Mesmo com repressão do Estado Islâmico, muçulmana se entrega a Jesus e evangeliza família

Nisreen acredita que desde criança o Evangelho foi semeado em seu coração, quando ela via o testemunho de seus vizinhos cristãos.

Fonte: Guiame, com informações da Portas Abertas (EUA)Atualizado: quarta-feira, 30 de setembro de 2020 às 13:15
Nisreen* se entregou a Jesus após receber ajuda de uma igreja em tempos de necessidade, na Síria. (Foto: Portas Abertas / EUA)
Nisreen* se entregou a Jesus após receber ajuda de uma igreja em tempos de necessidade, na Síria. (Foto: Portas Abertas / EUA)

Muitos podem esperar que Nisreen* tenha medo. Mas suas palavras ousadas deixam claro que ela não tem.

“Deixe o mundo ver que eu amo o Senhor Jesus”, diz ela. “Ele disse ‘todo aquele que tem vergonha de mim, terei vergonha dele na frente de meu pai’. Então, por que eu teria vergonha Dele? Ele é o meu refúgio e o abrigo dos meus filhos”.

Mas por qual motivo ela poderia estar com medo? Simples: ela é uma cristã que se converteu do Islã. Ela viveu quase 10 anos de guerra brutal na Síria, sobrevivendo a um contexto de intensa perseguição por parte de grupos como o Estado Islâmico.

E, no entanto, Nisreen é uma daquelas pessoas que parece refletir Jesus em seu rosto. Seu amor por Cristo a tornou ousada e destemida, mesmo vivendo em um contexto tão difícil. Nisreen tem 40 anos, é casada e mãe de três meninas e um menino. Como ela vive em um ambiente muçulmano na cidade de Qamishli, no norte da Síria, ainda se veste como uma mulher muçulmana. Seu cabelo está coberto com um véu verde e ela está vestida com um longo vestido verde.

Um amor por um Salvador desconhecido

Embora seja de origem muçulmana, Nisreen conta que não acreditava muito em sua própria religião. Ela sempre foi atraída pelo que viu da vida dos cristãos.

“O amor de Cristo foi plantado em mim desde que eu era pequena”, diz ela. “Eu costumava ver como o comportamento dos cristãos é melhor do que o nosso. Sempre gostei de cristãos e costumava dizer aos meus pais: ‘há algo me conectando aos cristãos’”.

Mesmo quando ainda era estudante, sua falta de interesse pelo Islã era clara.

“Na escola, quando tínhamos que memorizar versículos do Alcorão, eu não queria fazer isso”, conta.

Como tantas meninas no Oriente Médio, ela se casou jovem, aos 15 anos. Mas nunca escondeu seu amor pelos cristãos e pela igreja.

“Pedi a meu marido que me levasse à igreja”, diz ela. “Senti um verdadeiro conforto na igreja. Quando meus filhos ficaram doentes, fui à igreja e orei por eles, eles seriam curados. Eu tinha fé nisso”.

É difícil mensurar o quão estranho isso é para muitas famílias na Síria. Nesta parte do mundo, há um risco diário para as pessoas que deixam o Islã para seguir a Jesus. A pressão da família, da comunidade e da sociedade em geral pode tornar isso extremamente difícil e até perigoso para os convertidos.

A cidade de Qamishli (onde Nisreen vive) está perto da área que era controlada pelo Estado Islâmico em meados da década de 2010. Mesmo que o grupo terrorista nunca tenha capturado a cidade, muitos cristãos locais foram alvejados e atacados. Por isso ela afirma que seu interesse pelo cristianismo desde jovem só pode ser obra do Espírito Santo em sua vida e nas vidas dos cristãos ao seu redor.

Desesperada por ajuda

Como muitos sírios nos últimos nove anos de guerra, a família de Nisreen precisava de comida e outras coisas básicas. Ela ouviu sobre a distribuição de alimentos da Igreja da Aliança em Qamishli e foi lá para obter ajuda. A igreja é parceira da Missão Portas Abertas (EUA).

A primeira vez que ela visitou foi uma grande decepção. “Eles não conseguiam lidar com mais famílias”, diz Nisreen. “Mas eles disseram que eu deveria voltar. Voltei depois de 12 dias. Eu estava desesperadamente necessitada naquele momento; meus filhos não tinham nada para comer. Eu sempre costumava clamar a Deus e dizer: 'Senhor, tu és o refúgio dos meus filhos'”.

Mas novamente, quando ela voltou para a igreja, Abu Farid*, um voluntário da igreja disse que não poderia colocar novos nomes em sua lista de distribuição.

“Eu estava muito cansada, emocionalmente exausta, chorava e estava muito magra”, lembra ela. “Pedi a ele um copo d'água e perguntei se poderia sentar um pouco. Ele perguntou: 'agora é o Ramadan, você não está jejuando?'. Eu disse: 'Eu não estou jejuando, esta não é minha crença'. Abu Farid então perguntou: 'Você não acredita em Deus?' Eu disse: 'Eu tenho fé em Deus e sinto que Ele está sempre comigo, mas não da maneira como o Islã ensina'”.

“Abu Farid falou comigo sobre Jesus por uma hora e meia. No final perguntei: ‘Você falou sobre Jesus e disse que Ele veio por todas as pessoas; é possível que eu pudesse me tornar cristã?'. Ele respondeu: ‘claro, Cristo veio por todo o mundo!'”.

Nisreen se entregou a Jesus naquele dia e voltou para casa com dupla alegria: “Encontrei Jesus e ganhei um saco de comida”.

Alimento para o corpo e para a alma

Voltando para casa, ela alegremente compartilhou o que tinha acontecido.

“Com muita alegria, contei a meu marido como o Senhor usou Abu Farid”, diz ela. “Por dois dias, falei como o Senhor fez esse milagre”.

Mais tarde, Nisreen foi convidada para ir à igreja da Aliança, onde havia conseguido comida mais cedo.

“Quando me sentei naquele culto da igreja, chorei muito”, diz ela, com os olhos brilhando. “Eu estava lá com minha filha. No caminho, andando pela rua, já senti uma alegria tão grande. Obrigado Jesus, por me trazer aqui”.

Ela ficou tocada por todo o sermão do pastor George, que a fez chorar.

“Não me lembro de quais versículos da Bíblia ele falou”, diz ela. “Mas eram [do] Evangelho de João; depois li em casa novamente”.

Para crescer em sua fé recém-descoberta, Nisreen se juntou ao programa de discipulado da igreja. Ela já concluiu três níveis de treinamento. Suas três filhas e seu filho também se tornaram cristãos e são fiéis frequentadores da igreja com a mãe. Seu marido ainda não é um seguidor de Jesus, "mas parece estar no caminho", diz ela.

“Eu sempre leio a Bíblia, o Antigo e o Novo Testamento. Frequentemente assisto à televisão cristã. Eu espero que um dia eu dê treinamento de discipulado para outras pessoas”, declarou.

*Nomes fictícios usados em razão da segurança das pessoas envolvidas na matéria.

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