Países que perseguem a Igreja: como vivem os cristãos no Egito

A perseguição aos cristãos egípcios está em todos os lugares: governo, comunidade, comércios, universidades e até nas mídias sociais.

Fonte: Guiame, com informações de Portas AbertasAtualizado: quarta-feira, 24 de março de 2021 às 12:54
A igreja copta do Egito enfrenta ataques por meio de incêndios. (Foto: Portas Abertas)
A igreja copta do Egito enfrenta ataques por meio de incêndios. (Foto: Portas Abertas)

POPULAÇÃO: 102,9 milhões 
CRISTÃOS: 16,2 milhões 
RELIGIÃO: Islamismo, cristianismo 
GOVERNO: República presidencialista 
LÍDER: Abdel Fattah al-Sisi
POSIÇÃO: 16º na Lista Mundial da Perseguição

O Egito é um país mediterrâneo limitado pela Faixa de Gaza e Israel, sendo considerado um dos berços da civilização. O Egito Antigo viu alguns dos primeiros desenvolvimentos da escrita, agricultura, urbanização e religião. Sua identidade nacional assimilou muitos traços e influências estrangeiras de gregos, persas, romanos e árabes.

Mas foi um dos primeiros e importantes centros do cristianismo, antes da ampla islamização a partir do sétimo século. Atualmente, a maior parte ainda professa a fé islâmica, mas existe uma minoria significativa cristã que faz a diferença naquele país.

Com o islã como religião oficial, o governo egípcio tende a ser hostil com os seguidores do cristianismo. Prevalecem a paranoia ditatorial e a opressão islâmica como formas de perseguição. 

Lugares mais atacados e pessoas mais vulneráveis

A maioria dos incidentes e ataques de multidões ocorrem no Alto Egito, a parte sul do país que é conhecida por ser mais conservadora e radical que o Norte, onde os movimentos salafistas exercem uma forte influência nas comunidades.

A província de Minya é conhecida por ter o maior número de ataques contra cristãos. No entanto, os cristãos nas áreas rurais economicamente desfavorecidas do Norte enfrentam um grau semelhante de opressão nas mãos de extremistas islâmicos, especialmente nas aldeias e cidades da região do Delta do Nilo. Os incidentes podem variar desde mulheres cristãs sendo assediadas enquanto caminham nas ruas até comunidades cristãs expulsas de casa por multidões extremistas. 

As mulheres que decidem deixar o islã para se tornarem cristãs enfrentam vários desafios e estão sempre vulneráveis ao assédio sexual, violência, casamento forçado e sequestro. Elas podem se deparar com leis de blasfêmia, status reduzido na sociedade e adesão forçada aos costumes tradicionais. 

Homens cristãos no Egito encontram grande pressão no ambiente de trabalho e nas negociações. Alguns lojistas muçulmanos exortam abertamente seus clientes muçulmanos a não comprarem de restaurantes cristãos, já que alguns muçulmanos acreditam que a comida feita por um cristão é impura. 

Alguns não têm permissão para participar do governo ou mesmo de times de futebol devido aos seus nomes cristãos. As dificuldades financeiras das famílias podem ser usadas contra os meninos cristãos como uma armadilha: alguns muçulmanos oferecem ajuda financeira a jovens cristãos, mas quando não conseguem pagar, os muçulmanos dizem que a dívida só será anulada se eles se converterem ao islamismo.

Sem espaço para o cristianismo entre os jovens universitários

A Universidade Al-Azhar, uma das universidades islâmicas mais influentes do mundo, tem um lugar de destaque na sociedade egípcia e até mesmo na Constituição. O grande imã Ahmed el-Tayyeb da universidade afirmou claramente que não há lugar no islã para que os muçulmanos se convertam ao cristianismo. 

Embora o governo do Egito fale positivamente sobre a comunidade cristã do país, a falta de aplicação da lei de modo sério e a relutância das autoridades locais em proteger os cristãos os deixam vulneráveis a todos os tipos de ataques. Devido à natureza ditatorial do regime, nem os líderes da igreja nem outros cristãos estão em posição de se pronunciar contra essas práticas. 

A mídia social está se tornando cada vez mais uma ferramenta para desencadear a violência física contra homens cristãos. Por exemplo, um grande grupo de muçulmanos na província de Minya atacou a casa de um homem cristão e seus irmãos por causa de uma mensagem que havia sido postada na página do Facebook de seu filho, que mora em outra região do Egito. A mensagem foi considerada um insulto ao islã. Apesar de um vídeo de desculpas do filho, que alegava que sua conta foi hackeada, a polícia o prendeu por blasfêmia, junto com seu irmão e três de seus tios. 

Situação das igrejas no Egito

Em contraste com a forma como as mesquitas e organizações islâmicas são tratadas, as igrejas e organizações não governamentais cristãs possuem muitas restrições para construir novas igrejas ou administrar serviços sociais.

Cristãos de todas as origens enfrentam dificuldades em encontrar novos lugares para o culto comunitário. As dificuldades vêm tanto das restrições do Estado quanto da hostilidade comunitária e da violência das multidões. 

Depoimento de um cristão egípcio

“Quase perdi minha fé pouco depois de meu pai ser morto por causa do nome de Cristo. Não sei como carrego meu fardo, mas sinto que não sou eu. Deve ser o Espírito Santo em minha vida. Poderia ter me perdido de Deus e me tornado ateu. Estou feliz que Deus impediu isso. Ele escolheu meu caminho e agora posso cuidar da minha família. Aconteça o que acontecer, mesmo que você se afaste de Deus, apenas ore. Ore e sempre volte para Deus”, Marqos, cristão perseguido no Egito.

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