Países que perseguem a Igreja: como vivem os cristãos na República Centro-Africana

Além de viver num dos países mais pobres da África, os cristãos enfrentam violência, hostilidade e maus tratos.

Fonte: Guiame, com informações de Portas AbertasAtualizado: quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021 às 17:19
Apesar das lembranças, os cristãos centro-africanos aprenderam a seguir em frente e a perdoar. (Foto: Portas Abertas)
Apesar das lembranças, os cristãos centro-africanos aprenderam a seguir em frente e a perdoar. (Foto: Portas Abertas)

POPULAÇÃO: 4,9 milhões 
CRISTÃOS: 3,6 milhões 
RELIGIÃO: Cristianismo, islamismo, animismo 
GOVERNO: República presidencialista 
LÍDER: Faustin-Archange Touadera
POPULAÇÃO: 133,8 milhões 
POSIÇÃO: 35º na Lista Mundial da Perseguição

Os cristãos que vivem na República Centro-Africana têm enfrentado conflitos e combates quase constantes. Normalmente, a perseguição acontece por opressão islâmica, corrupção, crime organizado e hostilidade etno-religiosa. Muitas vezes, os próprios parentes estão envolvidos em práticas hostis contra aqueles que abandonam a religião da família. 

Aqueles que se convertem do islamismo são duplamente vulneráveis por causa da violência geral contra os cristãos. Grande parte do país é ocupada por vários grupos de milícias armadas, que são responsáveis por uma série de abusos dos direitos humanos, normalmente contra cristãos.

Líderes cristãos que denunciam a violência publicamente são ameaçados e as igrejas costumam ser saqueadas e queimadas como forma de punição. Milhares de fiéis que perderam suas casas e o meio de subsistência  vivem em campos de deslocados. 

A vulnerabilidade das mulheres cristãs

Na República Centro-Africana, as mulheres e meninas cristãs estão particularmente sujeitas a abuso sexual, deslocamento, rapto e casamento forçado, como formas de perseguição religiosa. Muitos pais entregam suas filhas cristãs em troca de presentes significativos.

As solteiras forçadas a se casarem com homens muçulmanos são forçadas a seguir o islamismo. As estudantes correm o risco de sequestro e violência sexual durante o trajeto de ida e volta para a escola. Por esse motivo, muitas perdem o acesso à educação. Os pais preferem as filhas em casa a fim de protegê-las desse destino.

Há relatos de uma estratégia cruel que visa aumentar a população islâmica — um homem muçulmano engravida uma mulher cristã, depois disso a abandona. Depois de vários anos ele retorna para reivindicar o filho como muçulmano.

Como a República Centro-Africana é um dos países mais pobres da África, a necessidade financeira pode levar mulheres cristãs com muitos filhos a concordar em se converter ao islamismo simplesmente para sobreviver. 

Perseguição aos homens cristãos

Quando milícias extremistas atacam uma família cristã, as mulheres geralmente são abusadas sexualmente e deixadas vivas. Mas, os homens são mortos ou detidos pela milícia. 

Nos últimos meses, o país viu dezenas de mortes em muitas cidades e vilas diferentes. Os pastores são especialmente visados e, às vezes, falsas acusações são usadas como pretexto. Homens e meninos podem ser recrutados à força por esses grupos, além de serem agredidos e torturados.

Depoimento de um cristão centro-africano

“Se um dia eu conhecer o muçulmano que atirou as granadas em minha igreja, não ficarei zangado. Eu vou sorrir. Eu nem tenho coragem de machucá-lo. Acho que ele realmente não sabe o quão terrível é o que ele fez. Vou cumprimentá-lo e dizer: ‘Deus o perdoa e quer que eu também o perdoe. Você não sabe o que fez comigo, mas eu te perdoo’. E uma vez que eu disser isso a ele, nunca vou ficar com raiva.” (Jeovani, cristão perseguido na República Centro-Africana)

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