A igreja e sua mensagem comunicacional

Sim. A igreja tem sido ouvida, especialmente por meio de seus líderes, porta-vozes cada vez mais frequentes na mídia tradicional. Uns mais liberais, outros mais conservadores; o fato é que suas opiniões importam

Fonte: guiame.com.brAtualizado: sexta-feira, 5 de setembro de 2014 às 15:45
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microfoneO que é que a igreja tem falado? Seus temas são relevantes? Eles merecem ser conhecidos, divulgados e discutidos? Essas mensagens, geradas aqui e acolá, têm valores comunicacionais que devem ser ouvidos por todos, inclusive pelos que estão do lado de fora das “ecklesias”?

Bem, como jornalista minha resposta é óbvia: sim!

Sim, a mensagem da igreja é relevante. Não estou aqui me restringindo à pregação da palavra de Deus, principal mensagem gerada pelos púlpitos. Mas de todas as demais que eclodem de sua comunidade.

Em tempos de compartilhamentos, acredito que as mensagens diversas geradas pela igreja precisam ser difundidas em todos os ambientes. Porque o que a igreja “pensa” e “diz” são importantes para a sociedade. Exemplo disso é que na coluna Religiosamente, escrita pela colega Anna Virgínia Balloussier na Folha Online, a ocupação do espaço pelos temas evangélicos é claramente maior que pelas demais “religiões”.

A igreja não para de crescer, o que a torna cada vez mais geradora de notícias. Dia após dia seus líderes e membros opinam sobre temas relevantes para toda a sociedade brasileira – aliás, os mais polêmicos até –, como aborto, legalização das drogas, casamento entre pessoas do mesmo sexo e tantos, cujo debate é saudável e necessário que se faça por todos os segmentos da sociedade.

Sim. A igreja tem sido ouvida, especialmente por meio de seus líderes, porta-vozes cada vez mais frequentes na mídia tradicional. Uns mais liberais, outros mais conservadores; o fato é que suas opiniões importam.

As mensagens que saem dos púlpitos das igrejas de norte a sul do país não são apenas interessantes e endereçadas a seu público interno. Os de fora têm querido saber o que se diz, qual é o tom da pregação, dependendo do tema, e qual sua repercussão em termos políticos e sociais.

Dos dois lados – igreja e sociedade – vai se delineando um quadro de maturidade, onde ambas trocam mais ideias do que farpas. Não, não estamos ainda numa época de respeito absoluto e de convivência pacífica entre as pessoas – crentes ou não. Basta ver nas mídias sociais os comentários – muitos deles pejorativos, desrespeitosos e até intolerantes, de ambos os lados – quando o tema é espinhoso. Mas que a relação tem sido cada vez mais próxima, ah, isso tem!

Claro que, a depender do conteúdo destas mensagens, a celeuma reverbera negativa ou positivamente. Digamos que nessa balança, o desequilíbrio é grande, e os “fatos negativos” sobressaem.

Acredito que o grande responsável por isso é o ruído nessa comunicação igreja-sociedade. Por isso não se entendem muito bem. Esse ruído coloca de um lado, a igreja que se julga descriminada e acusa a imprensa de se valer de pautas que desqualificam a mensagem cristã evangélica e seus porta-vozes. Seus interlocutores têm medo e acabam não sendo transparentes e firmes em sua comunicação. De outro, a imprensa que ainda desconhece o ambiente evangélico, que de fato é um tanto quanto misterioso mesmo (até porque lida com as coisas da fé), e isso faz com que ela erre muito ao tratar com esse segmento.

Para mim, ambos enfrentam problemas em suas posições.

A imprensa tradicional, com seus rótulos, tenta de fato descredibilizar, ainda que não assuma isso, a mensagem (informação) que, muitas vezes, ela própria tem buscado.

A igreja, por medo desse comportamento, evita o contato – fundamental – com os profissionais da mídia. Isso é errado. Defendo que o relacionamento precisa existir. E ele tem de ser maduro, frequente e profissional. Claro que não vamos concordar nunca que um líder eclesiástico confronte um repórter sem que ele seja minimamente preparado pra isso. Motivo? É preciso que ele saiba expor suas opiniões de forma não-religiosa e eficiente.

O que quero dizer é que o meio evangélico – gerador de notícias que podem ser relevantes – deve preocupar-se com sua imagem e mensagem. Para isso, nada mais coerente do que ser preparado e conduzido a esse relacionamento por profissionais de comunicação que conheçam o universo evangélico, bem como sua linguagem, conceitos, valores, opiniões e objetivos.

Afinal, a mensagem precisa ser noticiável e de fato atraente, antes de virar conteúdo a ser consumido pelos milhares de leitores, expectadores, ouvintes e internautas.


- Adriana Bernardo é pastora, jornalista e presidente da Associação Brasileira de Mídia Evangélica – ABME-SP

 

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