O medo do Jô

O grande medo que eu tenho é que não tenhamos mais esperança.

Fonte: Guiame, Edmilson Ferreira MendesAtualizado: quinta-feira, 11 de agosto de 2022 às 15:05

A morte mais comentada nos últimos dias aqui no Brasil, sem dúvida, foi a do multiartista Jô Soares. Ele faleceu aos 84 anos, detalhes de sua morte não foram divulgados pela família e amigos próximos, o que se leu foram especulações e algumas tentativas de satisfazer a curiosidade dos fãs.

Jô deixou uma grande carreira cultural que marcou a vida de muita gente. Foram quase 300 personagens que ele criou em seus programas de humor. Como entrevistador foram mais de 25 anos. Também escreveu livros, dirigiu espetáculos e peças de teatro, produziu colunas para jornais e revistas, enfim, nas últimas décadas esteve muito presente na cena cultural brasileira.

Jô fez parte de uma geração de humoristas e artistas que não precisaram conviver com o chamado “politicamente correto”, ou seja, fazia piada com qualquer tema sem sofrer rótulos como gordofóbico, homofóbico, carecafóbico, magrofóbico, etc. Certamente pegou o início desse cenário pautado por tantas pautas, mas, devido a sua idade e final de carreira, não precisou fazer ginásticas criativas e intelectuais para se adaptar a estes tempos.

Sobre estes tempos, em algumas entrevistas recentes que de vez em quando dava, e que faziam com que ele aparecesse um pouco para os seus fãs, já que desde sua aposentadoria em relação ao Programa do Jô que era exibido na Rede Globo, ele andava bem sumido da mídia, ele falou a respeito de algumas coisas bem interessantes.

Destaco duas. Perguntado se ele ainda via graça no Brasil, uma vez que o momento atual é tão complexo e muitas vezes até perigoso, exatamente por conta das polarizações em muitos temas, sua resposta foi que sim, ele continuava vendo muita graça no Brasil. E entendia que o humor não tem limites, deve ser feito com inteligência e provocação, uma vez que ajuda na reflexão sobre o país, além de divertir, é claro.

Porém a segunda coisa que destaco é preocupante, e também era o grande medo do Jô. A pergunta que comentei no parágrafo anterior, sobre o Brasil ter ou não graça. Depois de conversar sobre o tema, o entrevistador que interagia com o Jô, foi enfático na pergunta: Você não tem medo que o Brasil perca a graça? A essa pergunta ele não vacilou, imediatamente respondeu que não!

Na sequência, no entanto, o medo apareceu: O grande medo que eu tenho é que não tenhamos mais esperança. Quando soube dessa resposta respirei e calei fundo. Muitos em nossa geração estão pertinho de perder a esperança. Tal sentimento leva a inseguranças, que por sua vez deixam um rastro de falta de confiança em tudo e todos.

Imagine uma sociedade sem esperança. Imaginou? Pois é, caos total. Afinal, se não esperamos mais no Senhor da Glória, vale tudo! Por isso é tão fundamental manter viva a esperança, o Maranata, a fidelidade e confiança nas promessas do Senhor. Concentre sua esperança em Deus, pois Ele é amor. E o perfeito amor, o dEle, lança fora todo medo.

Edmilson Ferreira Mendes é escritor, pastor, teólogo, observador da vida.

* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

Leia o artigo anterior: A dor da palavra quebrada

 

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