Cruzamento das avenidas Francisco Morato e Três Poderes; no local, em vez de uma estação de Metrô, há um duto de ventilação da empresa (Foto: Marcelo Mora/G1) Apesar de afirmar que os episódios envolvendo os cancelamentos da construção de estações de Metrô em São Paulo no primeiro caso, o da Estação Três Poderes, na Linha 4-Amarela (Luz-Vila Sônia), em 2005, e recentemente o da Estação Angélica, na Linha 5-Lilás não podem ser comparados, a aposentada Márcia Vairoletti, diretora do Movimento Defenda São Paulo, afirma que são os moradores que devem decidir o que é melhor para seus bairros.
Em 2005, ela, então presidente da Associação Segurança Cidadania (Assec), foi uma das principais lideranças a pressionar o governo do estado e a Companhia do Metropolitano de São Paulo para não construir a estação prevista em projeto para a esquina das avenidas Francisco Morato e Três Poderes, na Zona Oeste da capital.
Para a líder comunitária, a pressão para que a Estação Três Poderes fosse retirada do projeto valeu a pena. Ficamos satisfeitos, mas foi uma luta para chegarmos a esse resultado. O que é preciso entender é que não há comparação com o que ocorre em Higienópolis. Cada bairro tem suas características e as pessoas que vivem ali é que tem de decidir o que é melhor, disse.
O motivo da tentativa de evitar a construção da Estação Três Poderes, segundo a líder comunitária, não era propriamente a estação de Metrô, como no caso de Higienópolis mas, sim, um terminal de ônibus que estava programado para ser construído em um terreno de 9,75 mil metros quadrados. Em relação à estação Três Poderes, até concordávamos com o projeto, mas apareceu um elemento que acabaria com o bairro. Um terminal de ônibus, com 42 linhas de ônibus. Nós não temos nem prédios construídos nessa área; só casas, muitas árvores. Iria descaracterizar todo o bairro, justificou.
Por isso, segundo ela, não é possível fazer comparações com o caso de Higienópolis, na região central. Não houve essa discussão de mendigo, de ambulante na porta. À época, a discussão tinha conotação muito mais séria. Um terminal de ônibus deste porte traz uma série de outros problemas. Encaminhamos dossiês ao presidente do Metrô na época e foi feita uma avaliação técnica do problema. Eles excluíram a estação, mas não foi para atender meia dúzia de pessoas, declarou.
Segundo ela, foram colhidas, na época, mais de 600 assinaturas de moradores, pedindo a exclusão da Estação Três Poderes. Prevista para receber 50 mil passageiros por dia, ela foi excluída da segunda fase da Linha 4 ao mesmo tempo em que houve a decisão de antecipar a obra da estação Vila Sônia, que passaria a contar com o terminal de ônibus. De acordo com estudo realizado pela empresa, sem o terminal de ônibus, não se justificaria a construção da estação.
Na ocasião, o Metrô informou que a pressão dos moradores teve influência, mas que não foi decisiva para a exclusão. A decisão teria sido essencialmente técnica, a exemplo do que também ocorreu em relação à Estação Angélica recentemente.
Na época, foi informado também que, caso algum governo se interessasse, a Estação Três Poderes poderia ser construída futuramente. No local, há uma edificação que funciona como duto de ventilação e saída de emergência. Procurada pelo G1 , a assessoria de imprensa do Metrô informou que não se cogita a construção de terminal urbano e nem de estação no local no momento.
Na última segunda-feira (16), foi inaugurada a Estação Pinheiros, localizada na Rua Capri 145, próxima à Marginal Pinheiros e Rua Gilberto Sabino, a quarta da Linha 4-Amarela a entrar em operação comercial e a 62ª estação do sistema metroviário da cidade. Com horário de funcionamento previsto das 4h40 às 15h, a entrada em operação da estação Pinheiros deverá ampliar a demanda da Linha 4-Amarela para cerca de 80 mil usuários/dia. As outras três estações que já estão em operação são a Paulista, Faria Lima e Butantã.
Linha Ouro
Os moradores da região do Butantã, na Zona Oeste, já estão se mobilizando para uma nova batalha: impedir a construção do monotrilho que receberá a Linha Ouro do Metrô, que vai ligar o Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo, à região do Morumbi. Em relação ao Metrô em si, que é transporte subterrâneo, não vemos problemas. O mesmo não ocorre com o monotrilho, que é um Minhocão com trilhos, disse Julia Titz de Resende, presidente do Conselho de Segurança (Conseg) do Morumbi, referindo-se ao Elevado Costa e Silva, que corta a região central de São Paulo.
Todo o projeto dele está equivocado. Estamos fazendo uma série de levantamentos e o projeto dele já sofreu alterações, faz coro Márcia Vairoletti.
Em junho de 2010, o então governador Alberto Goldman, que assumiu o cargo após a saída de José Serra, admitiu que o cronograma de obras da Linha Ouro estava atrasado. Ele disse, na ocasião, que se os recursos federais que estavam vinculados à infraestrutura da Copa de 2014 não fossem liberados, a solução será buscar dinheiro em bancos nacionais e internacionais daí o atraso no cronograma, já que o Estádio do Morumbi havia sido excluído pela Fifa para sediar jogos durante o Mundial.
Linha 5-lilás
Já para o segundo trecho da Linha 5-Lilás não sair do papel não foi preciso nem pressão por parte dos moradores da região de Moema, bairro da Zona Sul da capital. A licitação foi suspensa em novembro do ano passado, depois que o jornal "Folha de S. Paulo" antecipou o resultado em 23 de abril de 2010, inclusive com registro em cartório e em vídeo.
Imóveis desapropriados pelo Metrô na Avenida Ibirapuera (Foto: Marcelo Mora/G1)
Desde então, não houve uma nova licitação. No final de março deste ano, por ocasião da inauguração da estação Butantã, o governador Geraldo Alckmin estabeleceu um prazo de 20 dias para que o Metrô e as empresas envolvidas se manifestassem sobre a abertura das propostas, que por determinação da Justiça, deveria ser realizada no dia 29 daquele mesmo mês.
A assessoria de imprensa do Metrô informou que ainda não houve uma nova licitação, apesar do prazo dado pelo governador, mas que esta é prioridade do governo do estado. Os contratos para expansão da Linha 5-Lilás no trecho entre as estações Adolfo Pinheiro e Chácara Klabin estão suspensos até conclusão de processo administrativo sobre a liberação das obras, completou a assessoria. No momento, as obras se desenvolvem no trecho entre a estação Largo Treze e a futura Estação Adolfo Pinheiro.
Na Avenida Ibirapuera, uma das mais movimentadas da região, diversos imóveis em diferentes pontos já foram desapropriados, mas as obras não começaram. De acordo com a assessoria, a futura Estação Moema está prevista para ser construída entre a Avenida dos Jamaris e a Praça Nossa Senhora de Aparecida, ao lado da igreja. Na esquina da Avenida Cotovia, ficará o acesso para a futura Estação Ibirapuera, de acordo com a assessoria.
O trecho inicial da Linha 5-Lilás foi entregue em outubro de 2002 e conta com 8,4 km de extensão operacional distribuídos em seis estações: Capão Redondo, Campo Limpo, Vila das Belezas, Giovanni Gronchi, Santo Amaro e Largo Treze. O segundo trecho a ser construído deverá atender uma demanda de 600 mil passageiros/dia útil e ligará a Estação Largo Treze à Estação Santa Cruz (Linha 1-Azul) e à Estação Chácara Klabin (Linha 2-Verde). Serão mais 11 estações: Adolfo Pinheiro, Alto da Boa Vista, Borba Gato, Brooklin, Campo Belo, Ibirapuera, Moema, Servidor, Vila Clementino, Santa Cruz e Chácara Klabin.
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