Igrejas são vandalizadas em SC após prefeito demitir professor por vídeo “erotizado”

Além de pichações e patrimônio privados e públicos, foram feitos protestos contra e a favor à ação do prefeito Clésio Salvaro.

Fonte: Guiame, com informações do G1 e UOLAtualizado: segunda-feira, 30 de agosto de 2021 às 13:32
Igreja Batista em Criciúma foi pichada após fala de prefeito sobre demissão de professor na quinta-feira. (Foto: Reprodução/NSC TV)
Igreja Batista em Criciúma foi pichada após fala de prefeito sobre demissão de professor na quinta-feira. (Foto: Reprodução/NSC TV)

Um inquérito policial foi instaurado na Polícia Civil para investigar e punir os "responsáveis pelo vandalismo e depredação do patrimônio público municipal". Isso porque imóveis de Criciúma foram pichados com frases contra o prefeito.

Além de monumentos públicos e edifícios privados, a catedral da cidade e a fachada da Igreja Batista de Criciúma também foi alvo das pichações.

Catedral de Criciúma foi vandalizada com mensagens contra homofobia. (Foto: Reprodução/NSC TV)

As ações ocorreram após o prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro exonerar um professor que mostrou em aula um clipe com temática LGBTQIA+.

Em vídeo feito pelo prefeito, Salvaro disse que a administração não concordava com o conteúdo "erotizado" e a "viadagem na sala de aula".

O clipe foi mostrado em uma sala do 9º ano, com estudantes entre 14 e 15 anos.

Investigação

A Procuradoria-Geral de Justiça, órgão do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), está apurando se o chefe do Executivo municipal cometeu crime com as declarações que fez.

Segundo matéria publicada no G1, esta é a segunda investigação aberta pelo MPSC em relação ao prefeito. A primeira, instaurada na quinta (26), é da área dos diretos humanos. A apuração é feita pela 5ª Promotoria de Justiça de Criciúma, no Sul catarinense, que investiga se houve prejuízo à dignidade humana de caráter coletivo com ofensa ao público LGBTQIA+.

A Procuradoria-Geral de Justiça pode apurar crimes comuns praticados por prefeitos. Segundo o MPSC, Salvaro "usou uma expressão preconceituosa para justificar a exoneração do professor" e por isso foi aberto o procedimento desta sexta-feira (27).

Além das duas investigações já instaladas, na quinta e nesta sexta, a Promotoria de Justiça que atua na área da infância e juventude também já foi oficiada e irá analisar se instaura ou não um procedimento para verificar se o professor agiu de forma desconectada com o plano de educação ao apresentar o clipe na sala de aula.

Figura que aparece em clipe e Clésio Salvaro, prefeito de Criciúma. (Foto: Reprodução / ND Mais)

Em nota, a Secretaria Municipal de Educação afirmou que o conteúdo, que classificou de inapropriado, não faz parte do plano de ensino. Por isso, "medidas cabíveis em relação ao assunto foram tomadas, o profissional não faz mais parte do quadro de professores" (leia a íntegra abaixo).

O professor informou ao G1 SC que irá se pronunciar sobre o caso na próxima semana após orientação de seus advogados.

O Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Criciúma e Região, informou que o segue acompanhando e orientando o profissional. Segundo a Polícia Militar, não houve registro de boletim de ocorrência sobre o caso.

Protestos contra e a favor

Como protesto pela ação do prefeito, foi realizada em Criciúma, na tarde de sábado (28), uma Parada LGBTQIA + de para celebrar a diversidade. De acordo com os organizadores, cerca de 1.000 pessoas passaram pelo evento, incluindo colegas de trabalho, alunos e familiares do professor exonerado.

A poucos quilômetros da Parada LGBTQIA +, no Parque das Nações, um grupo de pessoas também se reuniu no chamado "Piquenique da Família".

O evento teve início por volta das 15 horas e foi organizado pela advogada Júlia Zanatta, que levou ao conhecimento da prefeitura de Criciúma a exibição do videoclipe durante a aula.

Em comentário sobre o episódio ao UOL, Júlia diz que em nenhum momento fez juízo de valor sobre ninguém e apenas emitiu sua opinião sobre o assunto. "Apenas disse minha opinião, como mãe, que aquilo não é material para ser trabalhado em sala de aula. Inclusive, a Secretaria de Educação de Criciúma, em nota, revelou que aquilo não consta no plano de ensino contemplado pelo município, o que acabou levando à demissão do professor", afirma.

Segundo Júlia Zanatta, o ato da família estava marcado para ocorrer no mesmo parque em que houve a Parada LGBTQIA +, mas a pedido da Polícia Militar (PM), o evento foi transferido de local. O objetivo do encontro, segundo ela, foi a defesa da família e da fé cristã.

"Depois da demissão deste professor houveram atos de vandalismo na Catedral, na Igreja Batista e em outros locais. Houve um ataque às fés cristãs, então o que as igrejas têm a ver com a declaração do prefeito? Nada. O que queremos é que deixem as igrejas em paz, deixem as nossas crianças em paz, sala de aula é lugar de aprender e não de militância e de lacração", diz.

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