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Cientistas analisam se pregos do primeiro século estão ligados à crucificação de Jesus

Segundo pesquisadores envolvidos no estudo, os pregos teriam sido os mesmos encontrados na tumba de Caifás, sacerdote que condenou Jesus à morte.

Fonte: Guiame, com informações do Daily MailAtualizado: terça-feira, 27 de outubro de 2020 às 15:07
Uma dos dois pregos que foram encontrados com fragmentos de osso em Jerusalém. (Foto: Pen News/Aryeh Shimron)
Uma dos dois pregos que foram encontrados com fragmentos de osso em Jerusalém. (Foto: Pen News/Aryeh Shimron)

Pregos que poderiam estar vinculados à crucificação de Jesus Cristo têm fragmentos de ossos antigos e madeira, segundo a confirmação de cientistas israelenses. 

Os pregos teriam sido encontrados em Jerusalém em 1990, em um sepulcro do primeiro século que acredita-se ser o local onde foi colocado o corpo de Caifás, o sacerdote que condenou Jesus à morte.

Em algum momento depois que a caverna foi escavada, no entanto, os pregos desapareceram. Até que, anos depois, o cineasta israelense Simcha Jacobovici alegou ter encontrado os pregos, afirmando que eles foram usados ​​para crucificar o próprio Jesus no documentário “Nails Of The Cross” (“Pregos da Cruz”), em 2011.

Na época, estudiosos negaram que os pregos encontrados por Jacobovici fossem os mesmos da tumba de Caifás. Mas agora um novo estudo conclui o que os pregos são realmente os mesmos do sepulcro — e que provavelmente foram usados ​​para crucificar alguém.

O autor principal do estudo, Dr. Aryeh Shimron, comparou o material dos pregos com o material encontrado na caverna onde estão os ossários — uma espécie de depósito usado para armazenar ossos de pessoas mortas.

“Os materiais diferem sutilmente de caverna para caverna, dependendo da topografia, da composição do solo na área, do microclima e da vegetação próxima”, disse Shimron, de acordo com o site britânico Daily Mail.

“A nossa análise demonstra de forma clara e inequívoca que estes materiais [da caverna] são químico e fisicamente idênticos aos que, ao longo dos séculos, também se fixaram nos pregos”, acrescentou Shimron.

A caverna de Caifás foi a única que correspondeu aos pregos de 25 túmulos analisados pelo Dr. Shimron. 

“Também descobrimos lascas finas de madeira acumuladas dentro da ferrugem do óxido de ferro dos pregos”, continuou. “Está bem preservado e inteiramente petrificado. Portanto a madeira é antiga, e não obra do acaso ou um acessório falso e artificial feito para os pregos”.

O pesquisador também disse que, dentro da ferrugem e sedimentos presos aos pregos, foram identificados “vários fragmentos microscópicos de osso”.

Para o Dr. Shimron, um geólogo aposentado que trabalhou com o Serviço de Pesquisa Geológica de Israel, esta é uma evidência convincente. “Acredito que a evidência científica de que os pregos foram usados ​​para crucificar alguém é realmente poderosa”, disse ele.


Aryeh Shimron em pé sobre o local da tumba de Caifás. (Foto: Pen News/Aryeh Shimron)

Por que os pregos estariam na tumba de Caifás? Um dos argumentos usados por Jacobovici é que os pregos podem ter sido guardados por um Caifás que morreu cheio de remorso.

Acredita-se também que os pregos usados ​​na crucificação já foram considerados amuletos, tendo poderosas propriedades de cura.

No entanto, o Dr. Shimron não chega conecta os pregos ao próprio Cristo. “A evidência de que os pregos foram usados ​​em uma crucificação é realmente poderosa. Mas a única evidência que temos de que foram usados ​​para crucificar o Jesus dos Evangelhos é que foram encontrados na tumba de Caifás”, explica.

“Nossas evidências são suficientes? Realmente não posso dizer, prefiro confiar na boa ciência ao invés da especulação”, disse Shimron. “Talvez um leitor do manuscrito completo deva confiar em seu próprio julgamento”.

Origem dos pregos e suas controvérsias

A Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA) sempre sustentou a ideia de que os pregos em questão não são os mesmos da tumba de Caifás.

Embora o órgão israelense tenha admitido que o novo estudo seja “interessante” e forneça “material para reflexão”, um porta-voz da IAA disse que suas “conclusões históricas inequívocas” podem ser problemáticas.

“Parece razoável que os pregos mencionados na pesquisa realmente vieram de uma caverna em Jerusalém que data do mesmo período. No entanto, uma conexão direta com esta caverna específica não foi comprovada”, diz uma declaração da IAA.

“Na verdade, mesmo que uma conexão tenha sido encontrada, ainda não podemos determinar com algum grau de certeza se a caverna é de fato o local de sepultamento do sumo sacerdote Caifás”, continuou o órgão. “A opinião oficial do IAA é que os pregos poderiam ter sido usados ​​em qualquer uma das centenas de pessoas que infringiram a lei romana e sofreram este tipo de execução”.

O Dr. Shimron afirma que “a maioria dos arqueólogos e historiadores, embora não todos, aceitam que a tumba pertence ao sumo sacerdote Caifás”, observando que o nome está inscrito em dois dos 12 ossários encontrados na tumba.

Mas Shimron admite que há uma explicação alternativa para os traços de madeira encontrados nos pregos, embora acredite ser menos provável. “Talvez Caifás, que trabalhava no Monte do Templo, tenha removido intencionalmente os pregos de algum objeto arquitetônico feito de cedro no complexo do Templo”, afirma.

Um ex-funcionário do IAA, Joe Zias, disse que os pregos em questão eram, na verdade, do laboratório de um antropólogo falecido, Nicu Haas.

Zias afirma que ele mesmo enviou os pregos para a Universidade de Tel Aviv, onde foram descobertos mais tarde, enquanto limpava o laboratório de Haas depois que um acidente deixou o cientista em coma.

Falando ao jornal israelense Haaretz, ele disse que os pregos teriam sido extraviados durante o percurso e “certos aspirantes a arqueólogos decidiram que seria uma grande história dizer que eles eram da tumba de Caifás”.

Se os pregos originais da tumba de Caifás foram perdidos, disse ele, foi porque eles eram “de pouca importância científica”.

No entanto, isso não explica por que Haas mantinha esses pregos em seu laboratório. Haas é considerado o pai da antropologia física em Israel e um cientista que normalmente se preocupava com restos humanos.

Até hoje, a comunidade científica reconhece apenas um exemplo indiscutível de restos humanos de uma crucificação, encontrado em 1968, quando os arqueólogos desenterraram um osso de calcanhar com um prego ainda cravado nele.


Os únicos restos indiscutíveis de um humano crucificado, com prego ainda perfurado no osso do calcanhar. (Foto: Reuters)

Ainda assim, Shimron defende: “Identificar dois pregos de uma crucificação dentro do contexto arqueológico da tumba de Caifás é de tremenda importância para a história e ainda mais para o cristianismo primitivo”.

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