"Trabalho 100% para Deus", afirma Danielle Scott, central do Finasa

"Trabalho 100% para Deus", afirma Danielle Scott, central do Finasa

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 3:32

"Trabalho 100% para Deus", afirma Danielle Scott, central do Finasa

  

Ágil, forte e alegre, a central Danielle Scott-Arruda mostra porque se diferencia na principal competição do país.

Quando a meio-de-rede Danielle Scott veio pela primeira vez ao Brasil para jogar vôlei, talvez não imaginasse que teria tanto sucesso. Como não bastassem as ótimas passagens no país defendendo equipes como o Leites Nestlé entre 1996 a 98, BCN entre 1998 a 2000, e Macaé em 2006/2007, a jogadora norte-americana agora se destaca pelo Finasa na temporada 2007/2008.

Foi no Brasil também que a atleta teve a oportunidade de conhecer o marido Eduardo Pezão - ex-jogador de vôlei da seleção brasileira e seu atual empresário. A união com o brasileiro, aliás, rendeu-lhe uma história inusitada que terminou no altar em 15 de julho de 2006, após um pedido de casamento dele ser aceito pela internet. Com isso, ela ganhou o sobrenome Arruda.

Depois de jogar também no Japão e na Itália, Danielle voltou ao Brasil em 2006, defendendo o time fluminense do Cimed/Macaé. Na oportunidade, a central esteve tão bem que marcou 333 pontos e terminou a Superliga como a terceira maior pontuadora - atrás apenas de Paula Pequeno (388) e Natália (372), ambas do Finasa.

Nascida em Baton Rouge, Lousiana, a jogadora será destaque da seleção norte-americana nos Jogos Olímpicos de Pequim. Até agora, suas principais conquistas são a medalha de prata no Pan-Americano de Mar del Plata, em 1995, bronze no Pan-Americano de Winnipeg, em 1999, e três participações nas Olimpíadas de Atlanta (1996), Sydney (2000) e Atenas (2004).

Formada em sociologia pela Long Beach State University, a norte-americana, curiosamente, mostrou desenvoltura ainda nas competições de atletismo e basquete.

Nesta entrevista especial, a jogadora que conquistou também o Grand Prix de 1995 e 2001 pela seleção dos Estados Unidos, revela detalhes da carreira, do casamento com o brasileiro, do projeto social que pretende desenvolver, dos Jogos Olímpicos de Pequim, entre outros assuntos.

Guia-me - Você se considera uma estrela do vôlei?

Danielle Scott - Quando conseguimos fazer uma boa carreira, as pessoas e a mídia tendem a nos colocar lá em cima. Mas acredito que num time não deve haver estrelas. É claro que pretendo manter a qualidade e ser vista como uma jogadora de alto nível, porém o mais importante é trazer resultados ao time.

Guia-me - A alegria é uma das características de seu jogo. Como faz para estar sempre motivada?

Danielle Scott - Isso faz parte da minha personalidade, pois tento trabalhar 100% para Deus. Quando procuramos fazer o melhor, o resultado dessa dedicação não poderia sair diferente.

 

Guia-me - Você quase sempre joga como meio-de-rede e ao mesmo tempo costuma marcar muitos pontos. Qual é o segredo?

Danielle Scott - Hoje em dia, as meios não recebem tantas bolas. Apesar disso, fico sempre pronta para atacar. Outros times como o Rexona trabalham mais lances pelo meio. Mas, a minha função principal é puxar as jogadas, atacar quando tiver oportunidade e abrir o jogo para as outras meninas da equipe.

Guia-me - Você tem muita agilidade. Há alguma preparação especial?

Danielle Scott - Sou abençoada por ter um físico privilegiado e aproveito para manter essa estrutura treinando. Conheço bem tanto o meu corpo quanto a força que posso tirar dele. Sou uma pessoa que não pára um segundo, até em casa quando sobra um tempinho faço alongamentos. A todo o momento procuro fazer algo a mais daquilo que é exercitado apenas com o grupo.

Guia-me - O vôlei do Brasil é diferente do jogado em outros países?

Danielle Scott - O básico da modalidade é a mesma em qualquer lugar do mundo. A forma de treinamento, porém, se diferencia um pouco. Para minha sorte, todos os técnicos que trabalhei gostavam de treinar. Então, para mim não mudou tanto. Gosto de jogar no Brasil porque as pessoas são acolhedoras e demonstram muito carinho. Em outros países isso também ocorre, mas não com tanta intensidade.

Guia-me - O fato de estar casada com o ex-jogador Eduardo Pezão ajudou em sua decisão de defender o Finasa?

Danielle Scott - Voltei para o Brasil na hora certa, pois já era o último momento para minha contratação. Quando consegui fechar o contrato com o Finasa, fiquei mais feliz ainda. Aqui em São Paulo, estou num ótimo time e próxima do meu marido.

Guia-me - Como você conheceu e se casou com um brasileiro?

Danielle Scott - Conheci o Pezão em 1999, num jogo no Pinheiros. Depois disso, perdemos contato por cinco anos até que a Virna, que jogava comigo na Itália, deu meu telefone a ele para nos falarmos novamente. Mas, na época, o Eduardo jogava na Suíça e, por isso, ficamos longe um do outro. Já em outra ocasião, o Pezão foi à Itália como técnico para contratar uma jogadora. Lá, acabou me reencontrando e começamos a namorar. Para minha surpresa, ele me enviou um e-mail me pedindo em casamento. Ele pensou que eu não iria concordar, mas aceitei ali mesmo pela internet.

Guia-me - Você deve disputar a quarta Olimpíada de sua carreira em Pequim. Quais são as chances da seleção dos Estados Unidos?

Danielle Scott - As chances são positivas, mas vai depender da fase e da preparação do time. O momento precisa também ser levado em consideração, pois teremos de enfrentar seleções que estão no topo do vôlei mundial. Temos de entrar focadas nos treinos e não entrar só pensando em medalhas. Em 1996 e 2004, por exemplo, tínhamos equipes fortes e com grandes possibilidades de sermos campeãs, mas não deu certo. A seleção precisa entrar mais focada e pensar num set após o outro.

Guia-me - Quantos anos ainda quer jogar vôlei?

Danielle Scott - Quero jogar pelo menos mais uma Superliga. Estou gostando de jogar no Brasil, acima de tudo no Finasa. Claro que se conquistarmos o campeonato ficarei ainda mais motivada para buscar novos títulos pela equipe. Depois penso em começar a fazer minha família, pois já está ficando na hora de termos nosso filho.

Guia-me - Já pensou no que fará após parar de jogar?

Danielle Scott - Tenho várias opções, já que me formei em Sociologia. Penso em ser professora nos Estados Unidos e também poder trabalhar como técnica de vôlei, basquete ou atletismo. Além disso, quero levar adiante meu projeto chamado Believe In You Foudation que irá ajudar as crianças e pessoas que necessitem de assistência social.

Guia-me - Como surgiu a idéia desse projeto?

Danielle Scott - Na maioria das vezes, as minhas idéias surgem de madrugada. Foi assim também em relação ao meu casamento. Acordei pela manhã e disse à minha mãe que iria me casar no dia 15 de julho, e deu certo porque acreditava que esse dia seria bom. Da mesma maneira, surgiu o nome desse projeto que significa "Acredito em Você". Há tempo penso nessa iniciativa, desde que poupei uma quantia recebida por ter sido a melhor bloqueadora em 2002. A Fundação começará, inicialmente, em Louisiana. Mas pretendo expandi-la a outros lugares dos Estados Unidos e Brasil.

Guia-me - É verdade que você jogou basquete e fez atletismo antes do vôlei?

Danielle Scott - Sim, nunca parei um minuto. Minha mãe tinha de me levar a todos os lugares porque sempre competi em clubes. Depois que ganhei uma bolsa de estudos na Long Beach State University, entre 90 e 94, disputei salto em distância e corridas de 200 m. Também me destacava bastante no basquete, mas, às vésperas de me formar, recebi uma convocação da seleção norte-americana de vôlei. Tive de escolher se iria para a seleção ou disputaria outra modalidade pela universidade. Foi aí que optei definitivamente pelo vôlei.

Guia-me - Você conhece o lado social do Programa Finasa Esportes? O que acha da iniciativa?

Danielle Scott - O Programa do Finasa é fundamental para a formação e o desenvolvimento de crianças. Em muitos lugares, encontramos muitas jovens sem apoio social e desorientadas na sociedade. No Programa, elas encontram uma forma de interagir com outras crianças e se desenvolvem em vários sentidos. O projeto não serve apenas para formar competidores, mas antes de tudo para promover a integração social de meninas que passam a descobrir outras maneiras e comportamentos saudáveis para viver.

Foto: João Pires

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