Receio pré-adoção

Receio pré-adoção

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:07

No Brasil, o número de pessoas que deseja adotar uma criança é quase seis vezes maior do que a quantidade de pequenos "disponíveis" em entidades - destituídos do convívio familiar, entregues pelos pais ou órfãos - segundo dados de janeiro deste ano do Cadastro Nacional de Adoção (CNA). Mas, mesmo com essa diferença, os abrigos infantis continuam superlotados.

Um dos motivos que leva a essa situação é o perfil procurado pelos pais: a maioria quer meninas brancas de até 18 meses. O problema é que esse não é o caso mais comum entre os pequenos, que em sua maioria são pardos, com mais de dois anos, e muitas vezes têm irmãos, o que dificulta ainda mais a adoção.

Outro ponto considerável pode ser constatado em números: segundo pesquisa da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), apenas 10% da população infantil das entidades pode ser encaminhada para novas famílias. O que impede a transição dos outros 90% são os vínculos familiares, que não deixam de existir em casos de maus tratos, negligência ou falta de condições materiais dos pais.

No Lar Escola Cairbar Schutel, por exemplo, as crianças só são reencaminhadas quando não é possível que retornem para os parentes. "O principal objetivo da entidade é criar condições para que o núcleo familiar original das crianças se equilibre e volte a ter condições de recebê-las novamente", conta o presidente da entidade Haércio Suguimoto. "Não sendo possível, assumimos a missão de prepará-las para a adaptação em uma família substituta".

Além de tudo isso, também existem as questões internas que fazem uma pessoa se propor a adotar, mas que nem sempre são as certas. "Muita gente pensa em acolher uma criança por motivos egoístas, como parar de se sentir sozinha ou poder dizer que tem um filho, mas a decisão deve ser nobre, visando o pequeno", explica a psicóloga Ângela Clara Correia.

Outro erro cometido é iniciar um processo de adoção já atribuindo expectativas ao pequeno. "As pessoas precisam adotar sem saber o que vai acontecer, no risco. É preciso deixar um espaço para que pai e filho construam sua relação, e para que ela posteriormente se torne amor", conclui.

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