“Fui abraçado por Deus e voltei a ser quem eu era”, diz ex-travesti convertido na prisão

“Voltei a ser a pessoa que eu mesmo matei. O Helder ainda gritava dentro de mim para existir”, disse durante a entrevista.

Fonte: Guiame, Cris BeloniAtualizado: quinta-feira, 23 de março de 2023 às 18:18
Helder Oliveira, antes e depois. (Foto: Montagem/Arquivo pessoal)
Helder Oliveira, antes e depois. (Foto: Montagem/Arquivo pessoal)

Helder Oliveira tem 28 anos, natural de Porto Velho, é ex-travesti e testemunha sobre sua trajetória de vida até se tornar cristão. Em entrevista ao Guiame, ele conta que nasceu num lar onde não havia ninguém que falasse sobre o amor de Deus. 

“Meu pai foi um dos maiores bruxos de Rondônia. Quando criança, minha mãe disse que eu tinha dois padrinhos que eram entidades da umbanda”, lembrou ao dizer que foi “oferecido” aos demônios.

Aos 5 anos de idade perdeu o pai e passou muitas necessidades junto de sua mãe, inclusive falta de alimento: “Quando ela se casou novamente tive esperança de uma vida melhor, mas ela apanhava muito do meu padrasto e eu só pensava que, quando eu crescesse, eu iria matá-lo”. 


Helder Oliveira com uma prima, na infância. (Foto: Arquivo pessoal)

‘Primeira experiência homossexual aos 10 anos de idade’

Ao lembrar que “andava muito solto na rua”, Helder disse que teve sua primeira experiência homossexual aos 10 anos de idade e, aos 14, já andava no meio dos homossexuais. 

“Dentro de mim, então, eu pensava que tinha nascido no corpo errado. Fui um adolescente normal, ninguém percebia que eu era gay. Mas, eu tinha muitos traumas por ver minha mãe apanhando tanto”, relatou. 

Helder conta que, até pegou uma faca para matar o padrasto, mas viu seus dois irmãos abraçados chorando: “Eu não queria ser visto por eles como um assassino, então decidi pular o muro e ir embora de casa, sem nada e sem destino”, contou.

‘Virei mulher para ganhar a vida’

Helder conta que morou com um transsexual por um ano e depois encontrou trabalho nas ruas. Ele foi orientado a tomar hormônios e a “ser mulher” para ganhar a vida e conseguir seu sustento. 

“Perdi os músculos, meu cabelo cresceu e fiquei com traços femininos, mas eu era um rapaz. De noite eu me ‘montava’ e ia para a avenida de transsexuais, no mundo da prostituição”, lembrou ao mencionar que chegou a ganhar 30 mil reais numa única noite, então parou de estudar e mergulhou nesse abismo.

“Cheguei a me considerar a pessoa mais feliz do mundo, com dinheiro, ‘amigos’, morando nos melhores prédios de SP. Eu nem pensava em voltar para Rondônia, eu queria buscar minha mãe para morar comigo”, disse ao revelar que começou a frequentar centros de umbanda de novo, nessa época. 

“Minha vida estava em minhas mãos e eu não ouvia nada sobre Deus. Eu acreditava cegamente nas entidades. Até que, um dia, quando mais precisei, as entidades não fizeram nada por mim. E eu gastei milhares com eles. Foi quando me senti como o filho pródigo e caí na real”, refletiu.


Helder Oliveira, antes da conversão. (Foto: Arquivo pessoal)

‘Na prisão eu tive o primeiro contato com Deus’

Helder conta que, além da prostituição, também se envolveu no mundo do crime e chegou a ser preso. “Eu apanhei muito dos policiais que diziam que eu era homem porque tinha um órgão genital do meio das pernas. Eu só clamava às entidades, mas elas desapareceram”, disse. 

E foi na prisão que Helder disse ter tido seu primeiro contato com Deus. Durante sua sentença, passou alguns meses em isolamento, onde alguns crentes foram visitá-lo. “Eles falaram de Jesus, sobre Isaías 45 e foi ali que comecei a escrever meu livro”, relatou.

Mas, depois do isolamento, Helder conta que foi enviado para o pior lugar da prisão, onde os homens odeiam gays: “Eles me quebraram inteiro, tornozelo, juntas; eles só não bateram na minha cara, mas do pescoço para baixo eles me agrediram muito. Eles queriam me matar”. 

E, em vez de clamar pelas entidades, pela primeira vez Helder clamou a Deus: “Eu disse: ‘Deus, eu não sei se sou digno de te chamar de Pai e nem sei se tenho essa liberdade’. Eu pedi para Deus me tirar daquele lugar, pois se eu morresse, minha mãe não teria nem dinheiro para pagar pelo traslado do meu corpo”. 

‘Ouvi a voz de Deus de madrugada’

“Lembro como se fosse hoje, Deus enviou para mim um advogado particular. Eu não tinha dinheiro. O mundo já tinha tirado tudo o que tinha me dado. O advogado me colocou dentro de um projeto respeitado de reabilitação, dentro da prisão, disse.

No projeto, Helder tinha direito a um salário pelo trabalho realizado e assim conseguiu pagar o valor do advogado, que era de 500 reais. 

Ele conta que, ao acordar numa madrugada, ouviu nitidamente uma voz em seu ouvido: “Não estou contente com as suas atitudes — ouvi essa voz 3 vezes, e eram 3 horas da manhã. Eu tinha uma Bíblia, então pedi uma confirmação para saber se era Deus ou as entidades”.

“Sem ter nenhum tipo de marcação em minha Bíblia, abri direto em 1 Co 6.9 e entendi que era Deus. Foi como um tapa na cara”, continuou. 

“Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos, nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus”.

Deus tinha um propósito em minha vida e enquanto eu não entendia isso, ele não me tirava daquele lugar", resumiu.


Helder Oliveira e sua esposa Lucineide. (Foto: Arquivo pessoal)

‘Fui abraçado pelo Senhor’

“Ali eu me senti abraçado pelo Senhor. Em 4 meses eu não estava mais usando drogas, nem praticava mais imoralidade sexual. Aos poucos eu voltei a ser quem eu era, a pessoa que eu mesmo matei. O Helder ainda gritava dentro de mim para existir”, disse.

Quando saiu da prisão, soube da morte de sua mãe. “Mas eu não mergulhei no luto e nem pensei em voltar para a homossexualidade. Eu honrei meu voto com Deus, porque Ele é sério”, continuou.

Helder escreveu sua biografia recentemente como forma de alertar jovens, adolescentes e crianças que pensam em entrar para a homossexualidade: “Pensam que já são os donos de suas próprias vidas, não querem mais o conselho dos pais”, lamentou.

“Eu saí de casa com outra identidade, como Társila para os amigos, Belliny para os clientes nas ruas e Arlequina para os inimigos. Eu posso dizer que um travesti é um ser perigoso. Posso falar isso porque eu vivi”, destacou.  

“Hoje minha identidade está em Cristo e eu dou meu testemunho como forma de mostrar o que o diabo pode fazer na vida de uma pessoa e o que o poder de Deus pode fazer para restaurá-la. Deus é incrível”, frisou. 

Atualmente, Helder mora em Brasília com sua esposa Lucineide e sua filha de 3 anos, Lara Hadassa. Ele é pregador do Evangelho, viaja pelo Brasil dando seu testemunho e vende seus livros para o sustento de sua família.


Helder Oliveira e sua família. (Foto: Arquivo pessoal)

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