Ed René Kivitz

Dia desses jantei com um Deputado Federal. Perguntei a ele quais seriam os sete pecados da vida p&uacute;blica. O que desqualifica um pol&iacute;tico, deputado?, quis saber. Ele mandou essa.
1. VENDER VOTO, a verdadeira ess&ecirc;ncia da corrup&ccedil;&atilde;o, pois implica votar contra a pr&oacute;pria consci&ecirc;ncia, ou em detrimento do interesse p&uacute;blico, em favor de conveni&ecirc;ncias ou benef&iacute;cios particulares e de grupos que bem remuneram os votantes;
2. CEDER &Agrave; PRESS&Atilde;O, ser pusil&acirc;nime, n&atilde;o ter coragem de assumir posicionamentos aut&ecirc;nticos, abrir m&atilde;o de convic&ccedil;&otilde;es em favor dos jogos de interesses, e tamb&eacute;m n&atilde;o aguentar levar pedradas por defender o que considera justo;
3. DESRESPEITAR A FRONTEIRA P&Uacute;BLICO/PRIVADO, misturar a pessoa f&iacute;sica com a jur&iacute;dica, usar verbas p&uacute;blicas para despesas pessoais, pagar contas familiares e particulares com dinheiro do povo;
4. USAR A FUN&Ccedil;&Atilde;O P&Uacute;BLICA PARA BENEF&Iacute;CIO PESSOAL, usar o mandato como um neg&oacute;cio particular, transformar seu gabinete em um balc&atilde;o de neg&oacute;cios, viver articulando meios de utilizar a m&aacute;quina p&uacute;blica para enriquecimento pr&oacute;prio;
5. USAR PESSOAS, abusar do poder, olhar todo mundo de cima para baixo, deixar de se enxergar como servidor e acreditar que est&aacute; l&aacute; para ser servido, manipular pessoas com promessas falsas;
6. ABUSAR DA FUN&Ccedil;&Atilde;O, isto &eacute;, dar carteirada, o famoso &ldquo;voc&ecirc; sabe com quem est&aacute; falando?&rdquo;, achar que a fun&ccedil;&atilde;o p&uacute;blica o coloca acima da lei ou das responsabilidades e dificuldades de qualquer cidad&atilde;o;
7. SER DESLEAL, n&atilde;o manter a palavra empenhada.
Em seguida perguntei quantos pol&iacute;ticos ele conhecia inocentes desses pecados, e ele, pol&iacute;tico experiente, disse que &ldquo;a C&acirc;mara &eacute; o retrato da sociedade, e por essa raz&atilde;o &eacute; constitu&iacute;da em sua grande maioria por pessoas de bem&rdquo;. Ao final do jantar me coloquei &agrave; disposi&ccedil;&atilde;o para o dia quando ele desejasse se confessar. Trocamos um sorriso discreto, um aperto de m&atilde;o, e ca&iacute;mos na escurid&atilde;o da noite, cada um voltando para sua casa. 
*As opini&otilde;es aqui expressas s&atilde;o de exclusiva responsabilidade do autor do texto e n&atilde;o refletem necessariamente o posicionamento oficial do Portal Guiame.

Em conversa com um deputado, ele me listou alguns 'pecados da vida pública'.

Os pecados de cada um

Deus chama Abra&atilde;o para que deixe sua terra e sua parentela para seguir a uma terra de prosperidade e abund&acirc;ncia onde se estabeleceria como pai de uma grande na&ccedil;&atilde;o. Apesar de Sara, sua mulher, ser est&eacute;ril, Deus promete a Abra&atilde;o que sua descend&ecirc;ncia seria t&atilde;o numerosa quanto as estrelas do c&eacute;u. Passados 25 anos a promessa se cumpre no nascimento de Isaque, que Sara e Abra&atilde;o tomam nos bra&ccedil;os como raz&atilde;o de ser de sua exist&ecirc;ncia e semente de um futuro de prosperidade sem fim.
O happy end entra em colapso quando Deus pede que Abra&atilde;o ofere&ccedil;a seu filho, seu &uacute;nico filho Isaque, em sacrif&iacute;cio. Matar o filho significaria perder a raz&atilde;o de existir e arrancar a semente do futuro antes mesmo que ela brotasse. N&atilde;o haveria mais uma grande na&ccedil;&atilde;o, e a primeira das estrelas sem conta seria apagada deixando o c&eacute;u vazio de luz e a alma de Abra&atilde;o na mais densa escurid&atilde;o. Mas Abra&atilde;o obedece em sil&ecirc;ncio. Simplesmente levanta o cutelo sobre a garganta de seu filho Isaque para imol&aacute;-lo em oferta a Deus, conforme havia sido solicitado.
No momento &uacute;ltimo do ato sacrificial Abra&atilde;o &eacute; interrompido por um anjo que lhe ordena poupar a vida de seu filho: a disposi&ccedil;&atilde;o ao sacrif&iacute;cio valera tanto quanto o sacrif&iacute;cio em si. Abra&atilde;o e seu filho Isaque voltam para casa e deixam para tr&aacute;s o Monte Mori&aacute; que passa para a hist&oacute;ria como o altar de um sacrif&iacute;cio que, embora jamais consumado, catapultou Abra&atilde;o do status de um homem temente a Deus ao pante&atilde;o de pai da f&eacute;, aben&ccedil;oando assim todas as fam&iacute;lias da terra.
Deus chama Mois&eacute;s para que saia de sua terra e de sua parentela para libertar e conduzir o povo, desc&ecirc;ncia de Abra&atilde;o, &agrave; terra prometida. Mois&eacute;s reluta, mas &eacute; convencido por Deus a aceitar a empreitada. A hist&oacute;ria segue uma trama jamais imaginada nem mesmo pelo mais criativo dos roteiristas: enfrentamento de Fara&oacute;, dez pragas sobre o Egito, abertura do Mar Vermelho para que o povo escravo siga a p&eacute;s enxutos rumo &agrave; liberdade e ao futuro prometido por Deus. Naquela madrugada de sa&iacute;da do Egito, o sonho sonhado todas as noites durante pelo menos cinco s&eacute;culos se tornava realidade. Mois&eacute;s &agrave; frente e seu povo atr&aacute;s. Deus sobre todos.
No deserto, meio caminho da terra prometida, Deus, que falava com Mois&eacute;s face a face, como quem fala a um amigo, desabafa sua irrita&ccedil;&atilde;o para com o povo e desiste de seguir viagem. Garante a Mois&eacute;s que a escolta de um anjo respons&aacute;vel por oferecer dire&ccedil;&atilde;o, prote&ccedil;&atilde;o, e provis&atilde;o. Deus garante o &ecirc;xito do projeto, mas nega sua companhia. Ou o Senhor vai conosco, ou ningu&eacute;m arreda o p&eacute; daqui, diz Mois&eacute;s para Deus num ato de justificado atrevimento. Deus ent&atilde;o se compromete a acompanhar Mois&eacute;s e o povo &agrave; terra da promessa, Cana&atilde;, terra de leite e mel.
Abra&atilde;o e Mois&eacute;s s&atilde;o objetos de revela&ccedil;&atilde;o de duas quest&otilde;es opostas e complementares que assolam todos aqueles que desejam a intimidade com Deus. Ao pedir a Abra&atilde;o que sacrifique Isaque, Deus est&aacute; perguntando: quero saber se voc&ecirc; &eacute; capaz de viver comigo e mais nada. Ao negar a Mois&eacute;s sua companhia, mas garantir que nada mais lhe faltaria, Deus est&aacute; perguntando: quero saber se voc&ecirc; &eacute; capaz de viver com tudo, menos eu.
As duas respostas, de Abra&atilde;o e Mois&eacute;s, revelam que se &eacute; verdade que Deus e mais nada &eacute; suficiente, n&atilde;o &eacute; menos verdadeiro que tudo, sem Deus, n&atilde;o &eacute; o bastante.

Abraão e Moisés são objetos de revelação de duas questões opostas e complementares que assolam todos aqueles que desejam a intimidade com Deus.

O bastante e o suficiente

Passado algum tempo, Deus p&ocirc;s Abra&atilde;o &agrave; prova, dizendo-lhe: "Abra&atilde;o! " Ele respondeu: "Eis-me aqui".
Ent&atilde;o disse Deus: "Tome seu filho, seu &uacute;nico filho, Isaque, a quem voc&ecirc; ama, e v&aacute; para a regi&atilde;o de Mori&aacute;. Sacrifique-o ali como holocausto num dos montes que lhe indicarei".
Abra&atilde;o caiu sobre seus joelhos e clamou aos c&eacute;us: &ldquo;Tudo, menos Isaque, Senhor!&rdquo;
Deus lhe respondeu: &ldquo;N&atilde;o percebe que ao se dispor a me entregar tudo menos Isaque voc&ecirc; transforma Isaque em tudo?&rdquo;
Na manh&atilde; seguinte Abra&atilde;o levantou-se e preparou o seu jumento. Tomou consigo Isaque, e logo ao nascer do sol partiu em dire&ccedil;&atilde;o ao Mori&aacute; para sacrificar seu filho.
Quando chegaram ao lugar que Deus lhe havia indicado, Abra&atilde;o construiu um altar e sobre ele arrumou a lenha. Amarrou seu filho Isaque e o colocou sobre o altar, em cima da lenha. Ent&atilde;o estendeu a m&atilde;o e pegou a faca para fazer o sacrif&iacute;cio que Deus havia solicitado.
Mas o Anjo do Senhor o chamou do c&eacute;u: "Abra&atilde;o! Abra&atilde;o!". "Eis-me aqui", respondeu ele.
"N&atilde;o toque no rapaz", disse o Anjo. "N&atilde;o lhe fa&ccedil;a nada. Agora sei que voc&ecirc; teme a Deus, porque n&atilde;o se negou a abrir m&atilde;o de tudo por amor a mim".
Abra&atilde;o ergueu os olhos e viu um carneiro preso pelos chifres num arbusto. Ent&atilde;o ofereceu aquele carneiro como holocausto em lugar de seu filho.
Abra&atilde;o deu &agrave;quele lugar o nome de "O Senhor prover&aacute;". Por isso at&eacute; hoje se diz: "No monte do Senhor se prover&aacute;".
E nunca mais Abra&atilde;o temeu o amanhecer do dia em que porventura viesse a ter nada.

Abraão, Isaque e a história de um amor sacrificial.

A mesma história, contada um pouquinho diferente

Eu me ajoelho na presen&ccedil;a do Pai, Aquele de quem todas as fam&iacute;lias, nos c&eacute;us e da terra, recebem o nome.
N&atilde;o me canso de pedir que ele os fortale&ccedil;a pelo seu Esp&iacute;rito &mdash; n&atilde;o com for&ccedil;a humana, mas com seu glorioso poder interior &mdash; para que Cristo viva em voc&ecirc;s, que o convidam a entrar no cora&ccedil;&atilde;o.
Pe&ccedil;o a ele que, cheios do amor, voc&ecirc;s sejam capazes de participar, com os demais seguidores de Jesus, da dimens&atilde;o insond&aacute;vel do amor de Cristo.
Conhe&ccedil;am a largura, o comprimento, a altura e a profundidade do amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejam cheios de toda a plenitude de Deus!
Voc&ecirc;s sabem muito bem que Deus pode fazer qualquer coisa, muito mais do que tudo quanto podem imaginar ou pedir!
Quando Deus age, ele nunca o faz de modo for&ccedil;ado, pois o seu agir em n&oacute;s, por seu Esp&iacute;rito, acontece sempre de modo profundo e gentil dentro de n&oacute;s.
Por isso, Gl&oacute;ria a Deus na igreja!
Gl&oacute;ria a Deus no Messias Jesus!
Gl&oacute;ria por todas as gera&ccedil;&otilde;es!
Gl&oacute;ria para todo o sempre!
Am&eacute;m!

Vocês sabem muito bem que Deus pode fazer qualquer coisa, muito mais do que tudo quanto podem imaginar ou pedir!

Uma oração

&ldquo;Qualquer pessoa pode mudar de opini&atilde;o, e algumas vezes bastante rapidamente. Mas, raramente acontece que algu&eacute;m mude de opini&atilde;o pelos argumentos de um outro que decidiu convenc&ecirc;-lo. Assim, se, por uma verdadeira preocupa&ccedil;&atilde;o de difundir a verdade voc&ecirc; resolveu fazer algu&eacute;m evoluir, n&atilde;o diga: vou demonstrar-lhe que est&aacute; errado, mas, vou ajud&aacute;-lo a descobrir a verdade por si mesmo. Muitas vezes o outro estaria pronto para aceitar &rdquo;a&rdquo; verdade e n&atilde;o a &ldquo;sua&rdquo; verdade. Por que voc&ecirc; monopoliza a verdade? Ela existe independentemente de voc&ecirc;. Em noventa por cento dos casos, quando voc&ecirc; a a&ccedil;ambarca, voc&ecirc; a turva. Se voc&ecirc; quiser ser bem sucedido em suas discuss&otilde;es, esque&ccedil;a-se e respeite o outro. N&atilde;o seja o rico que d&aacute; uma esmola ao pobre, mas o amigo que corre em dire&ccedil;&atilde;o ao amigo para se unir a ele, e com ele descobrir a verdade. Trata-se de uma verdade religiosa? Ent&atilde;o nunca se esque&ccedil;a que o cristianismo n&atilde;o se demonstra por meio de racioc&iacute;nios ou de id&eacute;ias, pois antes de ser uma doutrina, o cristianismo &eacute; uma pessoa. A verdade &eacute; Cristo. E n&atilde;o se discute Cristo, acolhe-se Cristo. &lsquo;Discutir religi&atilde;o&rsquo; &eacute;, antes de tudo, dar testemunho e ajudar o outro a encontrar Cristo&rdquo;.
Esses conselhos do vig&aacute;rio cat&oacute;lico Michel Quoist, em sua obra Construir o homem e o mundo, me fizeram lembrar de Amos Oz, um dos mais renomados escritores israelenses da atualidade, dedicado a promover a concilia&ccedil;&atilde;o entre judeus e palestinos em Israel. Ao citar um prov&eacute;rbio &aacute;rabe: &ldquo;n&atilde;o se bate palma com uma &uacute;nica m&atilde;o&rdquo;, o co-fundador do movimento pacifista Paz Agora, diz que &ldquo;o cora&ccedil;&atilde;o do conflito israelense-palestino &eacute; um choque entre certo e certo, e muitas vezes um choque entre errado e errado&rdquo;. Adverte que &ldquo;&eacute; dif&iacute;cil ser profeta numa terra de profetas&rdquo;, mas ainda assim arrisca uma profecia (e que profecia): &rdquo;um dia chegar&aacute; em que haver&aacute; uma embaixada israelense na Palestina e uma embaixada palestina em Israel. Essas duas embaixadas estar&atilde;o a uma dist&acirc;ncia que ser&aacute; coberta a p&eacute;, porque uma delas estar&aacute; em Jerusal&eacute;m Ocidental, a capital de Israel, e a outra ficar&aacute; em Jerusal&eacute;m Oriental, capital da Palestina. Extremistas dos dois lados continuar&atilde;o a fazer de tudo para sabotar um compromisso hist&oacute;rico e a paz &ndash; mas a paz chegar&aacute;, porque a maioria dos dois povos a quer e porque os extremistas s&atilde;o minorias nos dois lados&rdquo;.
Amos Oz acredita que somente os moderados podem promover a paz. Extremistas, fan&aacute;ticos e fundamentalistas s&atilde;o incapazes da auto-cr&iacute;tica, raciocinam em termos n&oacute;s contra eles, s&atilde;o monotem&aacute;ticos, n&atilde;o sabem dialogar, apenas debater, s&atilde;o passionais em sua leitura da realidade, seletivos em suas informa&ccedil;&otilde;es, e geralmente desonestos intelectualmente. N&atilde;o sabem argumentar, sabem gritar, agredir e explodir gente inocente.
Esta &eacute; tamb&eacute;m a l&oacute;gica de Ayaan Hirsi Ali. Nascida na Som&aacute;lia e criada numa fam&iacute;lia isl&acirc;mica de acordo com as tradi&ccedil;&otilde;es da religi&atilde;o, a ativista e escritora, autora de Infiel (2007), A virgem na jaula (2008), e o mais recente, Herege (2015), &eacute; conhecida pelos seus posicionamentos cr&iacute;ticos ao Isl&atilde;. Entre suas teses, est&aacute; a convic&ccedil;&atilde;o de que somente os mu&ccedil;ulmanos que vivem no Ocidente, convertidos aos valores ocidentais, podem promover a reforma e a salva&ccedil;&atilde;o da religi&atilde;o isl&acirc;mica.
Eis alguns valores ocidentais listados por Hirsi Ali como essenciais para a busca de uma coexist&ecirc;ncia pac&iacute;fica apesar das distin&ccedil;&otilde;es abissais entre culturas e religi&otilde;es: individualidade, independ&ecirc;ncia e responsabilidade: cada pessoa decide sua vida, seu rumo, seu caminho; diversidade de ideologias; Constitui&ccedil;&atilde;o acima dos livros Sagrados; leis e regras estabelecidas pelo povo e n&atilde;o por um poder divino; igualdade de todos perante a Lei; liberdade de cren&ccedil;a; possibilidade de construir o futuro (contra o fatalismo); bom senso no julgamento dos valores religiosos.
Esses tr&ecirc;s posicionamentos t&ecirc;m em comum a convic&ccedil;&atilde;o de que o di&aacute;logo e a toler&acirc;ncia s&atilde;o poss&iacute;veis apenas &agrave;queles que aceitam o fato de que vivem num mundo em que os valores e cren&ccedil;as religiosos n&atilde;o podem ser mais impostos ou tomados como verdades absolutas universais. O Iluminismo, movimento filos&oacute;fico do s&eacute;culo 18, destituiu a religi&atilde;o de seu locus dogm&aacute;tico absolutista. Ningu&eacute;m mais pode falar em nome de Deus. Apenas em nome do &ldquo;seu Deus&rdquo;. Ningu&eacute;m mais det&eacute;m a verdade. Apenas &ldquo;sua verdade&rdquo;. O que para os religiosos foi uma perda, para a sociedade plural foi imprescind&iacute;vel como alternativa para a possibilidade de uma sociedade onde &eacute; poss&iacute;vel conviver em paz entre os divergentes.
A tradi&ccedil;&atilde;o judaico-crist&atilde; est&aacute; na base das grandes conquistas da cultura ocidental: os valores que d&atilde;o origem e sustentam &agrave;s no&ccedil;&otilde;es modernas de direitos humanos e das liberdades individuais, como por exemplo cren&ccedil;a e culto, opini&atilde;o e express&atilde;o. &Eacute; surpreendente, portanto, que os crist&atilde;os tenhamos um dia imposto nossas cren&ccedil;as sobre outros povos usando a for&ccedil;a da espada e o bra&ccedil;o militar do Estado, tenhamos massacrado culturas e popula&ccedil;&otilde;es nativas da Am&eacute;rica Latina, promovido a escravid&atilde;o, patrocinado regimes totalit&aacute;rios nos pa&iacute;ses chamados de terceiro mundo, dado sustenta&ccedil;&atilde;o a organiza&ccedil;&otilde;es como a Klu Klux Klan e regimes como o Apartheid na &Aacute;frica do Sul. Hoje fazemos o caminho da volta, buscando a supera&ccedil;&atilde;o de um modelo de expans&atilde;o mission&aacute;ria colonialista, que confunde dar testemunho do evangelho com processo civilizat&oacute;rio euroc&ecirc;ntrico e norteamericano.
Sob pena de perdermos o bonde da hist&oacute;ria e ficarmos batendo bumbo sozinhos na pra&ccedil;a, &eacute; urgente a reflex&atilde;o corajosa a respeito de como podemos e devemos transitar na arena p&uacute;blica. N&atilde;o tenho d&uacute;vidas quanto ao fato de que a voz de Jesus Cristo &eacute; o poder de Deus para a salva&ccedil;&atilde;o de todo aquele que cr&ecirc;. Temo apenas que a sociedade contempor&acirc;nea n&atilde;o ou&ccedil;a essa voz, pois na boca dos extremistas e fan&aacute;ticos a voz de Cristo se confunde com a voz do Diabo.
*[Publicado originalmente na edi&ccedil;&atilde;o 356 da revista Ultimato]

Ed René Kivitz

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