A proporção de mulheres de 16 anos ou mais sem rendimento está acima do observado para o total da população (25,1%) e para os homens nessa mesma faixa etária (19,4%). A região Norte é onde há mais mulheres nesta condição (37,7%). No oposto está o Sul, com 24,6% das mulheres sem rendimento próprio. (veja gráfico ao lado)
Para as mulheres que têm rendimentos, o principal problema é a disparidade com relação ao que recebem os homens. Apesar de mais instruídas, elas ainda ganham menos que eles. Em 2010, havia mais mulheres entre os universitários de 18 a 24 anos (57,1%). Ainda segundo o IBGE, o nível educacional das mulheres é superior ao dos homens na faixa etária de 25 anos ou mais, e a maior diferença percentual por sexo está justamente no nível superior completo – com 12,5% das mulheres graduadas contra 9,9% dos homens.
Entre 2000 e 2010, elas tiveram o maior aumento relativo de rendimento médio (12% contra 7,9% dos homens), o que reduziu um pouco a diferença. Porém, em 2010, elas ainda ganhavam o equivalente a 68% do rendimento deles.
O componente racial aumenta ainda mais a disparidade. O rendimento médio das mulheres pretas ou pardas, de R$ 727 em 2010, equivalia a 35% do rendimento dos homens brancos, de R$ 2.086. As mulheres das áreas rurais apresentaram os rendimentos mais baixos de todos – R$ 480, inferior ao salário mínimo da época (R$ 510).
"Há uma desigualdade acumulada. Mesmo entre o grupo das mulheres, as brancas estão em melhor situação que as pretas ou pardas, que acabam duplamente desfavorecidas", analisa Barbara.
Razões
Segundo ela, há vários fatores que apontam para a disparidade de rendimentos entre homens e mulheres. Apesar da superioridade escolar da população feminia adulta, elas ainda direcionam para carreiras com menor rendimento médio, como educação, humanidades e arte. Entretanto, o estudo mostra que o rendimento feminino não se iguala ao masculino em nenhuma das áreas gerais analisadas.
A dupla jornada de trabalho da mulher também influencia. "As mulheres ainda são primordialmente responsáveis pelo cuidados familiares e afazeres domésticos. Isso faz com que algumas busquem empregos de carga horária menor e, logo, salários mais baixos", diz.
E, por fim, há a discriminação no mercado de trabalho, muitas vezes estimulada pela própria lei trabalhista. Barbara explica que, diante da possibilidade de a mulher engravidar e precisar ficar seis meses afastada do trabalho, ela acaba sendo preterida de cargos de confiança e mais altos. "Tanto na esfera pública quanto na privada, esses cargos ainda são de homens na maioria", afirma a coordenadora da pesquisa.
Segundo ela, para mudar esse quadro, seria preciso uma ajuda do estado com a oferta de creches e cuidados com o idoso, que poderiam liberar as mulheres para o mercado de trabalho, além da mudança na ideia de que os afazeres da casa são obrigação da mulher. Outro ponto é a mudança na própria lei trabalhista. "Há países que já adotam o mesmo tempo de licença para homens e mulheres que tiveram filhos."