Sexo: E quando elas não pensam naquilo?

Sexo: E quando elas não pensam naquilo?

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:30

O dia foi exaustivo, os filhos clamam por sua atenção, o marido demanda cuidados e ainda tem a casa para cuidar e organizar a cabeça para o próximo dia de trabalho. Nestas condições, quem é capaz de parar tudo e pensar: “vou me produzir, me perfumar e ter uma maravilhosa noite de amor com meu marido?” Parabéns para as que responderam ‘eu’, mas esta matéria é mesmo para a ampla maioria do “comigo, não”.

Falta de comunicação com o parceiro, preocupação com os filhos e o estresse são os vilões da falta de desejo sexual das mulheres modernas, segundo levantamento recente, feito pelo Hospital das Clínicas de São Paulo. A partir do histórico das pacientes do ambulatório de ginecologia, descobriu-se que 70% das pacientes procuraram o serviço por falta de libido, o que por si só mostra certo desconhecimento dos fatores ligados ao sexo, pois ginecologia trata da parte física. Normalmente se pensa que o sexo está ligado à genitália e que esta se trata com o ginecologista quando, na verdade, quase a totalidade dos problemas ligados à falta de vontade de fazer sexo se refere ao emocional.

Para comprovar, os laudos do HC mostraram que 90% dos casos são de origem psicológica. Para Elsa Gay, coordenadora do ambulatório de sexualidade do HC, a perda do ingrediente lúdico nas relações gera esse problema. “É preciso atenção aos toques, beijos e demais fatores de carinho que envolvem uma vida sexual saudável”, ensina. Além da falta de interesse, as reclamações apontam para a dificuldade de se atingir o orgasmo e dores na relação sexual. Ainda assim, o problema continua tendo como motor o fator psicológico. “A mulher que faz sexo só para agradar o parceiro ou por conveniência, sem estar nas condições adequadas, vai ter sempre o sexo associado a algo ruim e gerará traumas e lembranças dolorosas. Ninguém é obrigado a fazer sexo se não tem vontade”, esclarece a sexóloga e coordenadora do programa de estudos de sexualidade da Universidade de São Paulo (USP), Carmita Abdo.

Mais ou menos A pergunta que sempre se faz e que confunde muitas mulheres é: a ala feminina tem mesmo menos vontade de fazer sexo que os homens? “Não! Mulheres não querem menos, no entanto, exigem mais condições apropriadas para o sexo como estar bem consigo mesma, com o seu corpo, ter confiança no parceiro e estar disposta, descansada. O homem precisa de muito menos para estar pronto para o sexo. Por isso costuma-se dizer que a mulher quer menos. Não é verdade. Ela só precisa de mais estímulos”, afirma a especialista.

No levantamento do Hospital das Clínicas se verificou que é jovem a maioria das mulheres que buscam ajuda para a falta da libido, pois a mulher mais madura acha que a falta de prazer e de vontade é consequência natural do envelhecimento e deixa de buscar soluções. Um erro. Nas condições adequadas, a mulher de qualquer faixa etária pode ter sexo de qualidade.

E calma lá com o preconceito e a sensação de ser a única mulher do mundo com problemas na cama. Segundo o sexologista Théo Lerner, a literatura científica internacional estima que 30 a 40% das mulheres experimentam algum tipo de dificuldade sexual ao longo da vida.

Mulheres envolvidas em relacionamentos estáveis procuram ajuda com maior frequência, pois essas dificuldades muitas vezes geram crises dentro do relacionamento. “Mas elas costumam procurar ajuda muito tarde, quando o sofrimento já é muito intenso ou quando estão em plena crise conjugal. Quando essas mulheres consideram que dificuldades na esfera sexual são naturais e se resolvem espontaneamente, a demora para buscar ajuda aumenta ainda mais”, alerta o médico. E chama a atenção para o fato de que algumas mulheres tomam a iniciativa e vão atrás também de solução para os problemas dos maridos como disfunção erétil ou ejaculação precoce.

Não dá pra culpar o trabalho sempre, mas o papel que ele ocupa na sua vida deve ser levado em conta. Lerner lembra que, “quando a mulher passa a priorizar o trabalho em detrimento de seu próprio prazer em diferentes esferas, incluindo a sexual, existe a chance de surgirem problemas nessa área”. Estresse à parte, vale lembrar que doenças como diabetes, hipertensão e depressão também são vilões quando o assunto é sexo, por isso o estilo de vida saudável que inclui descanso, bom sono, exercícios e alimentação leve ainda é o super-herói para quem quer experimentar plena vida saudável. A dica da Dra. Carmita é não levar os problemas adiante sem resolvê-los. “Para melhorar a vida sexual a dica é resolver logo os problemas e não procrastinar, pois isso leva ao acúmulo e o que poderia ser simplesmente resolvido, vira um tremendo tormento com maiores consequências”, aconselha. Ah, vale lembrar também que sexo se faz a dois, por isso não se acanhe na hora de falar para o parceiro como e quando você se sente estimulada. Uma ajudazinha vale muito!

Fabiana Bertotti é colaboradora especial de Vida e Saúde [

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