Cristãos iraquianos enfrentam extinção, mas perdoam Estado Islâmico 'em nome de Jesus'

Enquanto os cristãos somavam cerca de 1,5 milhão no Iraque em 2003, hoje devem ser menos de 200 mil, após o genocídio promovido pelo Estado Islâmico.

Fonte: Guiame, com informações do Christian PostAtualizado: terça-feira, 20 de fevereiro de 2018 às 15:06
Cristãos iraquianos participam de culto. (Foto: aawsat.com)
Cristãos iraquianos participam de culto. (Foto: aawsat.com)

Os cristãos iraquianos estão respondendo com perdão aos radicais islâmicos que assassinaram, torturaram e estupraram suas comunidades, mesmo quando enfrentam uma luta existencial pela sobrevivência.

O arcebispo iraquiano Bashar Warda, de Erbil, que se mostrou franco sobre a situação dos cristãos em seu país, disse que os crentes "sofreram perseguição pacificamente e com fé por 1.400 anos", mas agora enfrentam uma "luta existencial" que poderia ser a última no Iraque.

Falando na Universidade de Georgetown em Washington D.C. na semana passada em um evento organizado pelo Centro Berkley, o bispo notou que o grupo terrorista islâmico deslocou mais de 125 mil cristãos na região de Nínive.

Warda disse que os ataques deixaram os cristãos "sem abrigo, sem refúgio, sem trabalho, sem propriedades, sem mosteiros, sem a capacidade de participar de qualquer coisa que dê dignidade", conforme relatado pela Catholic News Agency.

"Assim, poucos de nós acabam restando, alguns estimam que sejamos em 200 mil cristãos ou menos", disse ele sobre o número total de cristãos no país, se compardo aos de 1,5 milhão em 2003. "Embora seja verdade que nossos números são pequenos, os apóstolos foram muito menores".

Ainda assim, ele disse que os cristãos estão abertos ao perdão, apesar dos horrores que sofreram, com o genocídio promovido pelo Estado Islâmico.

"Nós perdoamos aqueles que assassinaram, torturaram, estupraram e tentaram destruir tudo sobre nós. Nós os perdoamos em nome de Jesus Cristo", declarou Warda.

Ele acrescentou que os líderes muçulmanos precisam fazer mais do que simplesmente esclarecer que Estado Islâmico não representa sua fé, mas elogiou algumas nações, como os Emirados Árabes Unidos, por oferecer um apoio genuíno às vítimas da violência.

"Desde o ataque do Estado Islâmico, eles estiveram conosco, ajudando a todos - católicos, yazidis, muçulmanos", explicou o bispo.

"Existe uma crise fundamental dentro do próprio Islã e se essa crise não for reconhecida, abordada e corrigida, não há futuro para os cristãos no Oriente Médio", acrescentou. "Nós ouvimos algumas vozes corajosas dos líderes islâmicos sobre a necessidade de mudança e a necessidade de abordar esta questão abertamente. Isso deve ser encorajado".

As comunidades dizimadas tiveram esperança na abertura da nova Universidade Católica de Erbil, que acolhe estudantes, tanto cristãos, como muçulmanos, oferecendo diplomas em economia, direito internacional, literatura inglesa e contabilidade, entre outros.

Os cristãos da Planície de Nínive também puderam celebrar a reconstituição da primeira igreja da região, desde a invasão do Estado Islâmico em dezembro.

Outros, como Ashur Sargon Eskrya, presidente da filial da 'Assyrian Aid Society' no Iraque, disseram que, apesar das vitórias contra o Estado Islâmico e da libertação dos territórios iraquianos, os cristãos estão enfrentando seu "maior desafio" ao retornar à sua terra natal.

"Os cristãos iraquianos (assírios, caldeus) são povos nativos do país, de acordo com fontes históricas, e seu futuro no Iraque depende do apoio e proteção internacional. Sem proteção, eles não poderão mais morar no Iraque", disse Eskrya em agosto de 2017.

"É um momento crítico para os cristãos do Iraque - 'ser ou não ser'. Os cristãos do Iraque estão enfrentando seu maior desafio no Iraque pós-terrorismo", acrescentou.

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