"Mulheres vão se tornar muçulmanas se forem estupradas por 10 militantes", diz carta do Estado Islâmico

Muitos soldados do EI acreditam em uma suposta 'teologia do estupro', afirmando que abusar sexualmente de crianças e jovens serve como uma "oração" a Alá.

Fonte: Guiame, com informações de Christian TodayAtualizado: sexta-feira, 9 de outubro de 2015 às 13:45
Jovem yazidi em um campo de refugiados depois de fugir de cerco do Estado Islâmico. (Foto: Getty Images)
Jovem yazidi em um campo de refugiados depois de fugir de cerco do Estado Islâmico. (Foto: Getty Images)
Noor, uma yazidi de 22 anos, foi sequestrada pelo Estado Islâmico quando sua aldeia, na província Sinjar, Iraque, foi atacada por jihadistas no ano passado. Ela foi comprada por um militante que a forçou a se casar com ele, segundo relatou à rede CNN. Mais tarde, seu "marido" mostrou a ela uma carta qur recebeu da liderança do grupo extremista.

"Todas as mulheres capturadas vão se tornar muçulmanas se 10 militantes do EI estuprá-las", disse o militante disse a ela. Noor foi então estuprada por seu marido e entregue a 11 de seus amigos, que também a estupraram.
 
Os yazidis constituem um grupo étnico-religioso minoritário, que tem sido fortemente perseguido pelo Estado Islâmico em sua tentativa de estabelecer um califado em todo o Iraque e Síria. Sua religião é um desdobramento do zoroastrismo, que mistura tradições religiosas antigas do cristianismo e do islamismo. O EI acredita que eles sejam "adoradores do diabo".
 
Cerca de 3 mil mulheres e adolescentes, a maioria yazidis, permanecem em cativeiro pelo EI. No início do ano, as Nações Unidas sugeriram que os militantes possam ter executado parte desse número.
 
Noor foi entrevistada ao lado de duas outras jovens que tinham conseguido escapar do EI. Bushra, de 21 anos, disse que mulheres que já foram capturadas grávidas foram forçadas por militantes a abortar.
 
Uma amiga dela estava grávida de três meses quando foi sequestrada pelo EI. "Eles a levaram para outra sala. Havia dois médicos e eles fizeram o aborto", disse Bushra. Quando sua amiga voltou, ela estava sangrando muito e sentindo uma dor excruciante.
 
"Perguntei a ela o que aconteceu e como eles fizeram isso", relatou Bushra. "Ela disse que os médicos disseram a ela para não falar."
 
Outras yazidis fugitivas falaram da intensa exploração de mulheres e crianças capturadas pelo EI. Uma mulher disse aos investigadores da ONU que um "médico" do Estado Islâmico a estuprou repetidamente, e se sentou sobre seu estômago dizendo: "Este bebê deve morrer, porque é um infiel; Eu posso fazer um bebê muçulmano."
 

'Teologia do estupro'

Uma reportagem investigativa publicada pelo New York Times em agosto descobriu que muitos soldados do EI acreditam em uma suposta 'teologia do estupro', afirmando que abusar sexualmente de crianças e jovens serve como uma "oração" a Alá.

O relatório, baseado em entrevistas com 21 mulheres e meninas que escaparam do cativeiro no Iraque, revelou que os jihadistas procuram justificar suas atrocidades com ajuda do Alcorão, o livro sagrado islâmico.

"Ele me disse que de acordo com o Islã, está autorizado a estuprar um incrédulo. Ele disse que poderia até me estuprar e assim estaria chegando mais perto de Deus [Alá]", disse uma garota de anos de idade 12, ao comentar sobre seu sofrimento no cativeiro do EI.

Uma mulher de origem yazidi (minoria étnico-religiosa curda) que fugiu de um dos cativeiros do grupo terrorista Estado Islâmico afirmou que centenas de outras mulheres estão cometendo suicídio, em vez de se submeterem a escravidão sexual, imposta pelos jihadistas, em um cativeiro da região de Sinjar - norte do Iraque.

"Centenas de meninas têm cometido suicídio", disse Saeed Ameena Hasan em uma reportagem da CNN. "Eu tenho algumas fotos das garotas que cometeram suicídio ... elas o fazem quando perdem a esperança de serem resgatadas e quando o Estado Islâmico muitas vezes as vende e as estupra ... Eu acho que haja talvez 100 delas. Perdemos contato com a maioria", acrescentou.

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