel. &Eacute; maligno e destruidor. Nessa guerra espiritual precisamos atentar para algumas realidades:
Em primeiro lugar, precisamos saber contra quem estamos lutando (Ef 6.11,12). Nossa luta n&atilde;o &eacute; contra carne e sangue. Nossa guerra n&atilde;o &eacute; contra pessoas. O diabo &eacute; o nosso inimigo e ele n&atilde;o est&aacute; sozinho. Ele tem anjos ca&iacute;dos que fazem parte do seu ex&eacute;rcito. Os dem&ocirc;nios n&atilde;o descansam nem tiram f&eacute;rias. Eles usam ciladas e diversas estrat&eacute;gias para roubar, matar e destruir as pessoas. Esses inimigos s&atilde;o astutos, malignos e assassinos. S&atilde;o principados, potestades, dominadores deste mundo tenebroso e for&ccedil;as espirituais do mal.
Em segundo lugar, precisamos saber quais s&atilde;o suas estrat&eacute;gias do inimigo (Ef 6.11). O diabo tem um arsenal variado. Ele tem muitas estrat&eacute;gias. Usa ciladas e estratagemas para capturar, atormentar e arruinar as pessoas. Para cada indiv&iacute;duo ele usa armas diferentes. A uns, ele ataca na &aacute;rea da vaidade. A outros, ele ataca na &aacute;rea da sexualidade. Mas, a outros, ataca na &aacute;rea da gan&acirc;ncia. Poder, sexo e dinheiro s&atilde;o la&ccedil;os sutis e armas afiadas para prender e destruir muitas pessoas. O diabo e seus agentes usam, tamb&eacute;m, a press&atilde;o (Ef 6.13). Trata-se do dia mal. Muitas pessoas s&atilde;o atacadas com armas de grosso calibre e ficam atordoadas e at&eacute; mesmo profundamente feridas por esses ataques frontais. Ainda, o inimigo usa a const&acirc;ncia (Ef 6.13). Quando ele d&aacute; uma tr&eacute;gua &eacute; apenas para realinhar suas estrat&eacute;gias e atacar com mais ferocidade e com novas t&aacute;ticas.
Em terceiro lugar, precisamos usar toda a armadura de Deus (Ef 6.11,14-17). Entrar nessa guerra de cara limpa, sem prote&ccedil;&atilde;o &eacute; uma insensatez. O inimigo sempre ir&aacute; explorar as brechas. Precisamos nos revestir de toda a armadura de Deus, protegendo nossa cabe&ccedil;a com o capacete da salva&ccedil;&atilde;o; nosso corpo, com a coura&ccedil;a da justi&ccedil;a e com o escuda da f&eacute;; e, nossos p&eacute;s com os cal&ccedil;ados do evangelho.&nbsp; Precisamos, de igual modo, usar a espada do Esp&iacute;rito tanto para nos defender como para vencer o advers&aacute;rio. O inimigo usa seu ex&eacute;rcito de flecheiros para nos atacar com suas setas inflamadas. Sem a prote&ccedil;&atilde;o divina e sem as armas espirituais, poderosas em Deus para destruir fortalezas e anular sofismas, n&atilde;o podemos prevalecer.
Em quarto lugar, precisamos ser fortalecidos no Senhor e na for&ccedil;a do seu poder (Ef 6.10). Uma vez que essa luta n&atilde;o &eacute; carnal, mas espiritual, n&atilde;o podemos entrar nela fiados em nosso pr&oacute;prio poder. Precisamos ser revestidos como o poder de Deus, o mesmo poder que ressuscitou Jesus dentre os mortos. Est&aacute; &agrave; nossa disposi&ccedil;&atilde;o a suprema grandeza do poder de Deus. A igreja &eacute; o povo mais poderoso do mundo, porque embora fraco, tem &agrave; sua disposi&ccedil;&atilde;o o poder daquele que &eacute; onipotente.
Em quinto lugar, precisamos entrar nessa guerra com toda ora&ccedil;&atilde;o (Ef 6.18). A ora&ccedil;&atilde;o conecta a fraqueza humana &agrave; onipot&ecirc;ncia divina e une o altar da terra ao trono do c&eacute;u. Quanto mais dependemos de Deus, mais fortes nos tornamos. Quanto mais confiamos nos recursos que emanam do c&eacute;u, mais poder experimentamos na terra. A igreja de Deus avan&ccedil;a de joelhos e triunfa por interm&eacute;dio da ora&ccedil;&atilde;o. Quando a igreja ora, o bra&ccedil;o de Deus age em seu favor e os inimigos s&atilde;o desbaratados. Quando entramos na batalha fortalecidos com o poder de Deus, usando toda a armadura de Deus, com toda ora&ccedil;&atilde;o e s&uacute;plica, triunfamos gloriosamente!
Por Hernandes Dias Lopes - pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil, escritor, membro da Academia Evang&eacute;lica de Letras do Brasil e diretor executivo da Editora Luz para o Caminho.
* O conte&uacute;do do texto acima &eacute; de total responsabilidade do autor e n&atilde;o reflete necessariamente a opini&atilde;o do Portal Guiame.
Leia o artigo anterior: <a style="color: #800000;" href="https://guiame.com.br/colunistas/hernandes-dias-lopes/o-poder-atraves-da-oracao.html">O poder atrav&eacute;s da ora&ccedil;&atilde;o</a>

Lidamos com um inimigo real, porém invisível; não podemos enfrentá-lo com armas carnais.

É tempo de guerra

A ora&ccedil;&atilde;o n&atilde;o &eacute; poderosa. Poderoso &eacute; o Deus que responde &agrave;s ora&ccedil;&otilde;es. Deus, sendo soberano e onipotente, resolveu agir mediante as ora&ccedil;&otilde;es do seu povo. Quando oramos, unimos a fraqueza humana &agrave; onipot&ecirc;ncia divina; ligamos o altar da terra ao trono do c&eacute;u. Tiago, irm&atilde;o do Senhor, compreendeu essa verdade, quando disse: &ldquo;Muito pode, por sua efic&aacute;cia, a s&uacute;plica do justo&rdquo; (Tg 5.16).&nbsp;
E exemplificou sua ousada afirma&ccedil;&atilde;o, citando Elias, um homem semelhante a n&oacute;s, sujeito aos mesmos sentimentos, que orou, com inst&acirc;ncia, para que n&atilde;o chovesse sobre a terra, e, por tr&ecirc;s anos e seis meses, n&atilde;o choveu. E orou, de novo, e o c&eacute;u deu chuva, e a terra fez germinar seus frutos (Tg 5.17,18). Olhando para a vida de Elias, destacamos quatro verdades preciosas sobre o poder atrav&eacute;s da ora&ccedil;&atilde;o.
Em primeiro lugar, Deus traz ju&iacute;zo sobre os &iacute;mpios em resposta &agrave; ora&ccedil;&atilde;o do justo. Elias, o tesbita, dos moradores de Gileade, apareceu a Acabe, aquele perverso rei de Israel e lhe disse que, segundo a sua palavra, n&atilde;o haveria chuva nem orvalho nos pr&oacute;ximos tr&ecirc;s anos e meio.&nbsp;
Essa palavra de ju&iacute;zo veio em decorr&ecirc;ncia de Israel ter abandonado o Senhor para prostrar-se diante de Baal, um deus pag&atilde;o, conhecido como o padroeiro da prosperidade. Os israelitas atribu&iacute;am os frutos de sua lavoura e as crias de suas ovelhas &agrave; Baal.&nbsp;
Ent&atilde;o, Deus fechou as comportas do c&eacute;u, em resposta &agrave; ora&ccedil;&atilde;o de Elias. As chuvas peri&oacute;dicas foram retidas e o orvalho di&aacute;rio n&atilde;o caiu; e assim, a seca severa foi um golpe mortal naquele deus pag&atilde;o. As ora&ccedil;&otilde;es de Elias acionaram o bra&ccedil;o onipotente de Deus, trazendo ju&iacute;zo ao rei e ao povo. Quando o justo ora, Deus age!
Em segundo lugar, Deus traz vida onde a morte produziu sofrimento em resposta &agrave; ora&ccedil;&atilde;o do justo. Depois que Elias entregou a palavra do ju&iacute;zo a Acabe, ficou escondido em Querite, por ordem de Deus. Ali, o Senhor alimentou-o at&eacute; que a torrente da qual bebia secou-se. Ent&atilde;o, Deus o ordena ir a Sarepta, onde havia uma mulher vi&uacute;va que lhe sustentaria. Elias, em obedi&ecirc;ncia a Deus vai e a mulher que deveria sustent&aacute;-lo estava prestes a morrer de fome.&nbsp;
A vi&uacute;va de Sarepta conheceu a Deus na cozinha. Por interven&ccedil;&atilde;o divina, a farinha foi multiplicada em sua panela e o azeite em sua botija. Depois, desse ins&oacute;lito milagre, por&eacute;m, o filho &uacute;nico da vi&uacute;va morre, e ela coloca a culpa dessa trag&eacute;dia em Elias. O tesbita n&atilde;o se defende, mas leva o corpo inerte do menino para o quarto, fecha a porta e, ali, abre a boca e fala muito.&nbsp;
Fala com Deus em ora&ccedil;&atilde;o. Elias pede para Deus um milagre in&eacute;dito. Deus responde sua ora&ccedil;&atilde;o e a morte solta suas garras do menino e ele ressuscita. Deus trouxe de volta a vida onde a morte havia produzido sofrimento atroz.
Em terceiro lugar, Deus traz plena demonstra&ccedil;&atilde;o de seu poder incompar&aacute;vel em resposta &agrave; ora&ccedil;&atilde;o do justo. Deus ordena Elias a comparecer diante de Acabe, num tempo em que esse &iacute;mpio monarca ca&ccedil;ava o profeta vivo ou morto em Israel e nas na&ccedil;&otilde;es vizinhas. Elias obedece prontamente a ordem divina e parte para encontrar e confrontar o rei de Israel. Elias confronta o rei, o povo e os profetas de Baal. Chama-os para um desafio in&eacute;dito.&nbsp;
Um altar seria levantado. Uma oferta seria colocada sobre o altar. Eles deveriam invocar Baal e ele, Elias, invocaria a Deus. Quem respondesse com fogo, esse seria o Deus verdadeiro. A na&ccedil;&atilde;o se re&uacute;ne no Carmelo para esse duelo. Os profetas de Baal clamaram em v&atilde;o.&nbsp;
Gritaram e at&eacute; se retalharam com facas, mas Baal n&atilde;o os ouviu nem lhes respondeu. Depois de escarnecer deles, Elias clamou ao Senhor e o fogo desceu e consumiu a oferta que estava sobre o altar. Deus demonstrou no monte Carmelo o seu poder, e o povo de Israel gritou: &ldquo;S&oacute; o Senhor &eacute; Deus, s&oacute; o Senhor &eacute; Deus&rdquo;.
Em quarto lugar, Deus traz restaura&ccedil;&atilde;o para a na&ccedil;&atilde;o em resposta &agrave; ora&ccedil;&atilde;o do justo. Depois de retumbante vit&oacute;ria no Carmelo, removendo Baal do caminho das torrentes do c&eacute;u, Elias sobe para o cume do Carmelo e ali trava uma batalha com Deus, uma batalha de ora&ccedil;&atilde;o. Ele ora de forma humilde e perseverante. Ele pede a Deus as chuvas restauradoras. Deus ouviu o seu clamor e as torrentes desceram e a terra fez germinar os seus frutos. O Deus de Elias &eacute; o nosso Deus. Ele faz maravilhas em resposta &agrave; ora&ccedil;&atilde;o do justo.
Por Hernandes Dias Lopes - pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil, escritor, membro da Academia Evang&eacute;lica de Letras do Brasil e diretor executivo da Editora Luz para o Caminho.
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Leia o artigo anterior: <a style="color: #993300;" href="https://guiame.com.br/colunistas/hernandes-dias-lopes/os-distintivos-do-ministro-do-evangelho.html">Os distintivos do ministro do Evangelho</a>

A oração não é poderosa. Poderoso é o Deus que responde às orações.

O poder através da oração

&ldquo;Por&eacute;m em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o minist&eacute;rio que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da gra&ccedil;a de Deus&rdquo; (At 20.24)
O veterano ap&oacute;stolo Paulo, depois de fazer tr&ecirc;s viagens mission&aacute;rias, est&aacute; se despedindo dos presb&iacute;teros de &Eacute;feso, em Mileto. Nessa despedida, ele faz um discurso eloquente, onde d&aacute; testemunho de sua conduta nos tr&ecirc;s anos que viveu na capital da &Aacute;sia Menor e oferece importantes conselhos aos l&iacute;deres que dar&atilde;o continuidade &agrave; sua obra. Paulo, no texto em tela, fala sobre tr&ecirc;s marcas de um ministro do evangelho.
Em primeiro lugar, um ministro do evangelho tem certeza de sua voca&ccedil;&atilde;o. &ldquo;&hellip; o minist&eacute;rio que recebi do Senhor Jesus&hellip;&rdquo;. Paulo n&atilde;o era um volunt&aacute;rio, mas um homem chamado por Deus para ser ap&oacute;stolo. Seu minist&eacute;rio n&atilde;o foi resultado de um comissionamento humano. Ele recebeu seu minist&eacute;rio do Senhor Jesus. A convic&ccedil;&atilde;o do chamado &eacute; muito importante para aquele que trabalha na obra de Deus. &Eacute; essa convic&ccedil;&atilde;o que d&aacute; firmeza ao ministro do evangelho diante das adversidades. Voca&ccedil;&atilde;o n&atilde;o &eacute; sugestionamento, &eacute; convic&ccedil;&atilde;o. &Eacute; como algemas eternas ou como um fogo no cora&ccedil;&atilde;o. A distribui&ccedil;&atilde;o das voca&ccedil;&otilde;es &eacute; mais importante do que a distribui&ccedil;&atilde;o das riquezas, pois quando uma pessoa trabalha numa &aacute;rea sem aptid&atilde;o para o que realiza, ela n&atilde;o faz com efici&ecirc;ncia nem com entusiasmo. Paulo foi separado por Deus n&atilde;o apenas para a salva&ccedil;&atilde;o, mas tamb&eacute;m para ser um embaixador, a levar seu nome aos gentios. Deus o chamou para ser um pregador, um mestre, um defensor do evangelho. Em cumprimento ao seu chamado ele percorreu os mais long&iacute;nquos rinc&otilde;es do imp&eacute;rio romano e plantou igrejas nas prov&iacute;ncias da Gal&aacute;cia, Maced&ocirc;nia, Acaia e &Aacute;sia Menor.
Em segundo lugar, um minist&eacute;rio do evangelho precisa demonstrar abnega&ccedil;&atilde;o. &ldquo;Por&eacute;m em nada considero a vida preciosa para mim mesmo contanto que complete a minha carreira&hellip;&rdquo;. Paulo n&atilde;o entrou para o minist&eacute;rio buscando vantagens pessoais, para auferir lucro e promo&ccedil;&atilde;o humana. Ele foi chamado por Deus para dar sua vida. Estava consciente de que, para cumprir sua miss&atilde;o enfrentaria a oposi&ccedil;&atilde;o dos homens, a f&uacute;ria de Satan&aacute;s e a persegui&ccedil;&atilde;o do mundo. Por onde passou foi apedrejado, fustigado com varas, preso, a&ccedil;oitado e escorra&ccedil;ado. Na sua jornada ministerial foi perseguido em Damasco, rejeitado em Jerusal&eacute;m, esquecido em Tarso, apedrejado em Listra, a&ccedil;oitado e preso em Filipos, escorra&ccedil;ado de Tessal&ocirc;nica e enxotado de Bereia. Foi chamado de tagarela em Atenas, impostor em Corinto e enfrentou feras em &Eacute;feso. Foi preso em Jerusal&eacute;m e acusado em Cesareia. Enfrentou um naufr&aacute;gio para Roma e foi picado por uma cobra em Malta. Passou por duas pris&otilde;es em Roma. Foi v&iacute;tima de uma acusa&ccedil;&atilde;o leviana por parte de seus inimigos e de um abandono cruel de seus amigos. Mesmo enfrentando circunst&acirc;ncias t&atilde;o adversas e provid&ecirc;ncias t&atilde;o carrancudas, n&atilde;o considerava sua vida preciosa para ele mesmo. A &uacute;nica coisa que lhe importava era testemunhar o evangelho da gra&ccedil;a e completar sua carreira com fidelidade. Que o exemplo de Paulo nos inspire a viver de forma abnegada, sabendo que todo aquele que segue a Cristo, precisa primeiro levar a sua cruz, consciente de que a cruz precede a coroa.
Em terceiro lugar, um ministro do evangelho precisa revelar paix&atilde;o. &ldquo;&hellip; para testemunhar o evangelho da gra&ccedil;a de Deus&rdquo;. Testemunhar o evangelho da gra&ccedil;a era o combust&iacute;vel que alimentava a alma desse bandeirante do cristianismo. Com respeito ao evangelho, sentia-se devedor, estava sempre pronto a preg&aacute;-lo e n&atilde;o se envergonhava dele, pois o evangelho &eacute; o poder de Deus para a salva&ccedil;&atilde;o de todo o que cr&ecirc;. Chegou mesmo a dizer: &ldquo;Ai de mim, se n&atilde;o pregar o evangelho&rdquo;. Ele pregava com sa&uacute;de ou doente, em liberdade ou preso, de casa em casa ou publicamente, nas sinagogas ou nas pra&ccedil;as. A prega&ccedil;&atilde;o do evangelho inflamava seu cora&ccedil;&atilde;o e trazia brilho aos seus olhos. Que o nosso cora&ccedil;&atilde;o seja despertado para redescobrirmos os valores sublimes do minist&eacute;rio. Que haja em n&oacute;s convic&ccedil;&atilde;o do chamado, disposi&ccedil;&atilde;o para sofrer pelo evangelho e paix&atilde;o para pregar o evangelho.
Por Hernandes Dias Lopes - pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil, escritor, membro da Academia Evang&eacute;lica de Letras do Brasil e diretor executivo da Editora Luz para o Caminho.
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