Estuprada pelo Boko Haram, mulher perdoa seus abusadores: "Entreguei minhas dores a Deus"

Mulheres sequestradas e estupradas pelo Boko Haram acabam enfrentando forte preconceito quando conseguem voltar para suas casas.

Fonte: Guiame, com informações da Portas Abertas Atualizado: terça-feira, 28 de agosto de 2018 às 14:51
Esther* segura a pequena filha Rebecca* nos braços, após ter sido resgatada de cativeiro do Boko Haram. (Foto: Portas Abertas)
Esther* segura a pequena filha Rebecca* nos braços, após ter sido resgatada de cativeiro do Boko Haram. (Foto: Portas Abertas)

O governo da Nigéria continua tentando solucionar a intensa guerra civil com motivações religiosas, fomentada por grupos extremistas islâmicos como o Boko Haram e os Fulani. Porém a dor das famílias que perdem seus entes queridos e das pessoas feridas por tanta violência parece não ter fim, quando vista por olhos humanos.

Apesar de não ser uma caminhada fácil, uma mulher chamada Esther* tem encontrado a cura para suas feridas da alma na fé em Jesus Cristo. Ela foi capturada pelo Boko Haram quando tinha apenas 17 anos de idade e os abusos — estupro e constante pressão psicológica — que sofreu durante anos de cativeiro lhe deixaram marcas emocionais profundas.

Mas após ser resgatada do cativeiro, Esther conseguiu se conectar com a Missão Portas Abertas por meio dos líderes de sua igreja e foi convidada para um seminário pós-trauma, no qual ela e outros participantes foram encorajados a falar sobre suas dores e angústias, colocando-as aos pés da cruz.

Além de terem que lidar com a dor dos abusos sofridos em cativeiro, as mulheres resgatadas do domínio de grupos extremistas como o Boko Haram, acabam sofrendo também a rejeição de suas comunidades, pois segundo a cultura local, elas tornam "amaldiçoadas" devido ao estupro. Muitas acabam não suportando tanto preconceito, entram em depressão e até cometem suicídio.

O responsável pelo seminário pediu aos participantes, que escrevessem sobre seus fardos em um pedaço de papel e o pregassem em uma cruz de madeira como uma ilustração, na qual ela reconhecia que Jesus estava levando as dores dela.

"Quando eu prendi aquele pedaço de papel à cruz, eu senti como se estivesse entregando todas as minhas dores para Deus. Me senti leve. Depois, quando todos os pedaços de papel foram tirados da cruz e queimados até virarem cinzas, eu senti como se minha mágoa e vergonha desaparecessem. E nunca mais voltaram", contou.

Hoje, Esther e sua filha Rebecca* estão bem e são uma prova do amor e misericórdia de Deus. Seu testemunho de transformação pode ser vista em sua comunidade, a ponto das pessoas que antes a rejeitavam, agora buscaram saber por qual motivo ela carrega um grande sorriso no rosto.

"As pessoas perceberam uma mudança. Alguns que costumavam zombar de mim agora me perguntam qual é o meu segredo. Eu digo a eles que perdoei meus inimigos e agora confio que Deus agirá em seu tempo", afirmou.

Quanto ao apoio da Missão Portas Abertas, Esther contou que sente como se fossem sua própria família. "Depois de ouvir minha história, vocês não me desprezaram, mas me encorajaram e me mostraram amor. Muito obrigada", concluiu.

*Nomes alterados por motivos de segurança.

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