Sobre a intolerância - por Mario Freitas

Sobre a intolerância - por Mario Freitas

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:08

 

intolerânciaTolerância é o assunto dos nossos dias. As idéias de altruísmo filosófico, de suportar o direito de existir do outro, de oferecer liberdade incondicional ao próximo sem cobrar que ele se encaixe em meus parâmetros éticos ou morais – tudo isso caracteriza o relativismo da pós-modernidade. Nas palavras de Oscar Wilde, trata-se de “deixar todo o mundo viver do jeito que bem quiser”. 
 
A igreja tem sido taxada de “não tolerar” quando se manifesta em conformidade com o que acredita ser a cosmovisão bíblica acerca das coisas e do comportamento. Eu mesmo tenho evitado os debates mais efervescentes, mas reconheço que a tendência do mundo seja de proibir que se proíba, por mais que isso soe paradoxal e sem limites. 
 
Quero falar, no entanto, sobre outro tipo de tolerância (e intolerância). O Antigo Testamento possui contextos de guerra que não consigo explicar. Nem quero. 
 
Mas uma lição me foi preciosa em minha leitura bíblica um dia desses. Em Deuteronômio 20:16-18, ao instruir o povo de Israel acerca da ocupação da terra prometida, Deus ordenou que os povos pagãos fossem expulsos ou totalmente eliminados de lá.
 
Em Josué 15:63, no entanto, constata-se que os jebuseus permaneceram na terra. Durante todo o reinado de Davi, os jebuseus formaram grande oposição, e impediram que a vida do povo em Jerusalém fosse plena (I Crônicas 11:4-7). 
 
Mesmo depois do cativeiro babilônico, o povo de Israel ainda mantinha a influência do paganismo desses povos (Esdras 9:1-3). Sua vida espiritual foi comprometida, porque toleraram o que Deus ordenou que não fosse tolerado. 
 
Sei que posso ser interpretado com polêmica, mas não é de gente (seres humanos) que estou falando. Tolerar o outro, com todas as suas diferenças, também é uma preocupação bíblica. Se há algo que não se pode tolerar é o meu próprio pecado, meus hábitos pagãos que não têm lugar na terra prometida.
 
De vez em quando, após tantos anos caminhando com Jesus, ainda identifico um ou outro “cidadão jebuseu” passeando livremente no centro da cidade da minha alma. Não deveria ter tolerado, mas tolerei. E sigo assim, pecador. Se houver intolerância, portanto, que seja contra mim mesmo.
 
 
- Mario Freitas
 

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