Sexting: a sensualidade em favor da popularidade

Sexting: a sensualidade em favor da popularidade

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:50

A junção das palavras em inglês sex (sexo) e texting (envio de mensagens) originou o termo SEXTING, prática em que crianças e, principalmente, adolescentes divulgam fotos de seus corpos nus ou seminus em poses sensuais, através da internet ou do celular.

Segundo a Safernet Brasil, dados da Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos, a pornografia infantil está sempre entre os líderes de denúncias no país. Um dado bruto da Safernet aponta que no segundo semestre de 2009 foram recebidas mais de 20 mil denúncias.

O diretor de Prevenção da SaferNet, Rodrigo Nejm, explica melhor como se dá a prática do sexting: "Esse é um fenômeno que ocorre quando o próprio adolescente produz imagens eróticas, sensuais e divulga na rede, diferente de situação em que crianças e adolescentes são forçados a terem essas imagens publicadas em algum lugar. No sexting a própria criança ou adolescente tira fotos íntimas de si mesmo e divulga na internet".

Uma psicóloga americana chamada Susan Lipkins declarou, em uma reportagem do Jornal do Brasil, que adolescentes que tiram fotos seminus estão em busca de popularidade e, inconscientemente, querem testar seu valor de mercado num grupo.

Em entrevista ao GUIA-ME , Gilberto Fernandes Coelho, pastor e psicólogo, interpreta a atitude dos adolescentes como fruto de imaturidade emocional ou sexual. "A auto exposição ou exibicionismo é comportamento próprio de adolescente em processo de formação e de autoafirmação, com vistas a chamar atenção para si, o que revela indícios de imaturidade emocional. Agora, quando esse exibicionismo se volta para a exposição do corpo ou da sexualidade, além de imaturidade emocional, há indícios de imaturidade sexual".

"Outros fatores contribuem e oferecem combustível motivacional para esse tipo de comportamento nos adolescentes, como, por exemplo, a forma com que as pessoas vêm lidando com o corpo; ora como objeto de desejo, ora idolatrando-o, ora como mercadoria, ora como algo valioso e precioso, ora como algo descartável e banal. A mídia se serve do corpo, especialmente da mulher ‘quanto menos roupa melhor’, com vistas a atrair a atenção principalmente dos homens para a venda dos mais variados produtos", pondera o psicólogo.

E a culpa é de quem?

Rodrigo Nejm acredita que os pais têm grande responsabilidade na hora de instruir os filhos: "Podemos dizer também que há pouca discussão sobre a sexualidade e que ela ainda é um tabu, um tema muito delicado e as famílias não tratam disso".

"Os pais podem fazer muito bem esse alerta, assim como a escola também pode ajudar para que eles evitem essa exposição irresponsável. Ele tem que saber que isso pode gerar conseqüências sérias a ele mesmo. A imagem dele pode ser usada, por exemplo, em uma rede de criminosos que vendem esse conteúdo na internet", esclarece o especialista.

O psicólogo Gilberto Coelho não acha justo transferir toda a responsabilidade aos pais, mas afirma que não dá para &fechar os olhos& ao fato de que alguns pais realmente repercutiram negativamente na orientação aos filhos.

"Observe, que nesses casos não é somente os filhos que precisam de ajuda, mas toda a família. Outros pais, ainda que tenham tido boa orientação na constituição de sua sexualidade, mostram-se negligentes quanto a orientação dos filhos. Na prática, tal negligência está presente na falta de limites ao comportamento dos filhos, seja no comer, seja no vestir, seja no respeito para com os outros, seja na falta de critérios para ver programas de TV, seja igualmente na falta de critérios para uso da internet."

Quais os riscos? Tem solução?

Falar sobre o perigo de divulgar fotos na web não parece convencer os adolescentes a fugirem dessa prática. "Na hora de publicar uma foto dessa o adolescente perde completamente o controle e ele não pode se expor dessa maneira para estranhos que estão na internet e podem ver, gravar e manipular esse conteúdo", diz Rodrigo Nejm. Para ilustrar os reais riscos do sexting, jovens da assessoria de imprensa do Ministério Público Federal (MPF) da Paraíba produziram um vídeo que alerta de forma mais clara a armadilha que a superexposição na rede pode ser. Assista ao vídeo Sexting: quando o sonho vira um pesadelo...

O GUIA-ME também perguntou ao diretor de Prevenção da SaferNet sobre o uso das redes sociais nessa autoexposição, principalmente o Orkut - que ainda é preferência entre os brasileiros e que contém diversas comunidades de apologia ao Sexting e até usuários que usam o termo em seus perfis.  "O Orkut acabou facilitando não o crime, mas a exposição das pessoas, o que as deixa mais vulneráveis a práticas criminosas (...) Quanto mais o adolescente publica suas imagens sensuais na internet, mais chance há de que alguém se aproveite dessas imagens e faça o uso que quiser, inclusive nas redes de pornografia infantil", alerta Rodrigo.

Ao indicar quais seriam as providências a serem tomadas de imediato para combater o sexting, Gilberto Coelho afirma que o adolescente, por viver uma fase de formação que carregará por toda a vida, precisa de boas referências e que, seguramente, a principal delas deve ser os pais. Ele descreveu como deve ser o posicionamento dos pais:

"Conversar com os filhos sobre a necessidade de filtrarem informações, estímulos e propostas que sejam nocivas à sua pessoa e à sua integridade física, emocional e espiritual." "Cuidado redobrado quanto ao acesso às salas de bate papo, justamente porque o anonimato favorece extremamente conversas de cunho privado e que tem sido armadilha mortal, tanto para adolescentes, quanto para adultos, por incrível que pareça." "Os adolescentes devem ser alertados claramente sobre pedofilia e o aumento assustador desses casos, via internet. Não podemos deixá-los serem presas fáceis de pessoas que sofrem dessa patologia (doença)." "Os pais precisam estar atentos às amizades dos filhos, ensinando-os a serem seletivos quanto a isso, escolhendo as amizades ao invés de serem escolhidos." "É valioso salientar que filhos precisam se sentir amados e valorizados por seus pais. A prática do afeto, em casa, entre pais e filhos é remédio imunizador contra muitas infelicidades." Por Juliana Simioni

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