Por que estudar filosofia?

Veja 7 razões que mostram como é vantajoso, de forma prática, o estudo da filosofia pelos cristãos.

Fonte: Guiame, Ricardo SoaresAtualizado: quinta-feira, 11 de agosto de 2022 às 16:59
Estátua de Aristóteles. (Foto: Couleur / Pixabay)
Estátua de Aristóteles. (Foto: Couleur / Pixabay)

Quando o tema filosofia surge no meio cristão, um dos questionamentos mais comuns é esse: “por que estudar filosofia?” E ele parte do pressuposto de que não existe nenhuma razão ou vantagem no estudo da disciplina. E quem o faz, geralmente tem dificuldades de enxergar alguma vantagem prática no estudo da filosofia.

Sendo assim, listei abaixo 7 razões que com certeza mostram como é vantajoso de forma prática o estudo da filosofia. Vamos a elas:

1. Desenvolve o raciocínio lógico – A base da filosofia é a argumentação e a principal ferramenta utilizada nesse processo é a lógica. Através do estudo da filosofia o aluno não só melhora o seu raciocínio lógico, aprendendo a expressar e justificar suas ideias, opiniões e pensamentos de forma mais organizada, como também terá mais condições de detectar linhas de raciocínio defeituosas.

2. Desenvolve a capacidade de reflexão – A capacidade de reflexão é algo inerente ao ser humano e ela tem o poder de moldar de forma positiva ou negativa a nossa visão de mundo e consequentemente a nossa conduta. O estudo da filosofia requer constante reflexão, ajudando-nos a desenvolver essa importante habilidade.

3. Desenvolve a leitura crítica – Uma das principais ferramentas usadas na leitura de textos filosóficos é a leitura crítica. Ela é necessária para identificar os problemas e avaliar os argumentos como válidos ou não. Essa prática pode ser facilmente levada para outras áreas da vida, pois a análise constante de problemas lógicos aumenta nossa capacidade crítica nos levando a achar soluções mais eficazes para determinados problemas e com maior velocidade. É por essa razão que cursos como direito, comunicação e outros, contam com a filosofia em sua grade de matérias.

4. Desenvolve a criatividade – Uma das características principais do pensamento filosófico é o caráter persuasivo. Isso exercita cada vez mais a criatividade oral e escrita e pode ser de grande auxílio em diversas áreas de atuação, aulas, palestras e pregações.

5. Possibilita sair do senso comum – O “senso comum”, também conhecido como “conhecimento vulgar”, pode ser definido com a compreensão do mundo baseada na experiência de um grupo social, ou seja, são as crenças e proposições tidas como verdade para a grande maioria da sociedade, mas que não foram submetidas à uma investigação pormenorizada. Como vimos anteriormente, o estudo da filosofia incentiva a criatividade, persuasão e pensamento lógico, levando aos seus estudantes a pensarem por conta própria. Como diria Platão, nos leva a sair da caverna.

6. Porque a filosofia está dentro de nós - Parafraseando o saudoso pastor e filósofo R.C. Sproul, autor do livro “Somos Todos Teólogos”, que parte do pressuposto que todos fazem teologia de uma forma ou de outra, eu diria igualmente que somos todos filósofos. A filosofia está dentro de nós, de forma consciente ou inconsciente. A forma como pensamos e agimos tem uma relação intrínseca com a filosofia.

E isso não é de agora. As dúvidas e angústias de nossos dias são as mesmas que os pensadores gregos tinham no passado. Quem eu sou? De onde eu vim? Para onde eu vou? Existe vida após a morte? De onde vem as angústias e sentimento de solidão que sentimos? Todos esses questionamentos e outros que fazemos, foram feitos pelos gregos anteriormente e por vários pensadores que vieram posteriormente, e continuam sendo feitas em nossos dias. O próprio questionamento “porque estudar filosofia?”, que gerou essa nossa reflexão inicial, já é um pensamento filosófico, ou seja, estamos fazendo filosofia desde que começamos nosso estudo. A filosofia faz parte do nosso dia a dia. Podemos até não nos dar conta, podemos até achar que não estamos com a filosofia, mas ela está dentro de nós.

7. Para não nos conformar com esse século – Em Romanos 12:2 o apóstolo Paulo diz que nós como cristãos não devemos nos conformar com esse século. E o que é esse século à que ele se refere, se não um sistema de ideias ou pensamentos que vem sendo desenvolvido no decorrer da história?

Sendo assim, para entender esse “século”, nós temos que estudar a história das ideias na humanidade, ou seja, nós temos que estudar filosofia. Isso nos leva a entender por exemplo, o que é, e porquê que em nosso século atual, são tão aceitas ideias como: o materialismo (que é a ideia de que a matéria física é a única realidade, não existindo portanto uma substância imaterial), ou do hedonismo (que é a ideia de que o prazer é o bem supremo). Pensamentos como esse não surgiram do nada, são resultados de uma sequência de ideias que foram sendo construídas ao longo dos anos numa espécie de “diálogo filosófico”.

Então quando um cristão (líder ou não), se propõe a entender seu atual século, para não se conformar com ele e com o intuito de alertar outros à não fazer o mesmo, irá buscar isso no estudo da filosofia, que é a disciplina que estuda as ideias e seu desenvolvimento ao longo da história. Dessa forma teremos condições de fazer uma leitura não apenas da bíblia, mas também da sociedade em que vivemos e como os pecados se apresentam nela, permitindo uma leitura aplicada à realidade em que vivemos e teremos condições de fazer um contraponto com a revelação bíblica.

*Trecho extraído do livro “Introdução à Filosofia Cristã: o encontro da fé com a razão” de Ricardo Soares, disponível na Amazon: https://www.amazon.com.br/dp/B0B7QK78XH

Ricardo Soares é pastor, professor de teologia, filosofia e autor de "Introdução à Filosofia Cristã: o encontro da fé com a razão". É casado com Sarah e pai de duas filhas: Pâmela e Polyana. Para saber mais, acesse contrapontoteologico.com.br

* O conteúdo do texto acima é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

Leia o artigo anterior: Guardando o coração – Provérbios 4:23

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