Sexo, tabus e taras

Sexo depende muito mais de almas entregues do que de posições e fetiches; muito mais de intensidade de entrega, que de variedade de parceiros

Fonte: guiame.com.brAtualizado: terça-feira, 23 de setembro de 2014 às 19:23
sexo
sexo

sexoHá sempre muito mais acontecendo em nós do que nossos corpos são capazes de sentir, o que nosso corpo faz, está conectado diretamente ao que nossa alma sente e não há como desassocia-los.

Na linguagem bíblica, por exemplo, a relação sexual entre um homem e uma mulher os torna "uma só carne", uma só pessoa. Há uma fusão. E esta fusão, em princípio percebida apenas fisicamente, tem nos corpos apenas a ponta do icebergue.

As implicações emocionais e espirituais que a relação sexual promove são tão intensas e tão mal formuladas em nossos dias! Falamos abertamente sobre sexo em todas as mídias, estamos expostos a imagens de sexo como nunca, criamos imensos glossários de nomes para posições e experiências.

Mas de fato, nem arranhamos o cerne da questão. Nossa sexualidade permanece uma ilha submersa desconhecida. Vemos, falamos, expomos muito, mas não do que o sexo realmente é, e sim apenas de uma de suas expressões, a física-comportamental, que germina nos solos dos Tabus e das Taras. Para o primeiro, nada pode, especialmente se dá prazer. Para o segundo, tudo pode, se der prazer. Tarados e santarrões andam de mãos dadas pelas vias superficiais do sexo exposto. Um sofre no anonimato, do desejo de fazer tudo o que a consciência culpada, não tratada, luta pra evitar como o diabo foge da Cruz; o outro se entrega a todo tido de experiência, sem atentar para a realidade de que o que é feito com o corpo, se estabelece na alma.

Quando se tornam uma só carne, uma só pessoa, se tornam inseparáveis. Disso decorre o ideal do casamento interrompido apenas com a morte, porque duas pessoas que se tornam uma só, não se separam para serem inteiras novamente como se tratasse apenas de uma questão física, que a própria distância física fosse capaz de separar. Jesus afirma que o homem não pode separar o que Deus uniu (Mateus 19).

E duas pessoas se tornam uma só, não quando assinam documentos no cartório ou quando recebem as bênçãos religiosas, mas quando se unem sexualmente. Há, portanto, o casamento social, religioso, elaborado para regulamentar, celebrar e legitimar a união entre duas pessoas; e há o casamento existencial, experimentado na relação sexual consumada, que é de fato o "tornar-se uma só carne".

Então, quando tratamos a questão sexual em níveis profundos e amplos, podemos discernir que a relação sexual envolve uma troca de realidades existenciais que imprimem em nós marcas indeléveis. E isso não somente quando casamos no cartório e na igreja, mas sempre que "casamos" na cama com alguém. Há gente que ainda não "casou" no cartório e diante da sociedade, mas que já casou de fato com várias pessoas com quem estabeleceu o vínculo sexual.

O apóstolo Paulo, em 1 Corintios 6, chega a dizer que até uma relação sexual feita com uma prostituta, ou seja, uma relação sem qualquer vínculo social, sem qualquer legitimação jurídica, sem qualquer benção religiosa, com alguém de quem não se precisa nem saber o nome, ainda assim é uma relação que torna os dois uma só carne, uma só pessoa. A mesma expressão que explica a profundidade existencial do ato que aparentemente pensamos ser apenas físico.
Portanto, acredito que todo e qualquer ato sexual envolve muito mais intensidade espiritual e existencial do que estamos acostumados a imaginar. E porque não aprofundamos nosso pensamento é que, na maioria dos casos, oscilamos entre os pólos do Tabu e da Tara.

Não deveríamos ter relações sexuais "descomprometidas", acreditando equivocadamente que nada mais está comprometido quando transamos. Não deveríamos tratar o sexo como algo a ser evitado a qualquer custo, como se em si fosse pecado, pois de fato é nele que consumamos a maior intimidade espiritual e existencial que duas pessoas podem experimentar, com prazer e significado.

Sexo depende muito mais de almas entregues do que de posições e fetiches; muito mais de intensidade de entrega, que de variedade de parceiros. Sexo é a ligação espiritual, emocional, existencial, mais profunda que duas pessoas podem estabelecer e deste significado é que a alma encontra sentido para o que o corpo.

Quem é honesto consigo mesmo saberá que tudo o que foi explicado aqui em linguagem filosófica e teológica é apenas uma demonstração do que sua própria alma sente, frustrada e cansada de relações vividas sem profundidade e significado.

Se você entendeu a importância de tudo, até aqui, então corre o risco de estar avaliando sua própria história e tentando encontrar os penduricalhos de cada relação vivida e descontinuada. O evangelho de Jesus é Graça e Verdade. A verdade que a consciência consegue captar diante da exposição dos fatos e a graça para experimentar reprogramação de alma para seguir em frente. Apenas a consciência dos erros não traz cura, mas remorso, angústia, frustração, culpa. Precisa estar submetida à Graça que tudo renova.


- Alexandre Robles

 

Este conteúdo foi útil para você?

Sua avaliação é importante para entregarmos a melhor notícia

Siga-nos

Mais do Guiame

O Guiame utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência acordo com a nossa Politica de privacidade e, ao continuar navegando você concorda com essas condições