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Saúde

Tem mania de coçar os olhos? Saiba quais são os riscos

Quem coça muito os olhos tem chances aumentadas de desenvolver ceratocone.

Fonte: GuiameAtualizado: terça-feira, 26 de junho de 2018 às 12:08
Quem coça muito os olhos tem chances aumentadas de desenvolver ceratocone. (Foto: SG Shot/Shutterstock)
Quem coça muito os olhos tem chances aumentadas de desenvolver ceratocone. (Foto: SG Shot/Shutterstock)

Nesta época do ano, em que a umidade relativa do ar fica baixa, é muito comum ver desde crianças até idosos coçando bastante os olhos. Pode parecer uma atitude inocente, sem desdobramentos. Mas não é bem assim. Se, por um lado, coçar os olhos pode estimular a produção de lágrimas e remover algum agente irritante que está incomodando a visão, por outro lado esfregar os olhos com força pode causar vários prejuízos.

De acordo com o oftalmologista Renato Neves, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos, os danos vão de moderado a grave. Um dos problemas que afetam não exatamente os olhos, mas sua aparência, é romper os pequeninos vasos sanguíneos que circundam todo globo ocular, formando bolsas de sangue que em certa medida vão escurecer a pele em toda essa região. Um problema mais grave é que a mão — geralmente em contato com germes e bactérias — pode facilitar a transmissão de conjuntivite, por exemplo. Mas o mais grave mesmo é que, quem coça muito os olhos, tem chances bastante aumentadas de desenvolver ceratocone.

“Estudo comprovam que pessoas que esfregam frequentemente os olhos, empregando alguma força nesses movimentos, são mais suscetíveis a alterações da córnea — que vai afinando e se tornando mais cônica. Ou seja, além de aumentar o astigmatismo (imperfeição no formato da curvatura da córnea), impedindo a luz de entrar homogeneamente e resultando em distorções e borrões na imagem final, essa coceira pode causar ceratocone — com perda acentuada da acuidade visual”, diz Neves.

O médico explica que, primeiramente, é importante detectar que parte da curvatura da córnea está causando problemas de visão. Depois disso poderá recomendar desde o uso de lentes corretivas até cirurgia refrativa a laser. “Com relação ao ceratocone, em sua fase mais simples ele pode ser tratado com o uso de óculos de grau. A forma mais grave, que pode resultar na perda da visão, costuma ter indicação de transplante de córnea. Por isso, essa doença ocular preocupa tanto e exige prevenção e diagnóstico precoce para interromper sua progressão e permitir um tratamento mais bem-sucedido”.

Segundo o especialista, o ceratocone pode ser classificado em cinco etapas: 1) inicial; 2) moderada e estável; 3) moderada em evolução; 4) avançada; e 5) avançada com opacidades (forma mais grave). Neves revela oito opções de tratamento do ceratocone:

1. Lentes de contato. “No início, a doença pode ser tratada com o uso de lentes de contato ou óculos. As lentes mais modernas oferecem melhor resultado. A híbrida tem a parte central mais rígida e a periférica gelatinosa. Já as lentes esclerais dão um resultado ainda melhor. Por terem um diâmetro grande, elas se apoiam na parte branca do olho (esclera), oferecendo mais conforto e segurança”.

2. Lentes intraoculares fácicas. “Quando o paciente também tem uma miopia muito forte, ele pode se beneficiar das lentes intraoculares fácicas. Elas são implantadas no interior dos olhos e podem corrigir até 20 graus. Geralmente, essas lentes proporcionam excelente melhora da visão à distância sem necessidade de óculos de grau ou lentes de contato”.

3. Anéis intracorneanos. “Numa fase intermediária do ceratocone, os anéis intracorneanos são indicados para restaurar a asfericidade da córnea, ou seja, seu aplainamento. Eles podem melhorar a tolerância às lentes de contato e adiar uma cirurgia. A técnica envolve a inserção de dois segmentos de arco de acrílico especial na córnea”.

4. Crosslinking de colágeno. “O crosslinking é uma técnica que endurece a parte anterior da córnea, estabiliza o ceratocone e, em alguns casos, proporciona melhor visão. Consiste na aplicação de uma vitamina chamada riboflavina (B2) na córnea, estimulando novas ligações entre as moléculas de colágeno — quando exposta à luz ultravioleta a cada cinco minutos durante um total de 30 minutos. Trata-se de uma alternativa segura e que oferece importantes benefícios para os pacientes”.

5. Método CAP (Contour Ablation Pattern). “Com esse tratamento personalizado, o cirurgião esculpe a córnea com muita precisão até atingir o resultado ideal, fazendo uso do laser Excimer. Pacientes com visão estável, mais de 30 anos de idade e espessura suficiente da córnea podem se beneficiar muito do método CAP, obtendo resultados bem parecidos com a cirurgia a laser PRK (fazendo uso de óculos). Normalmente, o crosslinking também é associado a essa modalidade”.

6. Transplante de córnea. “O transplante de córnea é um recurso a ser considerado nos estágios mais avançados de ceratocone. Os resultados têm apresentado uma taxa de sucesso superior a 97%. O paciente pode realizar uma cirurgia a laser (LASIK ou PRK) logo após o transplante e ficar menos dependente de óculos ou lentes de contato”.

7. Ceratoplastia lamelar profunda (DALK). “Neste caso, o transplante é realizado tomando-se o cuidado de preservar a camada interior da córnea — chamada de endotélio. Essa técnica tem se destacado por reduzir os casos de rejeição. Havendo qualquer embaçamento da visão depois do transplante, o paciente deve procurar seu médico imediatamente. Até porque, em caso de rejeição, o paciente recupera 100% da visão se ela for imediatamente tratada”.

8. Laser de femtossegundo. “Trata-se de um dos maiores avanços na cirurgia de córnea nos últimos 30 anos. O uso do laser de femtossegundo, que utiliza pulsos de luz no lugar das lâminas de corte, é muito mais preciso e seguro, além de garantir rápida recuperação para os pacientes. Essa tecnologia é indicada para pacientes que desejam melhorar a visão com ou sem lentes de contato. Seu uso também já foi aprovado na realização de transplante de córnea (também conhecido como IEK)”.

Durante o mês de junho, em que se intensifica a campanha de prevenção ao ceratocone, Neves recomenda lavar os olhos com soro fisiológico ou ainda fazer uso de lágrimas artificiais para evitar coçar os olhos. “Quando a pessoa mantém os olhos hidratados, ela reduz significativamente as chances de começar a esfregar a região com força. Em casos mais graves, até mesmo de alergias, o oftalmologista poderá indicar o uso de colírios específicos para esse fim, à base de anti-histamínicos ou até mesmo esteróides, em casos mais graves. O que importa é saber que coçar demais os olhos não é normal, tem consequências e deve ser evitado ao máximo para preservar a visão”.

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