Com fé, pescadores superam lama no Rio Doce: “Vamos aguentar até quando Deus mandar”

A população de um pequeno povoado no Espírito Santo, região afetada pela enxurrada de lama no Rio Doce, continua amparada pela fé em Deus — mas esperam ardentemente a ajuda dos homens.

Fonte: GuiameAtualizado: segunda-feira, 30 de novembro de 2015 às 13:32
O pescador José Lino Moraes, de 62 anos, sofre com a lama no Rio Doce, em Linhares. (Foto: Bernardo Coutinho/A Gazeta)
O pescador José Lino Moraes, de 62 anos, sofre com a lama no Rio Doce, em Linhares. (Foto: Bernardo Coutinho/A Gazeta)

Sem ajuda, sem renda e sem informação, a solução para pescadores e comerciantes que dependem do Rio Doce é Deus, em quem colocam a esperança. “Vamos aguentar até quando Deus mandar”, diz o pescador José Lino Moraes, de 62 anos, enquanto ajeita a rede, hoje sem uso.

José mora em Povoação, uma colônia localizada em Linhares, município que abriga a foz do Rio Doce, na vila de Regência. Foi por este local que desembocou, no litoral do Espírito Santo, a onda de lama de rejeitos de minério da barragem da Samarco rompida em Mariana, Minas Gerais, no dia 5 de novembro. 

Além das lamentáveis mortes de 13 moradores de Mariana e dos 10 desaparecidos, o mar de lama barrou a garantia de renda de pessoas que dependiam do Rio Doce como fonte de sobrevivência.

Na casa da pescadora Rosa de Jesus da Silva Alves, de 38 anos, os freezers onde ficavam os peixes estão vazios. “Assim como a Samarco não estava preparada, os pescadores também não estavam. O negócio do pescador é rede, é pesca, não vivemos de outra coisa. Nós estamos que nem os peixes, morrendo afogados”, lamenta Rosa.

Sem os peixes, a pescadora Regina Barcelos, de 46 anos, também de Povoação, sustenta os seis filhos com a renda de R$ 530 vinda do Bolsa Família. “É pouquinho mas tudo Deus ajuda”, crê Regina, que trabalha com o marido, também pescador. “Nessa época era para estarmos pescando em alto-mar. Mas agora estamos de braços cruzados, sem saber o que fazer”, diz Regina.

Ajuda

Proibidos de pescar tanto no Rio Doce, como no mar enlameado, os trabalhadores esperam se sustentar com o dinheiro do Ministério da Pesca para compensar o período do defeso, que vai de novembro a fevereiro.

O problema é que a primeira parcela só cai no final de dezembro, daqui a quatro semanas, uma eternidade para quem já está sem renda.

Em nota, a prefeitura afirma que algum tipo de ação só deve vir esta semana. A prefeitura diz que apresentou à Samarco projeto para identificar os impactos.

Ainda assim, a população continua amparada pela fé em Deus — mas esperam ardentemente a ajuda dos homens. “Não nos abandonem. Senão nós estamos perdidos”, diz Rosa de Jesus.

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