Igreja alcança crianças em favelas e casas de acolhimento: “O propósito é levar Jesus”

Em entrevista ao Guiame, a líder do projeto “Sonhar com Deus”, Bárbara Muniz, contou como a igreja tem sido uma família para menores em vulnerabilidade.

Fonte: Guiame, Cássia de OliveiraAtualizado: sexta-feira, 27 de maio de 2022 às 14:38
O projeto “Sonhar com Deus” da Igreja Bola de Neve de Tatuapé leva esperança a menores em vulnerabilidade. (Foto: Bárbara Muniz).
O projeto “Sonhar com Deus” da Igreja Bola de Neve de Tatuapé leva esperança a menores em vulnerabilidade. (Foto: Bárbara Muniz).

A Igreja Bola de Neve de Tatuapé está levando o amor de Jesus a crianças e adolescentes em situação de acolhimento e de vulnerabilidade social na região leste do estado de São Paulo, sendo família para os sem família.

Através do projeto “Sonhar com Deus”, uma frente do ministério de assistência social da igreja, voluntários, conhecidos carinhosamente como “tios”, levam a esperança do Evangelho a quem com pouca idade já experimentou tanto sofrimento.

“O grande propósito é levar o amor de Jesus a essas vidas. Amor esse tão poderoso que salva, liberta e transforma a condição em que se encontram. Temos o privilégio de em cada ação vivenciar o agir sobrenatural de Deus”, disse a líder do projeto, Bárbara Muniz, em entrevista exclusiva ao Guiame.

Ao todo, o projeto da Igreja Bola de Neve atende cerca de 200 crianças em cinco casas de acolhimento e em duas comunidades vulneráveis. Os voluntários do “Sonhar com Deus” fazem visitas quinzenais nos domingos e realizam atividades lúdicas que ministram o Evangelho.

“Temos a visão de fornecer um momento em família para eles! Então, geralmente tomamos um café da manhã ou café da tarde juntos, temos um momento de adoração, brincadeiras, Palavra e oração! Sempre respeitando a faixa etária do grupo”, contou Bárbara.

Além das visitas, o ministério oferece projetos, como aulas de jiu-jítsu, ida aos cultos e células e orientação profissional para os adolescentes. 

“Acompanhamos essas crianças até a maioridade, e aquelas que reconhecem Jesus como grande salvador têm vivido experiências incríveis! É um trabalho de formiguinha, de dar as mãos até a hora de vê-los caminhando sozinhos, rumo ao alvo!”, testemunhou a líder.

Protegendo a infância do mal


Bárbara Muniz é especialista em Políticas Públicas e lidera o projeto “Sonhar com Deus”. (Foto: Bárbara Muniz).

Para Bárbara, que é especialista em Políticas Públicas e Projetos Sociais e capacitada em Proteção da Infância pelo Instituto Claves Brasil, a Igreja deve proteger a infância do mal através do discipulado infantil.

“No campo espiritual, muito tem sido lançado contra nossas crianças! Temos visto o quanto nossa sociedade banaliza a infância. Quando estamos em missão, temos contato direto com crianças em situação de abandono, com doenças psicossomáticas desde muito novas, vícios, evasão escolar, marginalidade, é devastador!”, revelou a líder.

E ressaltou: “Como cristãos precisamos entender o quão preciosas as crianças são para o Reino de Deus e precisam ser verdadeiramente discipuladas. Jesus nos ensina a ir e pregar a toda criatura. Toda! Isso inclui as crianças. Uma igreja que semeia em suas crianças com olhares atentos, pouco colherá processos de libertação e restauração.

Maio Laranja


Através do “Spa Day”, o projeto ensina a valorização do corpo aos adolescentes. (Foto: Bárbara Muniz).

Durante o mês de maio, o ministério “Sonhar com Deus” se engaja na campanha Maio Laranja para combater e prevenir o abuso sexual com as crianças e os adolescentes atendindos. 

Criado em 2000, junto com o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, a campanha faz referência a menina Araceli Sanchez, de 8 anos, que foi violentada sexualmente e assassinada, em Vitória (ES), no dia 18 de maio de 1973.

No Maio Laranja, os voluntários do ministério recebem capacitação para observar sinais não verbais das crianças, identificar sinais de alerta e notificar em caso de suspeita de abuso.

Por meio de dinâmicas, peças de teatro, tarefas, rodas de conversa, o projeto ensina os menores sobre a cultura do consentimento, autoproteção, reconhecimento de emoções e desenvolvimento da autoestima. 

“Com as adolescentes, por exemplo, realizamos um Spa Day e ministramos sobre a valorização do corpo que é o templo do Espírito Santo”, disse Bárbara. 

“Nossa maior missão é essa. Valorizar a criança, dar voz a cada uma delas! E criar uma rede de proteção, crianças fortalecidas para que não haja mais vítimas desse mal”, explicou a líder.

A especialista contou ainda que muita das crianças que estão nas casas de acolhimento já sofreram violência sexual. Nesses casos, os voluntários mostram que em Jesus há cura e restauração.

“Demonstramos que em Cristo tudo se faz novo! E que através dos ‘tios’, eles podem ter um ponto de apoio, uma pessoa disponível para quem eles possam confiar e conversar. Eles querem ser ouvidos”, afirmou Bárbara.

Vítimas de abuso dentro do próprio lar


O projeto da Igreja Bola de Neve de Tatuapé leva esperança a menores em vulnerabilidade. (Foto: Bárbara Muniz).

Segundo dados do governo federal, a cada uma hora três crianças são vítimas de abuso sexual no Brasil.

Bárbara chama a atenção para dados da Unicef que revelam que 32,2% dos casos de abuso contra menores são cometidos por parentes ou pessoas próximas, que desempenham o papel de cuidadores.

“Isso significa que, o ambiente familiar é ao mesmo tempo o melhor lugar para que uma criança cresça e se desenvolva de maneira sadia e o lugar em que há a maior prevalência de violações contra crianças e adolescentes, sobretudo as de caráter físico e sexual”, ressaltou Bárbara.

Para a líder, muitas igrejas ainda hesitam em combater o abuso infantil, seja porque o assunto é delicado e considerado um tabu ou por não conhecerem nenhum caso de violência entre seus membros.

“Mas, enquanto estamos aqui nos esquivando dessa conversa, os abusadores infelizmente estão a cada dia fazendo mais vítimas desse grande mau”, ponderou ela.

E acrescentou: “Se a igreja reafirma a centralidade da família e a bem-aventurança de ter filhos e filhas como herança do Senhor, logo precisamos romper o silêncio!”.

Fazendo da igreja um lugar de proteção e acolhimento


O projeto da Igreja Bola de Neve de Tatuapé leva esperança a menores em vulnerabilidade. (Foto: Bárbara Muniz).

Bárbara afirma que é possível fazer da igreja um lugar de acolhimento, segurança e de prevenção de violências contra crianças e adolescentes. 

A especialista sugere que a congregação adote um plano de ação para ser adotado quando casos de abuso foram identificados com crianças da igreja.

O plano inclui capacitar todos os membros da congregação e também a comunidade local a como identificar sinais de abuso, como acolher essa vítima e como denunciar às autoridades.

“Todo esse processo deve ser ensinado ao corpo eclesiástico segundo ao protocolo de proteção já elaborado pela liderança, para que seja conduzido da melhor forma, em conformidade com a lei e principalmente em respeito à vítima e sua família, evitando assim danos ainda maiores, como a exposição e o julgamento”, explicou a líder.

E lembra: “As maiores vítimas da violência, que não podem defender-se sozinhas, necessitam da proteção dos adultos comprometidos com um Evangelho de paz, justiça e restauração”.

 

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