Os pés são a base de sustentação do corpo e justamente por isso deveriam receber mais atenção.
Deformidades, processos inflamatórios, lesões de ligamentos, fraturas, problemas neurológicos periféricos, enfim, qualquer alteração que leve a distúrbios da marcha pode gerar dores nas costas, alerta o ortopedista Alexandre Leme Godoy, especialista em pés do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).
Segundo o ortopedista Fabio Ravaglia, presidente do Instituto Ortopedia & Saúde, de São Paulo, estimativas da Associação Americana de Pedicuros mostram que ao chegar aos 50 anos, uma pessoa normal, sem qualquer tendência esportiva, terá caminhado cerca de 120 mil quilômetros, o suficiente para dar quase 10 voltas em torno da Terra.
Os ossos dos pés são frágeis, mas unidos por tendões e ligamentos, tornam-se fortes como gravetos juntos em um único feixe. Porém, mesmo sendo resistentes, eles sentem o esforço, reforça Ravaglia.
Entre os problemas que acometem os pés, alguns que parecem corriqueiros podem gerar muito desconforto na coluna. Um deles é o joanete.
Trata-se de uma deformidade do pé caracterizada pelo desvio lateral do primeiro dedo, associada a dores nas articulações e a um levantamento do osso na região. O problema pode levar a alterações no caminhar e ainda causar dores na coluna, afirma Godoy.
O tratamento depende do grau de deformidade e da dor do paciente. Palmilhas são paliativos para amenizar a dor. Em casos graves o mais recomendado é a intervenção cirúrgica, diz Ravaglia. Um dos métodos cirúrgicos para acabar com a deformidade é a técnica de Chevron.
Mas após o procedimento, a pessoa deve tomar outros cuidados, especialmente em calçar sapatos confortáveis, para que a marcha volte a se estabilizar e as dores nas costas causadas pela pisada desapareçam.
Deformidades nos dedos dos pés quando eles são muito grandes ou ficam muito flexionados dentro do calçado, por exemplo também geram dificuldades para usar sapatos e isso pode se refletir em dores pelo corpo.
Existem técnicas variadas para cada caso. Cabe ao especialista avaliar a necessidade de uma intervenção. Em ortopedia, a cirurgia como a de redução de dedos é indicada quando existe dor ou problema funcional, como a falta de movimentação, explica o presidente do Instituto Ortopedia & Saúde.
Recentemente, a BBC divulgou o caso do britânico James Byrne, que perdeu o polegar esquerdo usando uma serra e amputou o dedão do pé para reimplantá-lo na mão. Sua mão voltou funcionar, porém, segundo os especialistas, agora ele terá de dar atenção ao pé para que não haja desequilíbrio postural.
Parece pouco, mas o dedão é responsável por parte do equilíbrio da pessoa. Ou ele terá de colocar uma prótese ou usar um sapato especial, mais duro na extremidade, para conseguir ter o impulso adequado para as passadas e evitar maiores problemas, analisa Ravaglia.
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