Em ataque a igreja na Síria, criança pediu ajuda a pregador: "Me esconda, não quero morrer"

Segundo o sacerdote Baselios, muitas crianças ficaram em estado de choque após o atentado terrorista em Damasco.

Fonte: Guiame, com informações de Portas AbertasAtualizado: terça-feira, 24 de junho de 2025 às 18:21
Imagem ilustrativa. (Foto: Portas Abertas).
Imagem ilustrativa. (Foto: Portas Abertas).

A comunidade cristã na Síria ainda está em choque após uma igreja ter sido atacada por um homem-bomba no último domingo (22).

O ataque terrorista à igreja ortodoxa grega Mar Elias em Dweilaa, na capital Damasco, matou pelo menos 25 pessoas e deixou mais de 60 feridas. 

Ao lado do templo atacado, também está localizada a Igreja Saint Joseph, liderada pelo sacerdote Baselios.

Em entrevista à Missão Portas Abertas, ele relatou o pânico vivido quando a celebração litúrgica foi interrompida por barulho de tiros e gritos no templo vizinho.

“Eu estava pregando quando os tiros começaram. Depois vieram os gritos. Todos instintivamente se jogaram no chão. O medo era indescritível”, disse Baselios.

Segundo o líder, o momento mais angustiante foi quando uma órfã clamou por socorro a ele, durante o ataque.

“Estávamos todos em choque, paralisados pelo horror. O momento que realmente me deixou impotente foi quando uma criança, que perdeu a família, correu até mim dizendo: ‘Me esconda, padre, eu não quero morrer’”, lembrou.

Em estado de choque

Os cristãos da área estão cansados da perseguição islâmica que tem enfrentado, e muitas crianças ficaram em estado de choque, sem conseguir falar após o atentado suicida.

“Mesmo sendo um sacerdote cheio de esperança, estou extremamente cansado de continuar lutando”, desabafou Baselios.

Mourad*, um cristão ligado a um parceiro local da Portas Abertas na Síria, descreveu o sentimento atual dos crentes sírios.

“Estou paralisado e sem palavras sobre o que aconteceu ontem em Damasco. Pessoas inocentes participando das orações de domingo, provavelmente orando pelo país e por suas situações pessoais, sendo confrontadas com a morte de seus entes queridos”, afirmou.

“O trauma do que aconteceu nos atinge profundamente. Temos sentimentos mistos de raiva e questionamento sobre por que isso teve que acontecer novamente. Os cristãos recebem ameaças diárias de fundamentalistas dizendo que serão os próximos. Grupos armados espalhados pelo país estão sedentos por mais mortes. Oramos para que a comunidade internacional e o sangue desses mártires defendam os demais cristãos na Síria”, acrescentou.

Perseguição islâmica

Conforme a Portas Abertas, o atentado de domingo (22) foi o primeiro grande ataque terrorista contra cristãos desde a queda do regime de al-Assad em dezembro de 2024. 

O Ministério do Interior informou que o responsável pelo ataque era ligado ao grupo jihadista Estado Islâmico (EI).

Porém, nesta terça-feira (24), um grupo extremista sunita reivindicou a autoria do ataque. Em uma nota divulgada em seu canal no Telegram, o grupo Saraya Ansar al-Sunna informou que um de seus membros "explodiu a igreja de Santo Elias no distrito de Dwelaa, em Damasco", após "uma provocação".

Na noite de segunda-feira (23), um grupo de cristãos saiu às ruas de Damasco para protestar contra a impunidade de grupos terroristas que perseguem cristãos no país governado por islâmicos.

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