‘Esmagaremos a cabeça dos que tentam nos intimidar’, diz Xi Jinping nos 100 anos do PCC

Xi Jinping faz discurso belicoso na abertura das comemorações do centenário do PCC.

Fonte: Guiame, com informações do Asia News e NY TimesAtualizado: sexta-feira, 29 de outubro de 2021 às 15:29

A China vai "esmagar" as cabeças daqueles que tentarem intimidá-la. Identificada como uma ameaça velada aos EUA e seus aliados, além de advertências aos separatistas taiwaneses, o discurso na abertura das comemorações pelos 100 anos de fundação do Partido Comunista Chinês (PCC) feito pelo presidente Xi Jinping teve tom belicoso.

Segundo o NY Times, o discurso do presidente incluía frases como: a ascensão da China é imparável, o país não receberá palestras, e aqueles que tentarem bloquear sua ascensão atingirão uma "Grande Muralha de aço".

Vestindo um terno no estilo Mao Tse-tung, Xi Jinping disse: “O povo chinês nunca permitirá que forças estrangeiras nos intimidem, oprimam ou escravizem”, disse ele, vestindo um terno Mao. “Quem quer que nutra delírios de fazer isso quebrará a cabeça e derramará sangue na Grande Muralha de aço construída com a carne e o sangue de 1,4 bilhão de chineses”.

Xi, o mais poderoso líder chinês em gerações, entregou a mensagem desafiadora em um discurso em Pequim nesta quinta-feira (1º) diante de 70 mil pessoas presentes na Praça Tiananmen (a do massacre de 1989) agitando bandeiras, cantando e aplaudindo. As tropas marchavam e os jatos voavam em formações perfeitas. E cada vez que o Sr. Xi fazia um comentário belicoso, a multidão aplaudia e rugia em aprovação.

O presidente chinês deu ao Partido todo o crédito pelo progresso do país - principalmente no aspecto econômico.

Xi vê o PCC como um com o povo e a nação: uma tentativa de minar a posição dos EUA de que suas políticas anti-Pequim não visam a população, mas a liderança chinesa

Recado aos inimigos

Com ameaças veladas a países hostis, Xi ressaltou que a China não será mais tratada como era na época da colonização ocidental. O dirigente máximo acrescentou que Pequim não quer sobrecarregar outras nações, mas sim desenvolver a cooperação internacional graças à Belt and Road Initiative (as novas Silk Roads): a ferramenta utilizada pelo gigante asiático para ganhar um papel de destaque no cenário global.

Mas os inimigos da China não apenas os governos. Eles consideram as igrejas e o cristianismo (dentre outras religiões) como inimigos, o que faz do PCC o maior repressor da liberdade religiosa mundial. Durante os preparatvos para as celebralões do centenário do partido comunista, mais de 400 membros de uma igreja cristã foram presos no país por serem considerados ameaça ao regime.

As autoridades vêm preparando o evento há anos. Eles queriam fazer coincidir com um dos principais objetivos de Xi: eliminar a pobreza absoluta no país até este ano, resultado oficialmente alcançado em janeiro. No entanto, muitos críticos apontam que Pequim usou um limite muito baixo para o cálculo. De acordo com números apresentados pelo South China Morning Post, na realidade 13% da população chinesa ainda precisa de ajuda.

Taiwan e Hong Kong

O Escritório de Assuntos Chineses em Taipei respondeu imediatamente às palavras do líder chinês. Os taiwaneses reconhecem os resultados econômicos alcançados pelo PCC, mas o acusam de ser uma ditadura que atropela a liberdade dos chineses e ameaça à segurança regional. Os avisos de Xi também não parecem intimidar os Estados Unidos. Ontem, Washington reabriu as negociações para a assinatura de um acordo comercial com Taiwan, interrompidas desde a posse do governo Trump.

Xi também mantém um controle firme sobre Hong Kong. Para o presidente chinês, a fórmula "um país, dois sistemas" - na base da semiautonomia da cidade - deve ser aplicada garantindo a salvaguarda da segurança nacional. Traduzido: não há mais espaço para protestos antigovernamentais na frente democrática nem para a liberdade religiosa.

Em janeiro, o pastor Francis Chan foi forçado a deixar Hong Kong, após plantar três igrejas domésticas. Ele estava trabalhando desde o início de 2020 com igrejas domésticas em Hong Kong, mas teve seu visto negado.

Hoje, na ex-colônia britânica, comemora-se o aniversário de seu retorno à soberania chinesa em 1997. Para a ocasião, as autoridades proibiram a tradicional marcha pela democracia em 1º de julho. As ruas da cidade são controladas por milhares de policiais; há atualmente três prisões de pessoas que supostamente desafiaram as proibições.

Ausências significativas

A cerimônia contou com a presença do antecessor de Xi, Hu Jintao, e de seu primeiro-ministro Wen Jiabao. A "facção" de Xangai não participou. De acordo com vários observadores, o ex-presidente Jiang Zemin e seu primeiro-ministro Zhu Rongji não estão em sintonia com Xi. No entanto, a ausência das duas com mais de noventa anos é explicada por suas precárias condições físicas.

O presidente reiterou que a "renovação nacional" também envolve a reunificação com Taiwan. Xi disse que o objetivo é chegar ao resultado de forma pacífica; no entanto, ele especificou que toda "conspiração" para conseguir a independência da ilha será travada.

 

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