O que o Governo pode fazer para que você tenha sua casa própria?

A primeira coisa que o governo pode fazer é garantir a estabilidade econômica.

Fonte: Guiame, Genys Alves JrAtualizado: quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020 às 15:38
(Foto: Crosswalk)
(Foto: Crosswalk)

1. Manter estabilidade econômica

Sem estabilidade econômica por mais planos que possamos estabelecer, não há como definirmos planos pessoais de longa duração.

É DEVER de qualquer governo que esteja exercendo o poder político do momento, garantir aos seus cidadãos o direito de projetar em suas vidas assumindo seus próprios riscos.

Imagine você ter uma propriedade na Venezuela! O que ela vale? Quase nada. Imagine as pessoas que assumiram financiamentos de longo prazo e subitamente, por culpa exclusiva do governo, viu seu patrimônio cair a quase nada.

A inflação e a indexação da economia faz que o valor dos aluguéis e pagamento das parcelas de financiamento de imóveis fiquem impossíveis de serem pagas.

Quem tem menos de 30 anos não tem ideia do que vivemos no Brasil na década de 80 até o Plano Real em 1994!

Ao mesmo tempo que existiam filas para comprar um litro de leite ou uma lata de óleo de cozinha, os aluguéis eram corrigidos trimestralmente, com baixa  oferta de imóveis para alugar frente a uma demanda crescente.

Da mesma forma, os financiamentos Imobiliários para compra quase não existiam, e os preços eram fixados nas Imobiliárias em dólares americanos, já que a moeda brasileira se  desvalorizava a base de 60% ao mês.

Por isso, inicio falando que a primeira coisa que o governo pode fazer é garantir a estabilidade econômica.

2. Redução da burocracia na compra de imóveis

Escolher um imóvel não é algo simples.

Buscamos um bom imóvel, que esteja disponível a venda, que não esteja caindo aos pedaços e que tenha bom acabamento, que esteja no preço ideal, que a família inteira goste (Deus me livre a filha falando todo dia que não gosta do bairro e que fica longe do trabalho).

Ao longo se mais de 20 anos demonstrando imóveis vi também que existem ainda outras necessidades subjetivas como ser próximo (ou longe) dos pais (dos sogros) que a numeração do imóvel seja compatível com a numerologia, que tenha quarto para o gato, pro cachorro e etc. e outras centenas de esquesitisses.

Aí quando vence todas esse desafios, tem que ter preocupação com a burocracia da transferência da propriedade, certidões que você nem sabe pra serve, declaração de imposto de renda, ITBI, tabelionatos de notas e cartório de registro de imóveis, tudo isso pro teu advogado falar "não existe negócio cem por cento seguro".

Por que é tão difícil? Por que não simplificar?

3. Política urbanista menos restritiva para novas construções

Em minha carreira participei de várias discussões sobre revisões do plano diretor municipal de São Paulo, importante instrumento de organização das cidades.

O que nunca aceitei ou concordei foi que pela falta de planejamento da cidade, o remédio adotado sempre foi o da restrição do potencial construtivo e impedimentos legais para a realização de retrofits de prédios antigos que, em muitos casos ficam quase inteiros desocupados, mesmo possuindo uma enorme demanda para compra.

Ora, demanda alta e oferta de menos só aumenta o valor dos imóveis, distanciando-os do poder de compra da maioria dos cidadãos.

O que o governo pode fazer para você tenha sua casa própria? Neste caso, impedir a aprovação de um regulamento impeditivo a indústria da construção.

Conclusão: Sem estabilidade econômica, com burocracias e restringindo a construção de mais imóveis, aumentando a oferta, o governo continuará a te atrapalhar no desejo de ter sua casa própria.

Por Genys Alves Jr, empresário, advogado, pastor e corretor de imóveis há 18 anos com MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas. É membro integrante da Rede Imobiliária Secovi (Sindicato da Habitação) e um dos participantes na elaboração do Manual de Boas Práticas para o mercado de terceiros publicado pelo SECOVI/SP.

* O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

Leia o artigo anterior: Tarifa Branca e Tarifa Social

 

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