Turquia força cristãos a assinarem termo, dizendo que "não sofrem perseguição"

Um proeminente líder cristão turco está acusando o presidente Erdogan de 'mascarar' a perseguição religiosa no país.

Fonte: Guiame, com informações do Christian PostAtualizado: quarta-feira, 8 de agosto de 2018 às 16:19
Homem segura bandeira da Turquia durante homenagem aos 'mártires da democracia'. (Foto: Reuters)
Homem segura bandeira da Turquia durante homenagem aos 'mártires da democracia'. (Foto: Reuters)

Cristãos na Turquia foram pressionados pelo governo a assinar uma declaração de que eles não sofrem perseguição religiosa, disse o líder de uma igreja local.

"A Ordem de Santo André, Arcontes do Patriarcado, lamenta a pressão que o governo turco colocou claramente sobre as minorias religiosas da nação na obtenção de uma declaração sobre a liberdade religiosa deles", disse Anthony J. Limberakis, o Comandante Nacional da Ordem Leste da Igreja Ortodoxa, em um comunicado na semana passada.

"Não é preciso ser um 'evangelista dos Estados Unidos' ou ter uma 'mentalidade sionista' para ver que a declaração de representantes das igrejas greco-ortodoxas e armênias e outras comunidades minoritárias religiosas foi obtida sob coação", acrescentou ele, referindo-se aos comentários do presidente Recep Tayyip Erdogan.

A declaração do presidente turco afirma que pessoas de diferentes religiões vivem "livremente" na nação de maioria muçulmana, de acordo com a agência local de notícias, Anadolu.

"Nós, como representantes religiosos e diretores de fundação de sociedades de diferentes religiões e crenças, que foram estabelecidos neste país por séculos, estamos livres para seguir nossas crenças e práticas", afirma a declaração.

Erdogan usou a declaração para afirmar que "a Turquia não tem problemas relacionados a minorias [religiosas]". Suas declarações vieram em meio a uma grande disputa com os EUA sobre a prisão do pastor americano Andrew Brunson.

O presidente dos norte-americano, Donald Trump, juntamente com congressistas e grupos de vigilância de perseguição, acusou a Turquia de manter Brunson como refém e puni-lo por sua fé cristã.

O tribunal turco colocou Brunson em julgamento sob falsas acusações de que ele se comunicou com grupos curdos acusados ​​de realizar um golpe fracassado no país em 2016.

Contexto

Enquanto Brunson foi recentemente autorizado a sair do regime fechado e esperar o fim do julgamento (previsto para outubro) em prisão domiciliar na Turquia, isso não diminuiu as tensões.

Na semana passada, o Departamento do Tesouro dos EUA atingiu a Turquia com sanções econômicas pelo tratamento que o país de maioria islâmica está dando a Brunson. Erdogan respondeu ao bloqueio econômico, anunciando que seu governo "congelará os ativos dos ministros americanos da Justiça e do Interior que vivem na Turquia".

A Ordem de Santo André, que tem sede nos EUA, disse em seu comunicado que as comunidades greco-ortodoxas e armênias na Turquia estão "bem conscientes" das principais preocupações religiosas para os crentes minoritários no país.

Limberakis acusou o governo de continuar interferindo nas atividades do Patriarcado no país.

Ele argumentou que Erdogan está "agindo como um ditador contra minorias religiosas, pedindo-lhes para assinar um documento que 'desmente a realidade', quando eles não estão em condições de recusar, por medo de que sua situação se deteriore ainda mais".

Limberakis também apontou que a Turquia continua a aprisionar um grande número de jornalistas.

"Assim, esperamos que esta afirmação notória, claramente obtida sob coação, inspire os jornalistas de todo o mundo a investigarem e lançarem luz sobre a situação do Patriarcado e de todos os cristãos e outras minorias religiosas na Turquia", escreveu ele.

 

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