Diretor da OMS pode ter vínculo com Partido Comunista da China, segundo dissidentes

A Organização Mundial da Saúde tem sido vista como muito flexível em meio às preocupações de Pequim com sua economia e reputação política.

Fonte: Guiame, com informações do Asia TimesAtualizado: sexta-feira, 27 de março de 2020 às 15:05
Presidente Xi Jinping aperta as mãos de Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS, em Pequim. (Foto: Feng Yongbin/China Daily)
Presidente Xi Jinping aperta as mãos de Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS, em Pequim. (Foto: Feng Yongbin/China Daily)

A resposta da Organização Mundial da Saúde (OMS) à China, onde se iniciou a pandemia do novo coronavírus (Covid-19), tem levantado questionamentos de ativistas e críticos do governo comunista chinês.

Yu Jie, um escritor chinês que se tornou dissidente e vive exilado nos Estados Unidos, mencionou a OMS como uma “organização afiliada” do Partido Comunista da China. Yu se converteu ao cristianismo em 2003 e na China era membro de uma igreja doméstica.

Segundo o site de notícias Asia Times, com sede em Hong Kong, Yu notou a falha na avaliação de risco da OMS sobre a disseminação do coronavírus, bem como a relutância da organização em declarar uma emergência de saúde global.

Outro crítico foi o artista chinês Ai Weiwei, conhecido por sua crítica aos abusos do governo chinês sobre democracia e direitos humanos. Ele também transmitiu uma carta de petição exigindo a renúncia do diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom.

“Em 23 de janeiro de 2020, Adhanom se recusou a declarar o surto de vírus na China como uma emergência de saúde global. O número de infectados e mortes aumentou mais de dez vezes em apenas cinco dias desde então. Parte disso está relacionado à subestimação da situação por Adhanom na China”, diz a petição.

Quando o presidente chinês Xi Jinping se encontrou com Adhanom em Pequim no final do mês passado, havia três mesas que separavam Xi e Adhanom dentro do Grande Salão do Povo, sem precisar da ajuda de intérpretes.

Em um longo discurso durante a sessão, Xi contou como ele orquestrou pessoalmente a resposta à pandemia e supervisionou a implantação de recursos, enfatizando a confiança e a capacidade da China de triunfar sobre o vírus sob uma liderança forte e poderosa do Partido Comunista.

No entanto, seria demais esperar que Xi visitaria pessoalmente o epicentro do coronavírus em Wuhan, onde a doença contaminou 35.991 pessoas e matou mais de 1.000, segundo o último levantamento oficial.

A OMS, no entanto, elogiou a “resposta agressiva” da China ao vírus, fechando transportes, escolas e mercados.


Assintomáticos pode chegar a um terço dos infectados pelo coronavírus. (Foto: China Daily/Reuters)

Adhanom, que já foi ministro da Saúde e ministro das Relações Exteriores da Etiópia, é mencionado por Xi e pela mídia estatal chinesa como um “velho amigo” da China.

“É difícil saber exatamente o quão habilidoso Adhanom é em seu trabalho ou quanto dinheiro recebeu da China, mas o homem certamente conhece as regras de etiqueta e como cumprimentar Xi, como qualquer pessoa com bom senso faria, como o chefe de uma OMS sob o feitiço da China”, disse Yu Jie.

Dados camuflados

O número de “portadores silenciosos” — pessoas infectadas pelo novo coronavírus, mas sem sintomas — pode chegar a um terço dos que têm resultado positivo, de acordo com dados classificados do governo chinês, acessados pelo jornal South China Morning Post.

Isso poderia complicar ainda mais as estratégias utilizadas pelos países para conter o vírus, que infectou mais de 300.000 pessoas e deixou mais de 14.000 mortos em todo o mundo.

Mais de 43.000 pessoas na China haviam testado positivo para Covid-19 até o final de fevereiro, mas não apresentavam sintomas imediatos. Eles foram colocados em quarentena e monitorados, mas não foram incluídos na contagem oficial de casos confirmados, que eram de cerca de 80.000 na época.

Um número crescente de estudos está questionando a afirmação anterior da OMS de que a transmissão assintomática era “extremamente rara”. Um relatório da missão internacional da OMS após uma viagem à China estimou que as infecções assintomáticas representavam 1 a 3% dos casos, de acordo com um documento da União Europeia.

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