Crivella se movimenta para abrir cassinos no Rio

Bispo licenciado da Universal, prefeito é fã de jogos de azar e diz que eles podem beneficiar a cidade.

Fonte: Guiame, com informações do Valor EconômicoAtualizado: sexta-feira, 14 de dezembro de 2018 às 13:38
Prefeito Crivella assume ser fã de jogos e quer licença para abrir cassinos no Rio. (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)
Prefeito Crivella assume ser fã de jogos e quer licença para abrir cassinos no Rio. (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

Para justificar o alto desemprego entre os cariocas, o prefeito Marcelo Crivella busca parceria para investimentos na capital do Rio de Janeiro. Entre as propostas, a mais polêmica é a abertura de cassinos, que segundo o bispo licenciado da igreja Universal deve gerar, além dos empregos, um grande volume de turistas na Cidade Maravilhosa.

Fã declarado de jogos de azar, Crivella diz que não há contradição entre ser crente e gostar de apostas. “Joga quem quiser”, simplificou.

Crivella acredita que um cassino no Rio deve solucionar grande parte dos problemas locais, mas para isso precisará que a legislação brasileira seja modificada ou que haja autorização específica, chamada de “superlicença”. O prefeito diz que está lutando desde o ano passado por uma superlicença, já que ela poderia abrir caminho para a instalação do tão sonhado cassino. “Acho que essas superlicenças devem ser [aprovadas] em três, quatro lugares no Brasil. É no que acredito”.

Ajuda de Bolsonaro

Para a aprovação deste projeto, Crivella disse que contará com Jair Bolsonaro, já que o presidente eleito conhece tão bem as necessidades do Rio de Janeiro. “Lutei muito no ano passado, não consegui, mas quero que o Bolsonaro me ajude”.

O jornal O Globo afirma que “Em maio, o então candidato Jair Bolsonaro, num encontro na Associação Comercial do Rio, acenou com a reabertura dos cassinos, ‘embora, em princípio, fosse contra’.”.

A legislação brasileira proíbe a instalação de cassinos no país. O fim deste tipo de atividade aconteceu em 1946, no governo do Marechal Dutra. De lá até aqui, inúmeros projetos com objetivo de regularizar esse negócio tramitam na Câmara Federal.

Sou contra

Eleito para seu terceiro mandato como deputado federal, Roberto de Lucena, que também é pastor, é contra os cassinos. “Tenho a convicção de que a legalização dos jogos de azar no Brasil representará uma tragédia para o nosso país, a médio e longo prazo. Sou totalmente contrário a isso.” Em votação de projeto para a abertura de cassinos, o parlamentar, que integra a bancada evangélica, fez apelo aos deputados para não aprovarem nenhuma das propostas que tramita na Casa.

De acordo com o parlamentar, existem 14 Projetos de Lei, alguns deles em tramitação há 25 anos, todos com um objetivo: legalizar os jogos de azar no Brasil. Esses 14 projetos estão sendo transformados em uma única proposta, o chamado Marco Regulatório dos Jogos. A intenção é permitir e disciplinar o funcionamento de modalidades proibidas há 70 anos no Brasil, como cassinos, jogo do bicho, bingos e máquinas caça-níqueis.

“O vício de jogar consiste em um sério problema de saúde pública. Só no estado americano da Geórgia, cerca de 380 mil pessoas de todas as idades e níveis socioeconômicos são afetadas. O custo do vício nos Estados Unidos corresponde a 40% do custo relacionada a problemas com drogas”, disse Lucena em discurso na Câmara. E perguntou: “Essa é mesmo uma prática que queremos estimular em nosso país?”.

Doador de Israel

O projeto de Crivella não está apenas em sua cabeça. O prefeito já recebeu a visita do bilionário Sheldon Adelson (presidente da Las Vegas Sand, maior empresa de cassinos dos EUA), que também é o maior doador pessoal do Estado de Israel. “Ele está interessadíssimo”, afirmou.

Crivella contou que o empresário deverá investir cerca de US$ 10 bilhões no megaprojeto, que seria similar ao que ele tem em Cingapura. O complexo contaria com um cassino, centro de exposições, centro de convenções e hotel com duas torres de 50 metros. O prefeito afirma que só isso já geraria 50 mil empregos.

Sheldon Adelson, de 84 anos, financiou as campanhas de Donald Trump, nos EUA e de Benjamin Netanyahu, em Israel.

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