Assírio conta como fugiu do Estado Islâmico com a família e diz não entender ataques: "Tudo isso por quê?"

"Este é um crime indizível. Eles queimaram casas, igrejas, mataram e sequestraram famílias", relata Danny Jano

Fonte: Guiame, com informações da AFP/UolAtualizado: sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015 às 18:32
Síria_
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Mesmo de pijama, Danny Jano fugiu com a mulher e duas filhas ao saber que jihadistas armados do Estado Islâmico se aproximavam de sua aldeia, no nordeste da Síria.

Assim como muitos cristãos assírios, a família de Jano tinha como objetivo chegar o mais rápido possível a qualquer lugar seguro.

Por telefone à AFP, Jano, que tem 35 anos, contou como o tumulto começou na segunda-feira, dia 25.

"Nós ouvimos o som de armas automáticas e bombardeiros durante sete horas, assustados, antes de decidirmos abandonar nossa casa (...) Tomamos essa decisão porque sabíamos que o Daech (sigla em árabe para EI) já estava muito perto de nossa aldeia", relatou.

O homem conta que colocou três crianças em sua moto e se juntou ao comboio, além do mais, ele diz que levou cinco horas para percorrer 30km e entrar em Hassake.

"Foram as mais longas e difíceis horas da minha vida, porque éramos alvos de franco-atiradores", lembra Jano, que também viu um carro sendo atingido por um morteiro.

Mesmo com medo, Jano conta que eles não pensaram duas vezes: "Partimos em pijamas sem olhar para trás, sem parar, até chegarmos aqui."

Esta ofensiva do EI forçou cerca de cinco mil pessoas a deixaram suas casas e fugirem, segundo líderes de formações assírias.

Yokhana Harun, líder do ramo sírio do Partido Democrático Assírio, conta que mais de mil famílias foram acomodadas, mas lamenta o acontecido. "É um crime contra os assírios pacíficos. Eles [EI] acabaram com a coexistência, a civilização e a história, e a comunidade internacional olha para tudo isso em silêncio. É um massacre."

Danny Jano, mesmo sem entender as motivações dos jihadistas, têm esperança em voltar para casa. "Este é um crime indizível. Eles queimaram casas, igrejas, mataram e sequestraram famílias, tudo isso por quê? Esta é uma pergunta que eu não tenho a resposta. Vamos voltar para casa. Se não for amanhã, será depois de amanhã", afirma.


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