Quando se pensa que o Brasil é um país em processo de envelhecimento populacional e que o número de idosos é crescente, não é de se estranhar que esta faixa etária terá necessidades específicas para manter sua qualiade de vida. Ao se referir às necessidades da população idosa, todos pensam em conquistas na área da saúde e em mudanças na Previdência. Estas são, sem dúvida, grandes necessidades dos idosos que precisam ser repensadas, mas este é um modo de pensar muito reducionista. Os idosos, assim como as pessoas das outras faixas etárias, posuem uma ampla gama de necessidades.
Numa matéria publicada no jornal Tribuna de Minas (Juiz de Fora MG), do dia 15 de maio de 2011, fica evidente como na cidade de Juiz de Fora o aumento da população idosa não é acompanhado pelo incremento nos serviços voltados para esta faixa etária. Os repórteres elucidaram que os idosos entrevistados reclamaram, por exemplo, da falta de lojas de vestuário voltadas esclusivamente para a população idosa, além de mostrarem sua demanda na compra de pacotes de viagens.
Ao meu ver, existem várias outras carências a serem supridas para que os idosos possam realmente viver com mais qualidade de vida.
Começo ressaltando a importância da inclusão digital para este público alvo. Utilizar o computador, sem sombra de dúvidas, trará benefícios para o idoso, mas penso em algo mais amplo. Atualmente, vivemos num mundo cada vez mais informatizado. O idoso prcisa acessar dispositivos, por exemplo, para sacar dinheiro num caixa eletrônico, falar ao celular, acessar o menu da tv por assinatura, utilizar controles remotos, visualizar preços de produtos em terminais com códigos de barra, dentre outras tarefas simples do dia-a-dia que podem parecer extremamente complicadas para quem não está habituado a lidar com coputadores.
Em relação às lojas de roupas, como diziam na matéria do referido jornal, acho importante pensarem não somente em roupas para as pessoas idosas, como também para aquelas na meia idade, que costumam reclamar só encontrar roupas de idosa ou de menina.
Uma grande necessidade se diz respeito às opções de acessibilidade, uma realidade que ainda não é colocada em prática em muitas cidades. Além de preocupar com a conservação dos passeios públicos (evitando quedas), a instalação de rampas e corrimãos em escadas e locais de difícil acesso facilita a locomoção dos idosos com alguma limitação. Também é importante sempre garantir a meia-entrada, a gratuidade do transporte público (sem humilhações ou constrangimentos), vigiar pelo adequado destino das vagas de estacionamento dedicadas aos idosos (que costumam ser ocupadas por cidadãos desrespeitosos), garantir (sem desculpas) o atendimento preferencial a eles.
O Estatuto do Idoso fala sobre a inclusão de programas relacionados ao processo de envelhecimento na mídia, mas onde estão estes programas? Será que a programação cultural das cidades (peças de teatros, cinema, shows, dentre outros) atende às expectativas da população idosa?
O idoso encontra campo no mercado de trabalho? Dia desses assisti a uma discussão onde uma pessoa defendia o direito dos idosos (por vontade ou necessidade) retornarem ao mercado de trabalho após a aposentadoria, enquanto, por outro lado, uma pessoa criticava esta tendência, argumentando que este processo restringe a inclusão dos jovens no mercado de trabalho. Ambos não possuem seu direito? O idoso pode compartilhar sua experiência e ensinar outros profissionais, enquanto que o jovem, além de aprender, pode compartilhar seu dinamismo e entusiasmo ao começar sua carreira.
Idosos também podem ter desejo ou necessidade de retornar à escola, seja para concluir seus estudos outrora inacabados ou para investir numa nova formação, mas as escolas estão de portas abertas para eles? Os currículos educacionais estão voltados para certas necessidades específicas deste segmento populacional? Fica difícil pensar num material didático apropriado para pessoas que normalmente apresentam dificuldades relacionadas à visão, pois até mesmos os folhetos entregues nas igrejas, locais de grande concentração de idosos, são caracterizados por letras excessivamente pequenas.
Termino o artigo com a parte que deveria ser a primeira. As famílias estão preparadas para ter um idoso em seu meio? Convivem com os conflitos geracionais, compartilham esperiências e têm condições de atender um idoso saudável ou dependente? Os familiares respeitam o idoso em sua integralidade, sem ironias e preconceitos? Estas são apenas algumas das necessidades dessa população que envelhece.
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