Asia Bibi fala pela primeira vez: ‘Peço a Deus que ajude as pessoas acusadas de blasfêmia’

Paquistanesa critica leis de blasfêmia na primeira entrevista após sua libertação de quase uma década no corredor da morte.

Fonte: Guiame, com informações do Faith WireAtualizado: segunda-feira, 2 de setembro de 2019 às 20:19
Ásia Bibi atualmente vive no Canadá. (Foto: Martin Bureau/AFP/Getty)
Ásia Bibi atualmente vive no Canadá. (Foto: Martin Bureau/AFP/Getty)

Uma mulher paquistanesa que passou a maior parte de uma década no corredor da morte após ser condenada por blasfêmia falou pela primeira vez desde que recebeu asilo no Canadá.

Asia Bibi chegou ao Canadá em maio, meses depois que sua longa batalha legal foi finalmente encerrada por uma decisão da Suprema Corte do Paquistão que a declarou inocente.

Agora, em suas primeiras observações desde que foi libertada, Bibi procurou chamar a atenção para a situação de muitos outros que continuam presos por sua fé e pediu a abolição das leis arcaicas de blasfêmia do Paquistão.

"Peço a Deus que todos os envolvidos em casos de blasfêmia sejam libertados e que Deus os ajude", disse Bibi ao Sunday Telegraph.

“Deveria haver mecanismos de investigação adequados ao aplicar esta lei. Não devemos considerar ninguém pecador por esse ato [blasfêmia] sem nenhuma prova”, afirmou.

“Existem muitos outros casos em que os acusados ​​estão presos há anos e sua decisão também deve ser tomada por mérito. O mundo deveria ouvi-los”, declarou.

Bibi também revelou que planeja se mudar para a Europa nos próximos meses, embora seu destino não seja o Reino Unido.

Nos meses seguintes à sua absolvição, milhares de islâmicos radicais tomaram as ruas das principais cidades do Paquistão em protesto. A vida de Bibi estava em grave perigo, e ela foi transportada por diferentes refúgios, numa tentativa de mantê-la viva.

Longa espera

"[O governo do Paquistão] sempre nos disse que seriam duas semanas, ou 10 dias, duas semanas, 10 dias e assim passamos sete meses", disse Jan Figel, enviado especial da UE para a promoção da liberdade de religião ou crença.

Figel, que ajudou a garantir a libertação de Bibi e a fuga do Paquistão, observou que as coisas ficaram tão tensas e difíceis para Asia Bibi, que ela quase desistiu. Bibi também estava lutando com problemas cardíacos como resultado de sua provação.

"A certa altura, ela havia perdido a esperança e um dia me disse que, se ‘eu for assassinada, ou algo acontecer comigo, por favor, não esqueça minhas filhas’", disse Figel.

Bibi acrescentou que, quando chegou a hora de sair, ela não conseguiu se despedir do próprio pai devido a rigorosas precauções de segurança.

As filhas de Asia Bibi posam com uma imagem de sua mãe em pé fora de sua residência em Sheikhupura, Paquistão. (Foto: Adrees Latif/Reuters)

“Meu coração estava partido quando saí dessa maneira sem estar com minha família. O Paquistão é meu país, o Paquistão é minha terra natal, eu amo meu país, amo meu solo”, disse ela.

Determinada a proteger sua família, no entanto, Bibi seguiu em frente com seu plano de escapar da nação que lhe causara tanto dano.

Figel a chamou de "uma mulher admiravelmente corajosa e mãe amorosa" que se recusou repetidamente a abandonar sua fé cristã, mesmo que isso significasse permanecer acorrentada.

"Sua história e a decisão altamente profissional da suprema corte podem servir de base para reformas no Paquistão, que possui um sistema muito ultrapassado de legislação sobre blasfêmia que pode ser facilmente usada de maneira abusiva contra vizinhos e pessoas inocentes", disse ele.

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