Realitys musicais revelam os talentos errados

Mesmo com talentos nos quatro cantos do mundo, a música pop (para reduzir a questão de uma maneira genérica) não está tão carente de cantores. Parece que Deus concedeu este dom a muita gente por todo o planeta...

Fonte: Eu Escolhi EsperarAtualizado: terça-feira, 14 de outubro de 2014 às 16:50
american idol
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american idolDe uma hora pra outra a TV mundial está com uma enxurrada de realitys musicais. Se você nunca assistiu a um programa destes, em que planeta você esteve nos últimos 15 anos?

Tem pra todos os gostos e todas as idades. A busca de um “novo ídolo” da história da música. O mais famoso deles chama-se American Idol e teve sua primeira edição em 2002, no verão americano. Revelou entre outros talentos Kelly Clarkson (em sua temporada de estreia) e Phillip Phillips (décima primeira edição), os mais conhecidos do público brasileiro. A primeira por sua canção-chiclete “Because of You” (sim ela está tocando este tempo todo) e o segundo por ter encarado o palco Mundo do Rock In Rio em 2013, uma façanha para um músico descoberto recentemente.

Aqui no Brasil, há algum tempo atrás, tivemos o Fama no mesmo ano de estreia do American Idol nos Estados Unidos. Sem o mesmo glamour do programa americano, o show acabaria por revelar músicos e cantores/as que se tornaram conhecidos em nosso país como Marina Elali, Roberta Sá e Thiaguinho. Sim, o pagodeiro participou da segunda temporada.

Passado os anos, em diferentes formatos, os realitys (não só os musicais) se espalharam pelos canais, que guerreavam para mostrarem quem seriam os verdadeiros reveladores de talento da música popular brasileira. Ibope misturado com competição. Aliás, tudo hoje em dia é competição. Até cozinhar bem. L

Mesmo com talentos nos quatro cantos do mundo, a música pop (para reduzir a questão de uma maneira genérica) não está tão carente de cantores. Parece que Deus concedeu este dom a muita gente por todo o planeta. Não importa a língua, sempre tem alguém disposto a nos emocionar através da emoção da voz ou pela afinada interpretação. O que está em falta no mercado então? Bons compositores.

Geração após geração é cada dia mais comum que pessoas de menor idade também se interessem pela música do passado, por um motivo simples: identificação. A música melancólica dos anos 60 ainda consegue cativar ouvintes para seu jeito doce e simples de ser. Os anos 70 e a disco music ainda levam pessoas para os bailes, quando não recebe reverência e referência daqueles que ainda fazem música hoje em dia. Os anos 80, esteticamente foram quase neutros, mas seus clássicos ainda invadem as rádios trazendo saudade para os que viveram e vontade de viver aos que não eram nascidos. Os anos 90... Bem este é um caso particular.

Compositores são responsáveis por criarem as pérolas musicais inesquecíveis. Muitas vezes (nem sempre) também são os verdadeiros “culpados” por versos definitivos que passam a fazer parte da nossa história de vida. A figura de quem faz a música é tão forte, que cantores medíocres estão eternizados por músicas melhores do que eles. Por questões éticas não citarei exemplos, mas tenho certeza que você se lembra até hoje “daquela” música sensacional que tocava no rádio (e que ainda aparece vez ou outra), mas nem sabe o destino do intérprete. Coisa normal.

Não é nostalgia. A facilidade da tecnologia parece que trouxe a reboque o alto preço da velocidade e da falta de capricho. Aquele ponto final que levavam compositores demorarem dias, meses e até anos para terminarem uma simples canção. Ao mesmo tempo em que a gente baixa uma canção nos mecanismos que hoje existem, assim também se faz música. Sem a correção de um trecho, sem o perfeccionismo do arranjo, sem o capricho para encerrar a canção.

Logo, mais uma vez, estamos buscando uma nova voz. Sede esta que volta e meia acaba quando descobrimos um novo talento por aí. A grande questão não é a voz apenas, mas que música que a voz canta. E a sede volta...

Quem são hoje os grandes compositores da música mundial? Aqueles que nos fariam deixar as nossas casas para assisti-los e voltarmos de lá sonhando? Se eles têm mais de 60 anos de idade, alguma coisa de muito errado, infelizmente, está acontecendo.


- Daniel Junior

 

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