Missionários brasileiros constroem forno de barro para gerar renda em aldeia na África

Os voluntários da ONG missionária CACEMAR promoveram também oficinas de culinária, ensinando as mulheres da aldeia a fazerem biscoitos para vender.

Fonte: Guiame, Cássia de OliveiraAtualizado: quarta-feira, 24 de março de 2021 às 18:00
O projeto ensinou as mulheres da aldeia a assar biscoitos. (Foto: Israel Florentin/CACEMAR).
O projeto ensinou as mulheres da aldeia a assar biscoitos. (Foto: Israel Florentin/CACEMAR).

Os jovens brasileiros da ONG missionária CACEMAR construíram um forno de barro em uma aldeia em Burkina Faso, na África, com o propósito de gerar renda para os moradores. A iniciativa faz parte do projeto de voluntariado da ONG “Let’s go to Africa”, que todo ano envia um grupo de voluntários ao país para desenvolver ações humanitárias.

Na expedição deste ano, além de construir o forno na aldeia Dougoutalama, os jovens missionários também promoveram a oficina de culinária para ensinar as mulheres da aldeia a assar biscoitos. O objetivo do projeto foi proporcionar uma renda para as famílias da aldeia, que tinham a agricultura de subsistência como única forma de sustento.

A aldeia Dougoutalama, localizada bem distante dos centros urbanos de Burkina, possui muitas famílias e uma igreja local. Kamila Bianchi, uma das diretoras do CACEMAR (Centro de Acolhimento Casa Esperança e Missão Refúgio), explica que a produção de biscoitos através do forno gera recursos para o pastor comprar mais alimento para os moradores e suprir outras necessidades, como de saúde.

“O forno vem pra auxiliar na captação de recursos para melhorar a qualidade de vida do povo da aldeia, que viviam apenas de sua plantação. É um recurso para eles se alimentarem melhor. Muitas crianças são desnutridas, porque não possuem alimento sempre e na quantidade suficiente, porque são muitas pessoas”, explicou Kamila ao Guiame.


Jovens brasileiros da ONG missionária CACEMAR construíram forno de barro em uma aldeia em Burkina Faso. (Foto: Israel Florentin/CACEMAR).

A missionária conta que, vivendo em extrema pobreza, a principal comida na aldeia é o “To”, uma espécie de polenta feita de farinha de milho branco, plantando pelo povo. E que a oficina de culinária, ministrada desde 2019, também ajudou a ampliar a perspectiva dos moradores. “Eles entenderam que podem fazer coisas diferentes para alimentar a família deles e para trazer o sustento. E que, unidos, podem gerar renda para a comunidade”, disse Kamila.

O forno de barro da aldeia Dougoutalama foi arquitetado pelo missionário voluntário Israel Florentin, um jovem paraguaio que já havia construído fornos deste tipo em seu país natal, e construído com a ajuda de outros voluntários e homens da aldeia.

Os missionários da expedição também doaram os primeiros ingredientes para produzir as primeiras fornadas de biscoitos e dar o start no novo empreendimento da aldeia. Hoje, graças ao forno, o povo de Dougoutalama tem sua própria cooperativa.

A diretora Kamila, falando sobre a conquista do forno, lembrou de uma frase da Missionária Rejane, fundadora do CACEMAR: “Do pouco ou do quase nada, podemos fazer muito, pois temos um Deus criativo”.


O projeto Let’s to go Africa desenvolve projetos de justiça social com crianças e mulheres que vivem em extrema pobreza em Burkina Faso. (Foto:CACEMAR).

Inscrições abertas para a expedição Let’s go to Africa 2021

As inscrições para a terceira edição do projeto de voluntariado na África, do CACEMAR, já estão abertas. A expedição “Let’s to go Africa” vai promover projetos de justiça social com crianças e mulheres que vivem em extrema pobreza na base da ONG em Burkina Faso, em 2021.

Os voluntários da expedição terão a oportunidade de contribuir com a missão, que já atua na África há mais de 20 anos, trabalhando em ações sociais como: Projeto Ballet; Projeto Esporte; Projeto Saúde; Oficinas de culinária; Projeto Alfabetização. Os participantes do voluntariado também atuarão em aldeias de Burkina e na igreja local.

Segundo o diretor do CACEMAR, Jefferson da Silva, o projeto de voluntariado visa impulsionar e conectar os chamados missionários de jovens às nações. “Acreditamos que juntos podemos provocar mudanças e transformar realidades. Buscamos jovens e adultos entusiastas, dinâmicos e dispostos a encarar aventuras”.

Para participar do projeto de voluntariado, com duração de um mês no país africano, é necessário passar pelo processo de seleção, que conta com etapas de inscrição e entrevista. A idade mínima para participar é de 18 anos.

A inscrição pode ser realizada até o dia 26 de março pelo site www.cacemar.com/inscricao.

Sobre o CACEMAR

A ONG CACEMAR foi criada em 2001 pela Missionária Rejane Kologo, junto com seu esposo Mamadou Kologo, na cidade de Bobo Dioulasso em Burkina, com o propósito de levar o amor de Deus para meninos escravos através de ações humanitárias.

Chamados de Garibous e conhecidos como “escravos modernos”, são meninos de 5 a 17 anos, que são submetidos a condições análogas à escravidão em Burkina Faso. Essas crianças foram levadas pela família para viverem em escolas islâmicas, em grandes galpões numa situação deplorável.

Ali eles são obrigados pelos mestres islâmicos, chamados marabous, a acordarem muito cedo para decorar os versos do Alcorão. Se eles não decoram, são castigados apanhando ou torturados com moedas aquecidas, colocadas sobre suas costas. À tarde, precisam mendigar moedas para os marabous. Eles perambulam muitos quilômetros para conseguir esmolas.

A ONG possui o Centro de Acolhimento Casa Esperança, que recebe cerca de 300 meninos garibous toda semana. Durante três vezes na semana, eles recebem café da manhã, e duas vezes ao mês é servido um almoço. A Casa Esperança conta também com atendimento ambulatorial para atender os meninos que, por muitas vezes, chegam com ferimentos, e com um espaço de recreação e descanso para que possam ser crianças de verdade.

Burkina Faso é um país de maioria muçulmana e, apesar de ser uma nação democrática e de sua constituição garantir liberdade religiosa, a população islâmica tem se radicalizado e grupos extremistas tem ganhado força no país. Nesse contexto, Burkina Faso está na 32° posição na Lista de países perseguidos do Portas Abertas de 2020, classificando o país na janela 10X40, a região no mundo mais fechada para o evangelho.

 

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