Youssef nega ter feito negócio com o PSDB, diz advogado do doleiro.

Criminalista Antônio Figueiredo Basto quer acareação entre Youssef e Leonardo Meirelles, que fez as acusações contra o ex-presidente tucano

Fonte: globo.comAtualizado: quarta-feira, 22 de outubro de 2014 às 19:51

SÃO PAULO — Os advogados do doleiro Alberto Youssef, preso na operação Lava-Jato, apresentaram nesta quarta-feira à Justiça Federal do Paraná um pedido de acareação entre o doleiro e Leonardo Meirelles, diretor-presidente da Labogem. A defesa quer ainda a impugnação do depoimento prestado por Meirelles na segunda-feira onde ele acusa Youssef de ter mantido negócios com o PSDB através do ex-presidente nacional da legenda Sérgio Guerra (PE), morto em março.

— Meu cliente jamais teve negócios com Sérgio Guerra ou com quem quer que seja do PSDB. Em seu depoimento à justiça, como é do conhecimento de todos, ele disse que tinha negócios com o PP e que o dinheiro de propinas da Petrobras iam também para o PT e PMDB — disse o criminalista Antônio Figueiredo Basto.

 

De acordo com a defesa do doleiro, Youssef não teria negociado com o PSDB. O pedido foi encaminhado ao juiz Sérgio Moro, que decidirá nas próximas horas se aceita ou não a acareação entre as partes. O advogado, que pediu também uma acareação entre Youssef e Meirelles para mostrar que seu cliente fala a verdade, Meirelles já prestou quatro depoimentos e em nenhum deles citou o PSDB.

— Não sei quais os interesses que movem Meirelles ao dizer agora que Youssef tinha negócios com o PSDB. Deve ter seus objetivos eleitorais. Mas Youssef não é movido por questões partidárias e está disposto a desmentir Meirelles, garantindo jamais ter tido negócios com o PSDB — afirmou o criminalista.

Segundo Figueiredo Basto, Meirelles já havia confessado, no dia 25 de março, logo após ter sido preso, que conheceu Youssef apenas em 2012.

— Se conheceu Youssef em 2012, como ele pode afirmar que meu cliente teve negócios com o PSDB em 2009? Acho que o depoimento do Meirelles está fazendo o jogo de alguém neste momento de campanha eleitoral, mas reafirmo que meu cliente é apartidário e não está protegendo ninguém. Seu depoimento de colaboração com a Justiça já está no STF e sua delação premiada é apartadiária.

Meirelles é apontado como laranja de Youssef no laboratório Labogen, indústria de remédios que estava falida e que o doleiro usou para tentar conquistar um contrato milionário com o Ministério da Saúde, na gestão do então ministro Alexandre Padilha, para fornecimento de medicamentos. Segundo o Ministério, o contrato não chegou a ser assinado.

Figueiredo Basto disse, contudo, que não pode responder pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa. Em um dos depoimentos da delação premiada, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa disse que pagou R$ 10 milhões para Sérgio Guerra com o objetivo de esvaziar a CPI da Petrobras em 2009.

— Não sei se o Paulo Roberto Costa teve ligações com o PSDB. Esse é um problema dele. No que se refere ao meu cliente, posso garantir que nunca teve negócios com Sérgio Guerra ou com o PSDB.

Para ele, agora Meirelles vai ter que provar em juízo se realmente Youssef tinha ligações com o PSDB.

— Ele vai ter que provar. Não pode ser apenas de ouviu dizer. Meu cliente vai provar tudo o que já contou à Justiça e é por isso que está à disposição para falar o que realmente aconteceu.

A CPI, que começou de forma ruidosa para investigar supostas fraudes na construção da refinaria de Abreu e Lima, entre outras obras da Petrobras, terminou sem qualquer resultado concreto. Guerra morreu em março deste ano e foi substituído na presidência do PSDB pelo senador Aécio Neves, candidato do partido à presidência da República. Na semana passada, a direção do partido disse que todas as denúncias têm que ser investigadas.

Depoimento teria incluído nomes do PSDB no esquema da Petrobras

Na segunda-feira, em depoimento na 13ª Vara Federal de Curitiba, Leonardo Meirelles afirmou que outros políticos do PSDB, além do ex-presidente do partido Sérgio Guerra, receberam dinheiro desviado da Petrobras pela organização do doleiro Alberto Youssef. A questão chegou ao tribunal conduzida pelo advogado de Meirelles, Haroldo Nater, que argumentou sobre o possível envolvimento de tucanos com esquema que teria beneficiado PP, PT e PMDB.

— Acredito eu que o PSDB e eventualmente algum padrinho político do passado e provável conterrâneo ou da região do senhor Alberto — disse Meirelles à justiça que teria confirmado ainda uma conversa por telefone entre Youssef e Sérgio Guerra. O ex-senador estaria cobrando uma promessa não devidamente cumprida pelo doleiro.



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