Cristãos temem que eleições intensifiquem a perseguição religiosa na Índia

Agora, em 2019, o país deu um salto para o 10º lugar em nível de perseguição religiosa.

Fonte: Guiame, com informações da Portas AbertasAtualizado: quinta-feira, 17 de janeiro de 2019 às 11:28
A Índia ocupa o décimo lugar em perseguição religiosa na lista de 2019 da Portas Abertas. (Foto: Reuters)
A Índia ocupa o décimo lugar em perseguição religiosa na lista de 2019 da Portas Abertas. (Foto: Reuters)

 Neste primeiro semestre de 2019, cerca de 900 milhões de indianos irão às urnas para eleger os novos membros do Parlamento, que por sua vez, irão escolher o primeiro-ministro de seu país. Esta já está sendo considerada a maior eleição geral do planeta e pode gerar fortes impactos no cenário internacional e também com relação à liberdade religiosa em toda a Índia.

Em 2014 — ano em que os hindus nacionalistas do Partido do Povo Indiano (da sigla em inglês BJP) chegaram ao poder — a Índia ocupava a 28ª posição na Lista Mundial de Perseguição da Missão Portas Abertas. Agora, em 2019, o país deu um salto para o 10º lugar.

A Portas Abertas perguntou a seus parceiros em igrejas locais da Índia, qual é a expectativa deles para estas eleições.

Segundo o pastor Gurmmet*, ele bem sabe o que um cristão sofre quando se converte na Índia, mas também entende que a liberdade religiosa é um direito pelo qual os indianos precisam lutar nas urnas e orar.

“Desde o dia em que me converti, enfrento perseguição. Eu fui expulso de casa por dois anos após ser acusado de converter uma garota à força. Ela foi agredida por seus parentes por ter dito que seguiria a Jesus fora de sua vontade. Eu também fui agredido. Apanhei tanto que achei que não sobreviveria”, contou.

“Este é o país em que vivemos. As eleições estão diretamente conectadas com nossa liberdade. Nós realmente esperamos que o BJP não vença as eleições. Oramos para que o Congresso Nacional Indiano se torne o maior partido. Oramos por um ambiente pacífico e para que possamos expandir o reino de Deus na Índia. Precisamos nos levantar e não perder a esperança”, acrescentou..

Mudanças de estratégias

Já o pastor Robert* relatou que apesar de sua igreja ainda não ter sofrido violência de fato, sente uma constante ameaça, inclusive devido a cartas que recebeu com “alertas” sobre o fato de seu ministério estar “muito ativo”.

“Eu dirijo uma igreja com cerca de 70/80 membros. Até agora, nada aconteceu conosco, mas somos cuidadosos. Incidentes continuam acontecendo ao meu redor. Recentemente algumas pessoas me mandaram cartas de alerta por estar muito ativo nas mídias sociais”, disse.

Estas ameaças levaram o pastor Robert a trabalhar com outras estratégias.

“Nós começamos a trabalhar com mais cuidado e não usar mais as redes. Não falamos sobre o que estamos fazendo no ministério. Não divulgamos, mas comandamos uma escola e um centro de alfabetização. Então precisamos mudar as estratégias para permanecermos seguros”, explicou.

“Espero ainda que o primeiro-ministro Modi e o BJP não governem mais depois das eleições. Eles não fizeram nada para os cristãos e outras minorias. Todas as decisões tomadas foram contra as minorias. Eu temo pelo futuro do país e da minha família, especialmente dos meus filhos. Somos gratos se outras pessoas orarem conosco, precisamos disso. Eu não ligo para qual partido vença, desde que traga paz. Por favor, ore para que não haja corrupção ou má conduta”, destacou.

A perseguição atinge os cristãos indianos de diversas formas. Por isso, a missão Portas Abertas enviou equipes de resposta rápida – voluntários – que oferecem alimentos, itens de necessidade básica, ajuda financeira e assistência jurídica. Com as doações que a organização cristã recebe, é possível que estas equipes levem conforto e ajuda prática a estes cristãos perseguidos.

*Nomes alterados por motivos de segurança.

 

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