Mais de 3.500 cristãos foram assassinados por grupo terrorista em quatro anos, na Nigéria

Os assassinatos ocorreram em ataques de terroristas Fulani, que têm usado questões de conflito de terras para mascarar a perseguição religiosa no país.

Fonte: Guiame, com informações da Portas AbertasAtualizado: sexta-feira, 11 de setembro de 2020 às 11:33
Enterro em massa na Nigéria revela a gravidade da violência promovida por grupos terroristas no país. (Foto: Pius Utomi Ekpei / AFP / Getty Images)
Enterro em massa na Nigéria revela a gravidade da violência promovida por grupos terroristas no país. (Foto: Pius Utomi Ekpei / AFP / Getty Images)

Os contínuos ataques terroristas e assassinatos de cristãos na Nigéria têm gerado cada vez mais preocupações de grupos de vigilância sobre perseguição religiosa, como a Missão Portas Abertas. Em um artigo recente, a organização internacional afirmou que a situação crítica exige uma resolução urgente por parte do governo nigeriano.

Uma campanha que pede o fim dos ataques no Sudeste de Kaduna está mobilizando atores, atrizes, músicos e cineastas em uma série de vídeos curtos.

Um dos artistas envolvidos na campanha é o cantor nigeriano Joel Amadi, que perdeu o pai em um ataque na vila de Zikpak, em 24 de julho. O ataque teria sido responsabilidade de terroristas fulanis. Ao menos 10 pessoas foram mortas na ocorrência, incluindo um pastor, além dos extremistas islâmicos ainda tentarem incendiar uma igreja.

“Eu sou vítima das mortes em Kaduna. Quero que o mundo todo ouça a minha voz. Desejo paz e que a unidade reine”, disse Amadi em um vídeo.

No dia 9 de agosto, cristãos de diferentes denominações se vestiram de preto e se reuniram em uma igreja em Kaduna, capital do estado, para protestar contra a violência crescente na região.

De acordo com números divulgados pela Missão Portas Abertas, somente os ataques dos fulanis no Cinturão Médio, na Nigéria, já tiraram a vida de pelo menos 3.507 cristãos entre janeiro de 2016 e junho de 2020.

A causa da crise

Os ataques crescentes e a tensão na região teriam uma raiz teoricamente socioeconômica. Com o aumento da desertificação, os pastores de cabra fulanis, que são nômades étnicos, teriam saído para buscar pastos no sul do país, intensificando assim a pressão por recursos já escassos.

A questão é que essa crise também é usada como pretexto para os fulanis radicalizados (extremistas) praticarem a imposição do islamismo e assim atacar cristãos, tendo um conflito por terras mascarando ações de intolerância religiosa. O grupo experimenta ondas de radicalização nas quais a conquista da terra é justificada pela expansão da religião.

Sendo assim, grupos islâmicos encontram oportunidade nessas condições. Nas últimas semanas, um grupo afiliado da Al-Qaeda, chamado Vanguarda para a Proteção dos Muçulmanos na África Negra (Ansaru, da sigla em inglês), alegou estar por trás de um ataque recente no estado de Kaduna.

“Enquanto a violência étnica e a bandidagem continuarem a se expandir pela Nigéria, é provável que o Ansaru tente explorar o caos para ressurgir”, relatou o Long War Journal.

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