Países que perseguem a Igreja: como vivem os cristãos na Indonésia

A maioria das mulheres cristãs indonésias já sofreram abuso sexual e os homens podem enfrentar violência física e prisão

Fonte: Guiame, com informações de Portas AbertasAtualizado: sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021 às 13:06
Em Aceh, por causa da lei sharia, as cristãs são pressionadas a usar hijabs (véu islâmico) em alguns lugares. (Foto: Portas Abertas)
Em Aceh, por causa da lei sharia, as cristãs são pressionadas a usar hijabs (véu islâmico) em alguns lugares. (Foto: Portas Abertas)

POPULAÇÃO: 272,2 milhões
CRISTÃOS: 33,1 milhões
RELIGIÃO: Islamismo, cristianismo, hinduísmo
GOVERNO: República presidencialista
LÍDER: Joko Widodo
POSIÇÃO: 48º na Lista Mundial da Perseguição

Recentemente, a sociedade indonésia está assumindo um caráter islâmico mais conservador, logo a situação dos cristãos vem se deteriorando a cada dia. Em lares muçulmanos, quem se decide pelo cristianismo sofre violência verbal por parte dos familiares e acabam se isolando por causa da nova fé.

A violência física acontece somente em algumas regiões. Em certos pontos, como Java Ocidental ou Aceh, grupos islâmicos extremistas são fortes e influenciam a sociedade e a política. Se pegarem cristãos evangelizando, as consequências podem ser ruins.

Além da opressão islâmica, há outras fontes de perseguição, como os grupos religiosos violentos, cidadãos e quadrilhas, líderes religiosos não cristãos, oficiais do governo, partidos políticos e grupos de pressão ideológica. 

Dificuldade para construir igrejas

Os grupos cristãos não tradicionais tendem a ter dificuldades para obter permissão para construir igrejas. Mesmo quando conseguem, não é possível cumprir todos os requisitos legais. Além disso, as autoridades locais os ignoram frequentemente.

Onde os cristãos ficam mais vulneráveis?

O principal foco de perseguição na Indonésia é a província de Aceh, na ponta noroeste de Sumatra – a única província governada pela sharia (conjunto de leis islâmicas). Em 2015, as igrejas foram fechadas em larga escala e a construção de novas igrejas agora é impossível na região.

Como as mulheres cristãs são perseguidas na Indonésia? 

As normas patriarcais de gênero, o casamento infantil e as altas taxas de mortalidade materna são problemas sem solução até o momento. Estima-se que um terço das mulheres indonésias já sofreu abuso físico ou sexual.

Quando uma mulher se converte ao cristianismo ela pode enfrentar o divórcio e isso significa perder a segurança física e econômica, principalmente em áreas rurais. Convencer o marido e influenciá-lo sobre sua nova fé é algo muito difícil num sistema patriarcal.

Outro ponto a ser destacado é a marginalização feminina por conta de códigos de vestimenta religiosos forçados. Em províncias como Aceh, as mulheres são obrigadas a usar hijab (véu islâmico), especialmente dentro de escritórios do governo. A imposição também chegou a algumas escolas estatais que querem forçar as alunas a usarem o hijab.

O que os homens cristãos enfrentam

Os homens, geralmente, sofrem menos perseguição do que as mulheres nas áreas privadas da vida. Por outro lado, relatórios indicam que figuras masculinas proeminentes, como pastores cristãos, são os principais alvos da discriminação religiosa pública. Eles podem enfrentar violência física e prisão por parte das autoridades quando são acusados por “incitar o ódio religioso”. 

Situação atual

Não houve ataques a bombas contra igrejas pelo segundo ano consecutivo. Dezenas de extremistas islâmicos foram presos pelas autoridades e os ataques planejados por eles foram frustrados. Essa notícia é boa, mas mesmo assim alguns cristãos enfrentam grandes perigos. Em papua, por exemplo, um pastor foi morto supostamente por um soldado do governo, e mais de 50 pessoas foram despejadas de suas terras em East Nusa Tenggara.

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