Eu votaria na Marina

Eu votaria na Marina

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:24

O voto, dizem, é secreto. Mas enquanto a urna eletrônica não aparece, permita-me revelar um ''segredo eleitoral'' (mas não conte a ninguém, afinal é sigiloso...).

1. Eu votaria na Marina porque ela é MULHER. ''Nunca na história desse país'' eu votei no sexo oposto. Mas cansei. Todos os homens que me representaram no Palácio do Planalto (ou Planalto dos Despachos, como é o nome oficial) não me deixaram saudades. Porque não ousar? Se mulher sabe tão bem conduzir outros espaços, porque não em Brasília? Afinal, Alemanha, Chile e até Trinidad e Tobago já experimentaram.

2. Eu votaria na Marina porque ela tem FICHA LIMPA. A rigor, não entendi porque a comemoração da aprovação do ''Ficha Limpa'' no Congresso. Deveria ser obrigação moral! Ser honesto deveria vir de berço. ''Nunca na história desse país'' eu soube de uma maracutaia na qual estivesse envolvida essa candidata. A propósito, Marina é mais do que candidata, ele é a representante legítima de um contingente de insatisfeitos do atual quadro de podridão ética e política. O PT não ficou pequeno para ela, tornou-se imoral. Mesmo na política, água e azeite não se misturam. Seu sangue é verde de esperança, mas quase coagulou sob a bandeira vermelha.

3. Eu votaria na Marina porque ela é CRISTÃ. Embora política e fé não se misturam ambas se dialogam. É errado votar em cristão por apenas compatibilidade de credo, mas é correto votar em cristão que possua uma plataforma de ação política coerente com suas convicções. Marina é mais do que uma mulher batalhadora. Ela vive suas crenças. Sua bandeira política não ostenta uma Bíblia, mas suas palavras transmitem segurança de quem conhece e teme a Deus. Isso é ser cristão contemporâneo. Nunca negar a fé, mas jamais usá-la como palanque eleitoral.

4. Eu votaria na Marina porque ela é COMPETENTE. Essa acreana foi empregada doméstica, ambientalista, pedagoga, graduada em História, sindicalista e política (vereadora, deputada estadual, senadora da República e ministra do Meio Ambiente). Seu currículo é mais importante do que seu partidarismo. Seu passado pode ser passado a limpo (uma redundância inevitável) a qualquer tempo. Sua contribuição ao País não se resume a um programa de fertilidade eleitoral (o PAC deveria ser PACE: Programa de Aceleração do Crescimento Eleitoral). A rigor, ela não precisou ser ''mãe'' de nenhum programa para parir sua candidatura. Sua biografia é uma historiografia.

5. Eu votaria na Marina porque ela é INTELIGENTE. Não boto muita fé naquela expressão de que os opostos se atraem. Eu sempre preferi estar perto de pessoas inteligentes. Não perco meu tempo com quem não me acrescenta nada. Ao contrário de Darwin, minha seleção não é natural, é criteriosa. Marina não tem um discurso politiquês; ela pensa como gente e não como partidária. Ela serve à política e não da política. Sua inteligência a fez trocar o vermelho dos pseudo-trabalhadores ao verde dos proto-ecologistas.

6. Eu votaria na Marina porque ela é HUMILDE. E essa condição não se refere ao fato de ter origem pobre. Quem não conhece um pobre soberbo? Subir na vida já não é novidade prá muita gente. O trabalho aliado à competência e persistência pode ascender muita agente na escala social. Origem humilde não significa necessariamente humildade. Lula, só para citar um distinto exemplo, é de origem humilde... Ponto.

Eu votaria na Marina por essas seis razões. Assim como eu também votaria em outro candidato, embora não tenha o mesmo numero de razões para tal.

Talvez haja outros motivos ''inconscientes''. Talvez porque ela, de alguma forma, no presente momento ofereça menos risco à minha integridade ética-política. Talvez porque Marina combine mais como Presidente do que como Primeira Dama - a ''mulher sombra''. Talvez porque a candidata ex-seringueira seja melhor do que a candidata ex-guerrilheira. Talvez porque quando vejo um candidato fisicamente frágil, emocionalmente forte, espiritualmente autêntico, politicamente coerente e ecologicamente correto eu me sinta atraído. Mesmo que inconscientemente.

Nunca se sabe ao certo.

O que sei é que não estou revelando o meu voto. Afinal, muita água vai passar debaixo da ponte eleitoral.

Só para lembrar: eu disse que ''votaria'' - o meu voto no presente ainda está sendo conjugado no futuro do pretérito com base no passado dos três principais candidatos ao Palácio dos Despachos.

Bom, no dia 3 de outubro, de posse do título eleitoral, eu releio essa crônica...

Neir Moreira   é teólogo, pós-graduado em docência do Ensino Religioso pela Faculdade Batista, psicólogo formado pela UFPR e pós-graduando em Educação. www.neirmoreira.com

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