A reforma começa em mim - parte 2

A reforma começa em mim - parte 2

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:10

 

Deus aviva pessoas para fazer algo maior através delas (Êx 3.7-10). Após aparecer de maneira estanha para Moisés, Deus começa a lhe falar qual o propósito dessa manifestação. Deus fala para Moisés que tem visto e ouvido a opressão e o clamor de seu povo. Em dicionários bíblicos, encontramos alguns significados interessantes. Ver aqui tem a ideia de “perceber, de considerar”[1], Deus estava acompanhando tudo o que seu povo passou.  Outra palavra é ouvir, em um de seus significados é perceber com interesse. Deus não apenas escutou o seu povo, mas ouviu com interesse.  Ele não apenas cumpriu uma função de “terapeuta” que apenas ouve, mas ouviu para ajudar e modificar a situação. O clamor dos israelitas passou pelos “ouvidos” de Deus e tocou seu coração. Tanto que no v.9, Deus repete que tem ouvido o clamor dos israelitas e visto como estavam sendo maltratados pelos egípcios.
 
O objetivo dessa manifestação do Senhor a Moisés é explicada no v.8: “Eu desci para livrá-lo dos egípcios e levá-lo daquela terra para uma terra boa e espaçosa, uma terra que dá leite e mel; o lugar do cananeu, do heteu, do amorreu, do perizeu, do heveu e do jebuseu.”. Veja que obra grande: Deus não apenas queria abençoar o indivíduo Moisés, mas através desta experiência sobrenatural, Deus desejava mudar a sorte de toda a nação que estava sendo oprimida no Egito. Deus queria muda-los de endereço. Deus queria tirar seu povo da casa dos outros e leva-los para sua casa própria! Seria um dos maiores programas de habitação da história da humanidade. Uma espécie de “minha casa, minha vida celestial”.
 
A terra que Deus os levaria era para Canaã. “Terra que mana leite e mel”, essa expressão quer dizer um lugar farto rico de alimentação para que seu povo se deleitasse. Mas Deus estava contando com Moises para esta grande obra.
 
Por isso, você é chamado por Deus para sua obra. Podemos até pensar, que como crentes já tivemos um encontro com o Senhor. Deus já nos tirou do mundo. Ele já nos tirou das trevas para sua maravilhosa luz (1Pe 2.9). Deus quer nos usar poderosamente para uma obra maior. Por isso precisamos nos encher do Espírito Santo (Ef 5.18). Precisamos buscar a face de Deus, nos humilharmos debaixo de sua poderosa mão para que a seu tempo nos exalte (1Pe 5.6). E para que Deus nos exalta? Para sermos luz para as pessoas, para levar a graça de Deus a elas (Is 61.1). É nos avivamentos, que Deus forja vocações, é quando ele se manifesta no meio de seu povo que nos chama para ocuparmos um lugar na sua obra. Foi isso que Deus fez com Lutero: “ele dedicou sua vida à reforma da Igreja e à restauração da doutrina paulina da justificação à posição central na teologia cristã”[2]. Por isso, Deus quer “inflamar” você com o Espírito Santo.
 
Não é a toa que quando Cristo voltou ao céu ele concede dons aos homens (Ef 4.8). Todo crente tem pelo menos um dom espiritual. Qual é o seu dom? É ensinar, é curar, é presidir, é falar em línguas? Peça discernimento a Deus. Será que você não tem esquecido o dom que Deus te deu? Se for seu caso a Palavra nos diz: Por essa razão, lembro-te de que despertes o dom de Deus que há em ti (…) (2Tm 1.6). Deus tem algo para fazer através de nossa vida. Seja qual for o nosso dom, qual for nossa capacidade, ele quer nos usar para alcançarmos os perdidos. Tudo o que fazemos deve visar mostrar Cristo ao pecador. Por isso use sua música, seus textos, seus bordados, suas comidas, tudo para que seja um sinal da graça de Deus. Mas como iremos nós cumprir a nossa missão?
 
Às vezes pensamos que os heróis da Bíblia eram perfeitos, mas Moisés sabe de suas limitações, sabe que precisava de Deus para fazer sua vontade. Deus nos dá autoridade espiritual para fazer sua obra. (Êx 3.11-22). Mesmo diante desta verdade, vejamos alguns questionamentos de Moisés. Em primeiro lugar, Moisés não se sentia ninguém, leiamos o v. 11. O ponto central é “Quem sou eu?”. Deus lhe responde não massageando seu “ego”, não falando que ele não deveria pensar aquilo. Deus não combateu os “pensamentos negativos de Moisés”, antes lhe afirmou no v.12: “Eu serei contigo (…)”. A confirmação da presença de Deus era a chegada com o povo ao Sinai, mesmo lugar que Deus apareceu a Moisés na sarça (v.12). Em segundo lugar, Moisés não sabia no nome de quem ia. Esse é seu questionamento no v.13 (ler). Nos vs. 14-15, o Senhor lhe fala qual a maneira seu servo se apresentará.
 
Deus disse a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Assim responderás aos israelitas: EU SOU me enviou a vós. (v.14). No livro “Visão além do alcance” da FUMAP, o Pr. Genesio Mendes Junior explica esta parte de maneira interessante: “Deus diz para Moisés: ‘Eu Sou’. Tal certeza não pede nenhum complemento, pois Ele é o que é, o único que pode dizer que ‘é’ sem qualquer necessidade de complementar com alguma qualidade”[3]. Deus é completo, Deus se basta a si mesmo, não precisa de ninguém, é em nome desse Deus que Moises irá cumprir sua missão. Diante disso Deus lhe dá conselhos como: reunir os anciãos de Israel e contar sobre a manifestação divina e o propósito da mesma (ler os vs.16-18); ele fala da dureza de coração de Faraó (v.19-20) e de que sairão com riquezas do Egito para sustento no deserto (vs.21-22).
 
Moisés ainda fez uma terceira pergunta, no c.4.1, sobre que os israelitas não acreditariam nele ainda. Deus então lhe concede poderes para fazer sinais maravilhosos para o povo (4.2-10). Um último questionamento feito por Moisés, era sobre sua dificuldade de falar (v.10), e assim mesmo tendo provas de que Deus colocaria suas palavras em sua boca (vs.11-12) Moisés pediu que Deus enviasse outro (v.13), o que provocou a ira do Senhor fazendo com que Deus chamasse a Arão seu irmão para o ajuda-lo (v.14-17). Deus te chamou para fazer parte de Sua nação. Fazemos parte da igreja de Deus, do Israel espiritual (Rm 9.6). Quem sabe você se sente incapacitado? Quem sabe você não conhece Deus e nem a sua Palavra? Quem sabe a igreja não acredita que Deus te chamou? Quem sabe você não sabe o que dizer na obra de Deus. Lutero não era perfeito, tinha sua falhas. Conta-se que “Lutero quase sempre respondia a seus oponentes de modo polêmico, usando linguagem extremamente ríspida”[4]. Porém, com a graça de Deus, ele foi um grande canal para obra de Deus.
 
Saiba, porém que você é templo do Espírito Santo (1Co 3.16). Entenda que Deus vai com você para concretizar os planos dele. Ele nos chama em seu nome, e nós somos seus representantes aqui na terra (2co 5.18). Abra a sua boca, proclame o Cristo que te salvou. A nós foi dada essa posição de responsabilidade. Para isso Deus quer nos reavivar! Afinal, quando nós que somos salvos pela graça de Cristo falamos, é “(…) como se Deus vos exortasse por nosso intermédio.” (2Co 5.20). Deus fala, mas não somente isso, ele sinaliza sua presença, como nos disse Jesus “E estes sinais acompanharão os que crerem: em meu nome expulsarão demônios, falarão novas línguas, pegarão em serpentes, e se beberem alguma coisa mortífera não lhes fará mal algum; imporão as mãos aos enfermos, e estes serão curados”. (Mc 16.17-18). Não temamos, Deus é conosco!
 
Moisés volta ao Egito (Êx 4.18-31), e depois de muito sofrimento e de enviar 10 pragas ao país devido à dureza de coração de Faraó (c.f. Êx 5-12.36), até libertarem o povo de Deus, e depois de quarenta anos entrarem alguns em Canaã, a terra prometida. Oremos: Senhor faz uma reforma através de mim. Começando por mim. Louvado seja o Senhor, por este dia 31 de outubro, em que comemoramos a Reforma Protestante. Deus começou uma reforma em Lutero que transformou o mundo todo. Só pode mesmo ter sido obra do Espírito!
 
Voltando a canção, “eu preciso saber” que mencionei no inicio, encontramos algumas frases da vida de Moisés mais para a nossa vida, a canção ainda diz: “Se você também em Deus confiar e nas águas sua vida deixar. Crendo que o Soberano o observa em todo tempo, e você não entende hoje, talvez… Não duvide, o amanhã mostrará”. Creiamos na Palavra de Deus!
 
NA TRINDADE,
 
por Andrei Sampaio Soares
 
 
 
[1] The Word. Palavras analisadas em Êx 3.
[2] ELWELL, Walter A. Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã. Tradução: Gordon Chown. São Paulo: Vida Nova, 2009, p.457.
[3] Jr. Mendes, Genésio. Visão além do alcance: proposta cristã para um tempo ‘secularizante’. São Paulo: FUMAP, 2010, p.26.
[4] ELWELL, Walter A. Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã. Tradução: Gordon Chown. São Paulo: Vida Nova, 2009, p.457.
 

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