Cristãos enfrentam ‘ameaça existencial’ na Índia com a perseguição de hindus radicais

O movimento “Hindutva” se fortalece a cada dia, principalmente depois da pandemia.

Fonte: Guiame, com informações de Christian PostAtualizado: quinta-feira, 1 de julho de 2021 às 14:47
Diferentes casos de incidentes por conta da fé se espalham por toda a Índia e cristãos pedem orações. (Foto: Portas Abertas)
Diferentes casos de incidentes por conta da fé se espalham por toda a Índia e cristãos pedem orações. (Foto: Portas Abertas)

O nacionalismo hindu está gerando uma onda de perseguição violenta contra os cristãos na Índia, de acordo com a Portas Abertas, que fornece em seu atual relatório “Destructive Lies” [Mentiras Destrutivas], relatos perturbadores de violência e intimidação contra cristãos, incluindo assédio, estupro e assassinato.

O relatório adverte que os cristãos na Índia agora estão enfrentando uma “ameaça existencial”, com a perseguição sendo atribuída, principalmente, a nacionalistas hindus extremamente violentos.

O fortalecimento do “movimento Hindutva”, uma forma de nacionalismo que define a identidade indiana apenas em termos de hinduísmo, faz com que as pessoas enxerguem todas as outras religiões e filosofias não indígenas da Índia como intrusa ou “não-indianas”.

Ações atribuídas ao “Hindutva”

Em um incidente chocante, uma mulher deu à luz um bebê natimorto depois de ser violentamente chutada no estômago por uma multidão nacionalista hindu. Em outro ataque, um trabalhador foi preso, espancado por uma multidão e depois foi deixado por policiais numa cela para morrer.

“Por meio da desinformação e da propaganda anticristã, este movimento cultural e político de limpeza religiosa está se acelerando e precisa urgentemente de uma ação internacional”, escreveu o Dr. David Landrum, chefe da Advocacia da Portas Abertas para o Reino Unido e Irlanda.

Cristãos e muçulmanos são acusados de espalhar o vírus

A perseguição não diminuiu com a pandemia, pelo contrário, de acordo com o relatório, o que ocorreu foi uma campanha combinada de desinformação contra cristãos e muçulmanos, que foram “acusados por espalhar o vírus e infectar os hindus”. 

Em vez de ajudar as vítimas, a polícia, os tribunais e os agentes do Estado ignoram a perseguição e até demonstram certa tolerância. Os pesquisadores descobriram evidências de que a polícia e os agentes da lei se recusaram a prender ou impedir que as multidões atacassem fisicamente os cristãos e muçulmanos ou violassem suas propriedades.

Houve casos de perda ou destruição “deliberada” de provas e ocasiões em que eles simplesmente se recusaram a aceitá-las. Um co-autor do relatório, que não pode ser identificado por motivos de segurança, disse: “É chocante ver até que ponto os atores estatais são cúmplices da violência”. 

“Os burocratas, a polícia, os juízes de primeira instância, todos eles estão conspirando abertamente para perseguir essas minorias”, continuou. Ele também disse que os políticos e os proprietários poderosos da mídia dão claros sinais de que esse comportamento [perseguição] é até desejável.

Cristãos na mira de hindus radicais

O relatório, então, conclui que a perseguição não só aumentou como agravou os desafios que os cristãos já enfrentavam, como a pobreza. “A vida diária para muitas comunidades cristãs e muçulmanas, nas áreas urbanas e rurais da Índia, tornou-se uma luta angustiante”, acrescentou o co-autor.

Não tem sido fácil enfrentar o dia a dia, assim como não tem sido fácil manter a fé cristã na Índia. Aquele que não pratica o hinduísmo permanece sob o radar das organizações de extrema direita do movimento Hindutva, que agora domina a esfera pública e política indiana.

O relatório foi escrito pela London School of Economics (LSE), em nome da Portas Abertas, e foi baseado em dados compilados entre fevereiro e março deste ano, por uma equipe de pesquisa da LSE que fica na Índia.

Entre as recomendações estão os pedidos para uma comissão internacional de apuração de fatos, para registrar os níveis de violência e violações dos direitos humanos contra as minorias religiosas na Índia. 

Além disso, exorta as empresas de mídia social a tomarem medidas firmes contra casos de discriminação, incitação e assédio contra minorias religiosas em suas plataformas.

O Dr. Landrum disse que a comunidade internacional não pode mais ignorar o que está acontecendo na Índia. “Eles não podem fechar os olhos a essas atrocidades. Estamos pedindo uma investigação completa desta perseguição brutal e sistemática das minorias religiosas”, finalizou.

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