Arca de Noé pode estar enterrada em montanhas turcas? Criacionistas dizem que não

O arqueólogo Rodrigo Silva lembra que a pretensa descoberta é antiga. “Eu sou cético quanto a esse achado”.

Fonte: Guiame, Cris BeloniAtualizado: quarta-feira, 29 de setembro de 2021 às 18:01
Local de formação da rocha, semelhante a uma grande arca, no leste da Turquia. Imagem obtida por um drone. (Foto: Reprodução/YouTube)
Local de formação da rocha, semelhante a uma grande arca, no leste da Turquia. Imagem obtida por um drone. (Foto: Reprodução/YouTube)

Várias reportagens afirmam que uma formação rochosa, no sítio arqueológico Durupinar, ao leste da Turquia, pode ser o “local de descanso final da Arca de Noé”. A polêmica é antiga porque alguns fazem essa afirmação, enquanto outros dizem não passar de uma coincidência interessante. A região fica a 30 quilômetros do local conhecido como monte Ararat. 

A rocha apresenta o formato do que seria “um barco gigante” que, inclusive tem a medida correspondente ao tamanho da Arca de Noé, conforme especificações bíblicas, ou seja, cerca de 150 metros ou 300 côvados, dizem os especialistas envolvidos.

Arqueólogos associados ao projeto Noah´s Ark Scans acreditam que a descoberta é legítima. Porém, nem todo mundo está convencido disso.

Formação montanhosa incomum

Conforme o The Sun, geólogos afirmam que a protuberância nas montanhas é “simplesmente uma formação montanhosa incomum”. Agora, uma equipe de filmagem, liderada pelo antigo “caçador de arcas”, Cem Sertesen, afirma que em breve vai produzir mais um documentário sobre a Arca. 

Durante uma entrevista à Ilkha News Agency, Sertesen disse que em seu segundo documentário sobre a Arca, vai se concentrar mais em dados científicos, relatórios e moradores da região, por conta do turismo local. 

Assista (sem legenda):

As imagens que serão reveladas, segundo a equipe, foram obtidas a partir do “envio de sinais elétricos subterrâneos por meio de cabos”, relacionadas a pesquisas geofísicas “privadas e independentes” realizadas em 2014 e 2019, “mostrando camadas e estruturas angulares interessantes abaixo do solo”.

"Eles não são falsos, nem simulação. Eles mostram o navio inteiro enterrado no subsolo”, disse Sertesen.

Para o arqueólogo Rodrigo Silva, porém, o “pretenso achado” não é novo. “Já desde os anos 1990 ouço falar dele. Praticamente todos os geólogos consultados — inclusive criacionistas — dizem que é uma formação rochosa natural. Apenas alguns insistem que seria a arca de Noé fossilizada. Eu sou cético quanto a esse achado”, disse ao Guiame

Além disso, ele comentou que o conteúdo vindo de pesquisadores turcos pode ter um viés ideológico muito grande, por conta do governo ultra muçulmano. “Vamos aguardar o parecer de outros especialistas e as publicações acadêmicas que virão em decorrência disso”, comentou.

Sobre as imagens capturadas nas montanhas

Conforme o The Sun, as imagens foram criadas pelo engenheiro de computação e arqueólogo, Andrew Jones, bem como pelo geofísico John Larsen, em uma tentativa de estudar o “estranho objeto”.

Jones e Larsen compartilharam suas descobertas com Sertesen, diretor do documentário sobre a Arca de Noé, de 2017. Sertesen admitiu que as imagens não são necessariamente da Arca de Noé e podem ser de outro navio.

“É um navio, mas é muito cedo para ser chamado de Arca de Noé”, disse ele. O local em forma de navio foi descoberto em 1959 pelo capitão Ilhan Durupinar, um cartógrafo especialista. 

A primeira pesquisa científica da formação foi realizada apenas 26 anos depois, com os pesquisadores concluindo que “é altamente provável que a formação subterrânea seja um navio”. 

Levantamento geofísico no sítio arqueológico

Conforme o Christian Post, ainda neste ano, um grupo de cientistas turcos e outros apoiadores planejam fazer “um levantamento geofísico mais completo e um estudo científico” usando todos os métodos mais modernos.

“Temos o apoio de pessoas locais importantes, temos cientistas interessados ​​que têm licença para trabalhar nesta área e temos os contatos da mídia para documentar o trabalho”, explicou o site Durupinar que não teve muito crédito de arqueólogos e cientistas durante vários anos. 

“É um jogo totalmente novo agora. Esses julgamentos rejeitando o site foram feitos décadas atrás e com base em dados limitados em comparação com o que temos agora. À medida que aprendi mais, fiquei convencido de que o projeto merecia meu apoio e que é vital que determinemos a verdade sobre o sítio de Durupinar”, disse o presidente da Doubting Thomas Research Foundation, que faz parte do projeto.

Em agosto, Jones e sua equipe passaram quatro dias na região inspecionando o local da arca e se reunindo com professores de arqueologia que também estão trabalhando na área, como o Dr. Fethi Yuksel da Universidade de Istambul.

“Com 4 dias no terreno, a equipe pôde se reunir diariamente e ver os diferentes locais associados ao projeto de pesquisa da arca de Noé e encontrar arqueólogos importantes fazendo outros trabalhos na região”, destacou Yuksel.

Ele também anunciou que foi emitida uma licença com seu nome como um dos membros da equipe que trabalha na área da arca de Noé. “Isso aceleraria o processo do trabalho e assim que o financiamento chegar, poderemos começar a pesquisa no local com os professores e seus assistentes das três universidades turcas”, afirmou Jones.

Ele disse também que não haverá escavação no local até que os “levantamentos geofísicos, sondagens e estudos geológicos sejam concluídos”.

“O trabalho deste verão é um passo necessário e o mais importante para atingir nosso objetivo”, escreveu Jones. Ele finalizou dizendo que o objetivo “sempre foi descobrir o máximo possível de evidências da arca de Noé e apresentá-las ao mundo”.

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